A Justiça Federal de São Paulo
atendeu ao pedido de um trabalhador, que entrou com uma ação contra a Caixa Econômica
Federal, solicitando que os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) sejam corrigidos pela inflação e não pela Taxa Referencial (TR).
O juiz federal Djalma Moreira
Gomes, titular da 25ª Vara Federal, determinou que os depósitos do FGTS da
conta de Douglas de Souza Augusto sejam corrigidos desde 1999 pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Segundo a assessoria de imprensa
da Justiça Federal, é a primeira decisão a favor da correção do FGTS pela
inflação no estado de São Paulo. A sentença, porém, ainda é de primeira instância
e cabe recurso.
Na ação, o requerente alegou que,
desde janeiro de 1999, a TR deixou de ser um índice capaz de conferir
atualização monetária às contas do FGTS, argumentando que a taxa não se presta
à atualização dos depósitos, pois sempre fica aquém da inflação, o que resulta
em uma redução, ano a ano, do poder de compra do capital depositado.
Procurada pelo G1, a Caixa
informou que "cumpre, integralmente, o que determina a legislação" e
que "recorrerá de qualquer decisão contrária ao Fundo de Garantia". O
banco afirma ainda que nas 48.246 ações em que já foi acionada sobre o tema,
obteve 22.798 decisões favoráveis ao fundo.
Decisões semelhantes para ações
individuais já ocorreram em outros estados. Está em análise na Justiça Federal
no Rio Grande do Sul uma ação civil pública movida pela Defensoria Pública da
União (DPU) com alcance para todo o país, que pede que a correção monetária do
FGTS seja feita pelo índice “que melhor reflita a inflação a partir de janeiro
de 1999”.
Na decisão da Justiça de São
Paulo, o magistrado entendeu que o melhor índice para a correção monetária é o
INPC, que é calculado pelo próprio Estado, por meio do IBGE, pois é um índice
que orienta os reajustes da massa salarial e de benefícios previdenciários para
preservar-lhes o valor aquisitivo.
“Ao se verificar o que representa
e como se apura a TR, facilmente se observa que este índice não se presta a cumprir
o desiderato constitucional”, afirma o juiz que ainda completa que a maneira
que a taxa é calculada “nada tem a ver com recomposição da inflação”.
Nos últimos meses, cresceu o
número trabalhadores brasileiros que começaram a buscar a Justiça em busca da correção,
embora não exista garantia de que eles possam ser bem-sucedidos. Uma decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) de março do ano passado, que considerou a TR
(Taxa Referencial) inapropriada para corrigir perdas inflacionárias de papéis
emitidos pelo governo, abriu caminho para a revisão dos saldos também do FGTS.
A questão é polêmica e deve se
arrastar por um longo período. Ministros do STF e outros juristas ouvidos pelo
G1 se dividem sobre o que vai acontecer. Todos preveem, de qualquer forma, uma
batalha jurídica por causa da posição adotada pela Corte em relação aos
precatórios (títulos de dívidas que o governo emite para pagar quem vence na Justiça
processos contra o poder público). Esses papéis, assim como o FGTS, também eram
corrigidos pela TR, mas o Supremo decidiu em março de 2013 que o índice não
pode ser usado para repor perdas da inflação.
Fonte: G1
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