sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cunha diz que Dilma mentiu ao negar negociação sobre impeachment

O presidente convocou sessão extraordinária para a próxima segunda, às 18 horas,
para eleger a comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment de Dilma

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta quinta-feira (3) que a presidente Dilma Rousseff mentiu ao negar a negociação do pedido de impeachment em seu pronunciamento na quarta-feira (2).

Em entrevista coletiva, Cunha relatou um encontro que o deputado Andre Moura (PSC-SE) teria tido com Dilma e o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Segundo o presidente da Câmara, no encontro, Dilma teria barganhado a aprovação da CPMF pelos parlamentares em troca de votos do PT pelo não prosseguimento do processo de cassação de Cunha, em andamento no Conselho de Ética.

“Ela [Dilma] mentiu à Nação quando fez o seu pronunciamento. E ela mentiu quando disse que o seu governo e ela não autorizavam qualquer barganha. Ontem pela manhã, o deputado [Andre Moura] esteve com a presidente da República, que quis vincular apoio dos deputados do PT à aprovação da CPMF. A barganha veio sim, proposta pelo governo, e eu me recusei a aceitar a barganha”, afirmou Eduardo Cunha.

O presidente disse só ter falado sobre o caso após obter autorização de Andre Moura. Segundo Cunha, não existe guerra entre ele e o governo. O que haveria seria uma incapacidade do Poder Executivo.

Extraordinária
Eduardo Cunha anunciou ainda a convocação de sessão extraordinária, na próxima segunda (7), às 18 horas, para eleger a comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment de Dilma. O presidente da Câmara disse ter cumprido seu papel constitucional ao decidir na quarta-feira (2) sobre o pedido, que se baseou em crime de responsabilidade fiscal. “Os fatos não precisam ser os fatos de corrupção. A aceitação do pedido se deu pela tipificação dos decretos que afrontaram a lei orçamentária de 2015”, explicou.

Na contramão, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) confirmou que entraria ainda nesta quinta-feira com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão de Cunha de aceitar o pedido de abertura do processo de impeachment. Na visão de Damous, o presidente da Câmara agiu motivado por interesse pessoal.

“É um ato abusivo. Ele [Cunha] está praticando esse ato em retaliação a uma decisão da bancada do Partido dos Trabalhadores, que resolveu orientar seus representantes no Conselho de Ética para votar a favor do prosseguimento da representação contra o senhor Eduardo Cunha”, afirmou Damous.

Cunha negou ter agido por interesse pessoal. Ele disse que sua decisão já deveria ter sido anunciada na segunda passada (30).

Cancelamento do recesso
Líderes da oposição, como Arthur Oliveira Maia (SD-BA) e Carlos Sampaio (PSDB-SP), defendem agora o cancelamento do recesso de fim de ano do Congresso. “Está em jogo um processo de impeachment, que propõe o afastamento da presidente Dilma pela prática de crime de responsabilidade. É evidente que não pode ter férias e que o recesso não pode sequer começar”, opinou Sampaio.

Sobre isso, Eduardo Cunha afirmou que vai esperar a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, uma vez que se trata de uma decisão a ser tomada em conjunto pelos dois.
Fonte: Agência Câmara

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