terça-feira, 11 de março de 2014

POLÊMICA: o avanço de 2,3% do Produto Interno Bruto do Brasil em 2013 motivou opiniões diversas, diferentes entre si. Com exceções, agentes do mercado estavam esperando alguma coisa abaixo de 2%, o que propiciou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a oportunidade de uma alfinetada: "esses pessimistas vão ter que passar o carnaval revendo suas projeções". A oposição criticou. Aécio Neves disse que "o crescimento foi menor entre as principais economias emergentes" e Eduardo Campos usou um termo forte: "medíocre". Não foi medíocre e nem representa a sétima maravilha. Foi razoável porque nenhum crescimento acima de 2% pode ser considerado muito ruim, mesmo para um país em construção, com imensa área geográfica e considerado emergente. Serviu para evitar a queda imediata nas notas de risco dadas pelas agências de classificação e para melhorar as previsões para 2014.

SETORES: setorialmente, a economia brasileira apresentou como principal dado negativo o aumento das importações (8,4% contra um aumento nas exportações de 2,5%). Os dois setores mais positivos foram agropecuária (7%) e investimentos (6,3%). A indústria continua decepcionando e, segundo a CNI (Confederação Nacional das Indústrias), 2013 foi o pior ano desde 1950. O consumo das famílias cresceu na mesma proporção do PIB geral (2,3%) e só se manteve graças à expansão da massa salarial e baixos índices de desemprego, que, segundo os analistas, talvez não se repita em 2014. A grande surpresa foram os investimentos (+6,3%) e as expectativas continuam sendo boas para 2014, em função das obras da Copa e concessões de infraestrutura. Enfim, tudo indica, que o gargalo do país continua sendo as contas externas, que, em 2013 retiraram 0,9% de nosso PIB

PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO: salta aos olhos que o PIB brasileiro de 2013 foi muito influenciado pelas ações do governo: consumo do governo em mais 22% (bens e serviços utilizados pela União, Estados e Municípios); crédito subsidiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para bens de capital; expansão do crédito imobiliário e programas como Minha Casa, Minha Vida. A participação dos governos nos Produtos de seus países é sempre muito forte, principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Ainda para ser calculado está o custo da corrupção, extremamente alta entre nós. Sem ela, com certeza, o PIB poderia ser maior em função dos reflexos positivos em todas as áreas da economia.

2014: o crescimento acima do previsto em 2013 vai forçar a revisão das previsões para 2014. Em média, antes do anúncio oficial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as previsões situavam-se entre 1,4% e 2%. Por enquanto não se modificaram muito e foram modestas, dificilmente ultrapassando os mesmos 2%. Para manterem suas previsões baixas (Credit Suisse, 1,8%; Corretora Normura, 1,6%; MB Associados, 1,6%; Bradesco, entre 1,5% e 2%; e Itaú, 1,4%), os analistas alegaram que o "carry over" (carregamento de um ano para outro) ainda é baixo (0,7%) e "os sinais de risco ainda são muito grandes" (Sérgio Vale, MB Associados).

COMPARAÇÕES: a alta do PIB brasileiro ficou maior do que a zona do euro, México e Japão, mas menor do que China e Coréia do Sul e, ainda abaixo da média mundial, embora Índia e Rússia não tenham divulgado os seus dados. Dados divulgados nas redes sociais informam que o Brasil foi a quarta economia do mundo em crescimento, o que não é verdade. Mesmo aqui na América Latina, depois de divulgados os dados de todos os países, veremos alguns deles com crescimentos maiores. De qualquer forma, a surpreendente performance do último trimestre de 2013 foi suficiente para colocar o país acima de 2%, algo pequeno para o tamanho do Brasil, mas também nenhum desastre como querem alguns "pessimistas".

OUTRO LADO: Afonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central: "Suponha que as políticas econômicas não conduzam a estímulos para a economia crescer, não removam riscos, não permitam aumento de produtividade, não tenham indução a investir em infraestrutura, não tragam mais poupança interna para atrair mais capital. Há um conjunto de erros de política econômica que tira o estímulo ao crescimento. Nós estamos com uma taxa de investimento que gera crescimento de 1,5% a 2%, e não existem estímulos para o investimento crescer mais. Há risco de racionamento de energia, de custos que vem da infraestrutura insuficiente, de fazer lá na frente uma boa subida de taxa de juros para tirar essa inflação de 6%, de ter que aumentar impostos para elevar esse superávit primário. Isso deixa qualquer empresário com as barbas de molho. Eu não vejo motivo para comemoração, é um crescimento medíocre". (Estadão, 28-02).

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque entraram em greve e ocuparam a fábrica. Reivindicações: a) redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias; b) equiparação salarial com os homens (elas ganhavam 1/3 do que eles ganhavam); c) melhor tratamento e melhores condições de trabalho. A greve foi sufocada, as grevistas foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. 130 trabalhadoras perderam a vida, carbonizadas. Em 1910, na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março seria o "Dia Internacional da Mulher", mas somente em 1975 a ONU (Organização das Nações Unidas) oficializou a data. A UGT (União Geral dos Trabalhadores do Brasil), por seu presidente Ricardo Patah e todas as companheiras da Secretaria da Mulher, comandada por Cássia Bufelli, comemorou a data e promoveu manifestações.

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