terça-feira, 16 de outubro de 2012

COPEL - ACT 2012/13: ENTENDA O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO E O QUE HOUVE ATÉ AGORA


Em conversas com os trabalhadores, percebemos dúvidas sobre a que pode acontecer por termos recusado, na mesa de negociações, a proposta inicial da Copel.

Vamos aos fatos. Em primeiro lugar, a empresa sequer formalizou sua proposta, ainda (razão pela qual não trouxemos números e valores até agora; se a proposta não é oficial, eles podem mudar a qualquer momento).

Nas assembleias e reuniões de definição de pauta que realizamos em todo o Paraná com os copelianos, ficou clara a exigência de um aumento real de salários.

Por isso, temos o direito de recusarmos uma oferta sem aumento real, como a que temos até agora. Isso não significa, de nossa parte, que estamos encerrando as negociações.

Muito pelo contrário. Esperamos, ansiosos, que finalmente os representantes da Copel venham até a mesa de negociações para negociar, e não apenas para brandir uma série de “nãos” a cada reivindicação dos trabalhadores.

Para nós, negociar significa expor pontos de vista e argumentos para que, com boa vontade e disposição para ceder, ambos os lados possam chegar a um acordo vantajoso para todos. Não é o que aconteceu até agora. Se há inflexibilidade por parte da Copel, a negociação não evolui.

De nossa parte, não iremos, e já deixamos isso claro, assinar um acordo sem aumento real de salários e que desrespeite direitos garantidos aos trabalhadores. Infelizmente, o acordo que a Copel tenta nos impor, neste momento, não tem aumento real. Mas desrespeita seus direitos, copeliano.

Muito importante: nossa recusa à primeira proposta da Copel não significa que estejamos atravancando o processo de negociação. Muito pelo contrário, como já dissemos. Significa que esperamos que a direção da empresa tenha a humildade de perceber que está oferecendo algo muito aquém do que esperam seus empregados. E melhore sua proposta.

Também não significa que nossa negociação irá, a partir de agora, a dissídio. Não há limites para a duração de uma negociação coletiva. E, de nossa parte, reafirmamos a intenção de negociar.

Gostaríamos, muito, de que ao menos alguns colegas pudessem acompanhar a negociação coletiva, para que tivessem uma imagem mais clara de seu andamento – e da intransigência da direção, até agora. Infelizmente, mais uma vez não foi possível. A direção da empresa não permitiu.

Por fim, leia a seguir uma análise do economista Fabiano Camargo, da subseção do Dieese no Senge-PR, sobre o que a Copel ofereceu até agora, e porque há condições para que tenhamos reajuste de 8,5% (que significa um aumento real de cerca de 3% nos salários) e avanços em outras cláusulas da pauta.

“A proposta da Copel está na contramão de demais negociações realizadas este ano no Brasil, que acumulam ganho real médio de 2,23%. Se observarmos apenas o setor elétrico, veremos que a Copel também está atrás de outras empresas – os acordos coletivos do setor tiveram aumento real de 2%, em média. A Copel, lembramos, não ofereceu nenhum aumento real a seus empregados.

“Se houve queda nos lucros da Copel, vale lembrar que isso se deve ao aumento de encargos de uso da rede à elevação da energia elétrica comprada para revenda. Outros indicadores, porém, melhoraram.

“Ativo total e patrimônio líquido cresceram 5,04%. Receita operacional líquida cresceu 10,56%. Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida) aumentaram 18,52%. E não podemos nos esquecer de que o lucro histórico e recorde que a empresa teve em 2011 também faz parte do cenário da negociação em andamento.

“A empresa também não pode atribuir nenhum problema referente à MP 579 (que reduz o custo da energia no Brasil e antecipa a renovação das concessões do setor), pois, em comunicado ao mercado financeiro, afirma que será ‘uma das empresas menos afetadas pelas novas regras do setor elétrico’. Será que a empresa distorceu fatos ou suprimiu informações ao mercado? Pouco provável, já que isso é crime. Então, devemos supor que faz isso com seus trabalhadores.

“Por fim, vale lembrar que a produtividade dos trabalhadores aumentou muito nos últimos (conforme explicamos no Desbalanço Social da Copel). Isso, claro, melhorou os indicadores econômicos, financeiros e operacionais da Copel. Mas os empregados não tiveram sua parte nisso. Lembro: a Copel distribui atualmente apenas 13% da sua riqueza aos empregados, embora esse indicador já tenha chegado a 18%, em anos anteriores.

“É uma pena que uma empresa premiada que gosta de se apresentar como referência no setor continue a se esquecer de seu ‘padrão de excelência’ apenas na hora de negociar com seus trabalhadores.”

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