terça-feira, 14 de abril de 2015

UGTpress: NOTÍCIAS RUINS

NOTÍCIAS RUINS: quando a situação econômica desanda e fica péssima, falta credibilidade ao governante e, o responsável pelo ajuste, sai por aí falando bobagens desnecessárias, há um festival de notícias ruins. A última grande e péssima notícia veio de um renomado economista, Marcos Lisboa, que trabalhou com Lula no início do governo e é vice-presidente do Insper (Instituto de Ensino e /Pesquisa), uma organização sem fins lucrativos. Disse ele: "Eu acho que o Brasil corre o risco de, escapando da crise aguda, viver muitos anos de baixo crescimento. O estrago que foi feito na produtividade é imenso. As pessoas estão muito preocupadas com a corrupção. A corrupção é a franja do problema. O estrago que a política nacional-desenvolvimentista fez na Petrobrás é incomparavelmente mais grave do que os números apresentados até agora pela corrupção. Não estamos falando de alguns bilhões de reais, mas talvez de centenas de bilhões de reais". (Estadão, 29/03). Em outras palavras, o que ele está dizendo é que o Brasil, além de experimentar em curto prazo falta de crescimento, no longo prazo terá baixíssimo crescimento. Estaríamos novamente diante de outra década perdida?

CRESCIMENTO NEGATIVO: a expressão "crescimento negativo", por si só, é polêmica e imperfeita. Mas, de tanto ser repetida, nos acostumamos a ela. Essa é a perspectiva do Brasil para 2015 e, talvez, também para 2016. Optamos pelo pior dos caminhos: ajuste fiscal sobre as forças produtivas, incluídos aí, os trabalhadores, que vaõ perder postos de trabalho e ter os salários reduzidos pela inflação e pela desvalorização do real. O caminho viável, nunca seguido no Brasil, seria baixar os impostos, melhorar o perfil dos encargos sociais e ajustar a máquina estatal, economizando com a racionalização dos serviços públicos e ganhando fôlego para o futuro. Há outros caminhos possíveis, mas, infelizmente, o governo não tem credibilidade para implementá-los. Um deles, o velho e desacreditado pacto social, onde todos os agentes econômicos contribuiriam e, em curto prazo, seriam beneficiados pela recuperação econômica.
PIADA: tem razão o juiz Sérgio Moro quando afirma que "é uma estranha inversão de valores" (Estadão, 29/03) culpar a Polícia Federal, a Procuradoria da República e a Justiça Federal pela situação da Petrobrás. O juiz, segundo o jornal O Estado de São Paulo,, "usa os autos para defender Lava Jato". Lava Jato é o nome escolhido pela Polícia Federal para caracterizar o início das investigações, até então simples transferência de dinheiro efetuada por doleiros. Mas, no Brasil, é assim mesmo: se puxar o fio de qualquer meada, espocam novidades em todas as latitudes. A corrupção está entranhada de alto a baixo no sistema público e privado. Em outras palavras, já há gente acreditando que seria melhor continuar os roubos do que dar fim ao esquema. Dizem, assim não haveria quebras, dispensa de trabalhadores ou perda de dinheiro público com longas investigações. É a velha piada do sofá: há traição na sala, saca-se o sofá da sala.
OUTRA PIADA: há fortes indícios apontando para fraudes ou, no mínimo, irregularidades nos pedidos de recuperação judicial por parte de empresas envolvidas nos esquemas de corrupção. Em geral, empresas ricas, com vastas redes de operações em vários países, patrimônios incalculáveis e muito caixa (drenaram recursos públicos e das estatais por décadas seguidas), circunstâncias capazes de torná-las imunes às grandes crises. Utilizam-se dos expedientes legais para dizerem "olha o que vocês estão fazendo, não posso pagar os credores e tenho de dispensar os trabalhadores, o país parou de crescer, etc." É um forte mecanismo de pressão que os meios de comunicação, exaustivamente, estão repetindo. Até órgãos fiscalizadores estão oferecendo soluções que apontam caminhos intermediários, aqueles que comportam soluções paliativas e vão, com certeza, garantir a impunidade dos envolvidos. A velha frase aqui cabe bem: "seria cômico se não fosse trágico".
ARMADILHA TRIANGULAR: crescem as especulações sobre as armadilhas que rodeiam a presidente Dilma Rousseff: a) nomeou o Levy para fazer o ajuste fiscal e agora não pode demiti-lo; b) é refém do pior trio do PMDB: Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros; e c) não tem como escapar da sombra de Lula e da força dos movimentos sociais. Há controvérsias e são polêmicas afirmações desse tipo, pois: 1. Levy foi nomeado para isso mesmo; 2. a aliança com o PMDB foi uma escolha do Lula lá atrás e o partido vem funcionando como poder moderador, porém insaciável em seu apetite por mandos e desmandos; e 3. Lula é o criador e Dilma a criatura, todos sabem. Os movimentos sociais são representações da sociedade democrática. Mas, de fato, cresce a sensação de que a presidente tem poucas saídas. 
FÓRUM SINDICAL DAS AMÉRICAS: no último dia 9 de abril, na Cidade do Panamá, ocorreu o Fórum Sindical das Américas, elegendo como tema central "As Américas que queremos", naturalmente com "democracia, justiça e inclusão social; com paz, soberania e autodeterminação; com desenvolvimento sustentável e trabalho decente!" As organizações brasileiras filiadas à CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas) -- CUT, CNPL, FS e UGT -- estiveram presentes. Iniciativa da CSA que contou com as presenças do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e do diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Guy Ryder. Ao final do encontro, Victor Báez Mosqueira, secretário-geral da CSA, entregou documento com os resultados do Fórum para Luis Almagro, secretário-geral eleito da OEA (Organização dos Estados Americanos).
OS CEM DIAS DE DILMA: sem concretar o ajuste fiscal, os primeiros cem dias do novo governo de Dilma Rousseff parecem ser os mais opacos e sem brilho da história recente do país. No curto período substituiu ministros e fez do vice-presidente Michel Temer figura destacada do governo, a ponto de a imprensa começar a chamá-lo de primeiro-ministro. A percepção, nesses primeiros cem dias é que o maior aliado de Dilma continua sendo a debilidade e falta de credibilidade de seus eventuais sucessores, a saber: Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski. Dilma precisará encontrar forças para sair da crise e dar a volta por cima.  

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