quarta-feira, 7 de maio de 2014

69% das pessoas não sabem valor dos juros

Uma pesquisa inédita no mercado financeiro mostra que 69% dos brasileiros que costumam entrar no cheque especial não sabem quanto pagam de juros. Entre aqueles que pagam juros no cartão de crédito, 66% não sabem, exatamente, as taxas que são cobradas pelas operadoras. Esses são os resultados mais alarmantes da pesquisa realizada pela Ilumeo, em parceria com Ricam Consultoria, com o objetivo de entender  o comportamento dos brasileiros em relação às suas finanças pessoais. O estudo também descobriu que 32% das pessoas que têm alguma dívida, nem sequer planejam em quanto tempo pretendem quitá-la.

O estudo foi realizado por meio de metodologia online (de 16 a 17 de abril) levantando a opinião de 1.155 brasileiros com idade entre 18 e 60 anos, das classes A, B e C, de 255 municípios situados em todas as regiões brasileiras. A pesquisa foi coordenada por Otávio Freire, diretor da Ilumeo e professor de marketing da Universidade de São Paulo (USP), e por Ricardo Amorim, economista e diretor da Ricam. "Não conheço ninguém que compra um produto sem saber quanto custa, mas a maioria das pessoas faz exatamente isto, quando se endivida. Pelo efeito dos juros compostos ao longo do tempo e das elevadas taxas de juros brasileiras, muitas delas acabam em dificuldades sérias", explicou Ricardo Amorim.

Uma série de outras informações levantadas pela pesquisa, sobre esferas da vida financeira da população, também indicam que ainda há um despreparo do brasileiro em relação ao assunto. Não existe um planejamento antecipado das finanças, muita gente compra por impulso e coloca no cartão de crédito em várias parcelas, sem perceber que, desta maneira, acaba endividando-se e comprometendo o seu orçamento familiar. E existem, ainda, casos em que as pessoas gastam mais do que ganham, o que acaba gerando uma elevação da inadimplência.

PRÁTICA FINANCEIRA
Comportamentos cotidianos simples, que impactam diretamente a saúde financeira das pessoas, ainda são um entrave para muitos entrevistados. Ao contrário do que indicam especialistas, apenas 32% das pessoas anotam todos os seus gastos; 36% anotam somente as maiores compras e 32% nunca anotam nenhum de seus gastos. Por outro lado, a pesquisa revelou que 69% delas gostariam de anotar suas despesas para ter maior controle no dia a dia. "Como existe uma distância grande entre intenção e comportamento, quanto mais fácil e intuitivo for o processo de anotação (aplicativos, lembretes no celular, dentre outros) mais tendem a crescer as práticas conscientes sobre os próprios gastos", destacou Otávio Freire, diretor da Ilumeo.

A dinâmica familiar é um ponto relevante na definição dos comportamentos financeiros. Apesar de 88% dos entrevistados casados declararem que conversam com os parceiros sobre finanças familiares, 71% consideram que a organização de orçamento da casa é centralizada em apenas uma pessoa. Outro ponto interessante da relação entre os casais é que nem todos eles têm o mesmo plano com relação ao que fazer com o dinheiro que sobra no fim do mês. Afinal, 63% deles acreditam que têm os mesmos planos que os parceiros para uso destes recursos; 13% não sabem quais são os planos do parceiro; e 24% acreditam que os planos do outro são diferentes dos seus.

INVESTIMENTOS
A poupança é, disparado, a forma de investimento mais conhecida (95%), seguida pela previdência privada (66%). Apesar de 59% comentarem que já ouviram falar sobre o mercado de ações, apenas 3% declararam já ter investido na Bolsa de Valores. "As pessoas abrem mão de rentabilidades mais altas, em função da familiaridade e segurança da poupança. Ao longo do tempo, esta escolha acaba reduzindo, e muito, o valor dos investimentos", ressaltou o economista Ricardo Amorim. O estudo mostrou, ainda, que 43% dos entrevistados afirmaram nunca terem ouvido dicas ou orientações sobre educação financeira. Entre aqueles que já ouviram alguma, televisão (48%) e sites (28%) são meios considerados relevantes.
07/05/2014 por Jornal O Estado 

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