quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

UGTpress: TRABALHO INFANTIL E ESCRAVO

PRODUÇÃO CARA: reportagem na Folha de São Paulo (20/08) mostrou como é caro produzir no Brasil , um dos principais problemas de nossa falta de competitividade. Em comparação, por exemplo, com os Estados Unidos, aqui fica 23% mais cara a produção de artigos industriais. O estudo é da The Boston Consulting Group (BCG) e abrangeu os 25 principais países exportadores. Não só os custos americanos são menores, também nossos custos estão maiores do que os custos chineses, indianos, mexicanos e russos. Como sempre, os técnicos alegam que os nossos custos sobem sem o correspondente aumento de produtividade. Alguns apontam também os impostos e os encargos sociais. A produtividade cresceu apenas 1% no período analisado e todos são unânimes em dizer que um ligeiro esforço para uma maior produtividade anularia os custos trabalhistas. A qualidade da escola brasileira, aliada à falta de ensino técnico ou profissionalizante, acarreta a distorção.
TRABALHO INFANTIL ESCRAVO: a luta contra o trabalho forçado e a escravidão de crianças na Índia fez com que o ativista Kailash Styarthi ganhasse o Prêmio Nobel da Paz. As informações internacionais dão conta de que na Índia existem quase 15 milhões de pessoas vivendo em condições desumanas. Manan Ansari, um menino que foi resgatado pela ONG de Kailash, hoje com 18 anos e fazendo o curso de direito em Nova Délhi disse: “Kailasch é meu pai, um homem de grande alma. Graças a ele fui resgatado, mas as condições das minas não mudaram. O mundo precisa fazer alguma coisa, porque toda criança deve ir para a escola e ter amor” (Estadão, 23/11). O Brasil é o 143º país da lista referente ao predomínio da escravidão. Progredimos muito nas últimas décadas. O próprio Kailash declarou: “Estima-se que o tráfico de pessoas movimente US$ 150 bilhões no mundo. Não se trata de um problema regional. Governos, empresários, ativistas, homens da lei, todos temos de nos unir para libertar o mundo da escravidão moderna. O número de crianças que trabalham pode chegar a 190 milhões em 2020. Sugiro um pacto por um mundo livre do trabalho infantil e da escravidão. Temos de ser incansáveis nessa luta”. (Estadão, 23/11).
OMC: a Organização Mundial do Comércio, presidida pelo brasileiro Roberto Azêvedo, recebeu um incentivo, alguns dizem que foi ressuscitada, em função de um acordo entre a Índia e Estados Unidos. Roberto comemorou e disse que a instituição está de volta ao jogo. Mas, o grande impasse é ainda a Rodada de Doha, lançada em 2001. Tratar dos subsídios agrícolas ou da abertura dos mercados emergentes tem sido difícil. Contudo, houve certo otimismo quando a OMC fechou o seu primeiro acordo em 20 anos, estabelecendo metas de redução da burocratização das exportações. “O trabalho começa agora”, disse Azêvedo. Ele sabe que precisa restabelecer a credibilidade da instituição e que isso passa pela recuperação do acordo de Doha.
VAMOS COMPRAR MENOS? a economia em 2015 continua sendo uma incógnita e a nova equipe econômica, divulgada, porém não confirmada, deverá ter muito trabalho pela frente. As perspectivas são de que haverá ajuste gradual, mantendo-se as ajudas sociais. Anunciaram 1,2% de superávit primário, o que alguns economistas julgam insuficiente para a volta da credibilidade e dos investimentos. O desempenho do Produto Interno Bruto brasileiro no último semestre do ano mostra uma desaceleração nas compras das famílias. O economista Nilson Teixeira, do Crédit Suisse, em entrevista no Estadão (28/11), afirmou: “A desaceleração do consumo das famílias [destaque do PIB], o que vem ocorrendo desde 2012. Não de uma maneira monotônica, mas tem desacelerado. Até o primeiro trimestre de 2014 vinha num crescimento acima de 2% comparado com o mesmo trimestre do ano anterior. Já no segundo trimestre, teve declínio de cerca de 1%. E, agora, foi muito próximo a zero. Quase uma estabilidade ante o mesmo trimestre do ano passado, e um declínio ante o trimestre anterior”. Ele crê que essa desaceleração continuará a ocorrer em 2015. Não é boa notícia.
ATUALIDADES: terminou o campeonato brasileiro de futebol. Constatações: a) depois da Copa do Mundo, onde demos vexame, o futebol praticado comparado ao visto nos novos estádios, chega a ser ridículo, peladeiro e de má qualidade. Alex, do Coritiba, o nosso último camisa 10 de respeito, afirmou que sua maior dificuldade ao voltar ao Brasil foi se adaptar ao péssimo futebol praticado; b) muitos locais onde foram construídas obras suntuosas (novos estádios para a Copa), estão sem times na elite do futebol brasileiro e é de se perguntar o que faremos com grandes estádios, mas sem possibilidades de utilizá-los; c) Santa Catarina, espremida entre os grandes do Rio Grande do Sul e Paraná, emerge como novidade. Sem os mesmos recursos financeiros de outros centros, jogando a última rodada com jogadores novos, mostrou renovação e competência administrativa; d) o nordeste tem somente um time na elite (Sport), viu os dois grandes da Bahia caírem e continua sem perspectiva; e) o Rio de Janeiro recuperou o Vasco, mas perdeu o Botafogo e segue em crise; f) São Paulo voltou com a Ponte Preta, mas quase perdeu o Palmeiras, sendo considerado estável; g) Paraná e Rio Grande do Sul podem também ser considerados estáveis, embora o Coritiba tenha sido salvo pelo Alex; h) a corrupção, presente em todas as atividades nacionais, provavelmente faz parte do dia a dia dos clubes, a maioria altamente endividada e sem justificativa para altos salários e negócios prá lá de suspeitos (o caso Neymar é emblemático); i) a CBF com muito dinheiro, ainda se salva com os jogadores que atuam fora do Brasil. É de se prever uma gradativa má qualidade também da Seleção Nacional de Futebol; j) as causas dessa situação de crise são muitas e vão desde leis retrógradas, falta de investimento na base, administrações perdulárias e sem transparência, especulação imobiliária (a ganância não deixa espaço para praças esportivas) e incompetência pura e simples (o maior exemplo é o Palmeiras, com estádio novo e belíssimo, presidente rico que investiu mais de 100 milhões de reais, comprou 37 jogadores e formou um time medíocre); os clubes de Minas Gerais foram os que melhor se adaptaram às atuais fórmulas, sagrando-se campeões da Copa Brasil (Atlético) e Brasileirão (Cruzeiro). Nem o futebol se salva mais neste país.

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