terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

UGTpress: PERIGOS IMINENTES

QUEDA DE VAGAS: o mercado de trabalho tem piorado muito. Em 2014, a criação de vagas foi a pior desde 2003, primeiro ano de Lula à frente do governo. O recorde, também de Lula, ocorreu em 2010, quando foram criadas 2,5 milhões de vagas. Em 2014 o Brasil não atingiu 400 mil vagas, seis vezes menos do que em 2010, ano eleitoral e que ajudou a catapultar Dilma Rousseff para o Palácio do Planalto. Os números da economia brasileira em 2014 são preocupantes e as perspectivas para 2015 e 2016 não são promissoras. Dilma, após a vitória e tendo que se desdizer em quase tudo, silencia.
CONTAS EXTERNAS: os resultados das contas externas brasileiras em 2014 são também os maiores em 13 anos: déficit de 90 bilhões de dólares. Os itens que mais pesaram no déficit foram o mau resultado da balança comercial, as remessas de lucros e dividendos, os gastos com as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos. Do outro lado, a queda de preços das commodities ajudou a complicar o quadro. Prevê-se que já em janeiro de 2015 o déficit da balança de pagamentos fique em torno de 10 bilhões de dólares. Nos últimos anos, o déficit vinha sendo financiado pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que em 2014 chegou a pouco mais de 60 bilhões de dólares. A conta não fecha e o país vem perdendo reservas.
DESIGUALDADE, CONCENTRAÇÃO DE RENDA E DESEMPREGO: não precisa ser muito inteligente ou economista para saber que as consequências de um estado de crise altera o panorama da desigualdade (no Brasil ela parou de cair e, nos Estados Unidos, aumenta desde 2000), há maior concentração de renda (os últimos estudos da OIT mostram que 1% da população mundial detém 50% do PIB do planeta) e o desemprego aumenta (também estudos da OIT dizem que o desemprego vai aumentar no mundo até 2019). Guy Ryder, no Fórum Econômico de Davos, afirmou: "Se você quiser saber exatamente o custo da crise, posso responder: ela custou 61 milhões de postos de trabalho. E o desemprego continuará aumentando até o fim da década e isso significa que a crise não terminou".
EMPREITEIRAS: não foi uma surpresa quando os resultados da Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF) alcançaram os malfeitos (expressão da presidente Dilma Rousseff) das empreiteiras brasileiras, um grupo que está entre as maiores do mundo. Fizeram-se graças à promiscuidade entre elas e o Estado brasileiro, algo que vem de longe, desde a Era Vargas. Agora, os órgãos fiscalizadores estão queimando os seus precários neurônios para encontrar uma fórmula para salvar a todas e, de resto, aos envolvidos, não menos de 500 pessoas nesse emaranhado de favores, distribuição de propinas e cooptação de parlamentares. Estão envolvidas nos escândalos da Petrobrás, mas se procurar mais a fundo vão ser encontrados problemas semelhantes em outros programas governamentais e com o aparecimento de outras empresas. Nada está imune e, parece, não há transparência em nenhum de nossos governos, desde os municípios, passando pelos estados e chegando à União. Paulo Feldmann, professor de economia da USP, escreveu um bom artigo na Folha, em 23 de janeiro e disse: "Como fazer desse limão uma limonada? Ora, em primeiro lugar punindo as empresas criminosas e proibindo-as de atuar por um bom par de anos em obras públicas. Para isso, deveremos liberar a atuação das empreiteiras estrangeiras no Brasil. Existem empreiteiras extremamente competentes em países como EUA, Reino Unido, Alemanha e Japão, mas que raramente foram permitidas de atuar no Brasil".
ATUALIDADE: muito tem se falado sobre o arranjo entre o ditador da Guiné Equatorial (Teodoro Nguema Obiang) e a Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis. Certamente, algo que passou pelo crivo de empreiteiras que atuam naquele país. Beija Flor foi agraciada, segundo a Folha de São Paulo, com valores que oscilam entre 5 e 10 milhões de reais. É simples: em um país onde a ética é desprezada de cima abaixo, não surpreende fato como esse. Não é de hoje que o carnaval é patrocinado pela contravenção.

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