quarta-feira, 24 de agosto de 2016

UGTpress - CONFIANÇA E DESCONFIANÇA: O CASO RYAN LOCHTE

CONFIANÇA"confiança é o ato de confiar na análise se um fato é ou não verdadeiro" (Wikipédia). Confiar na versão de um fato implica em diversas situações que formam o julgamento ou a percepção pessoal e coletiva sobre circunstâncias diversas. Em termos coletivos, a análise e a avaliação são mais complexas, em geral não refletindo o todo, mas indicando opiniões médias ou de maiorias. Entre os fatores que determinam o grau de confiança estão os aspectos culturais e históricos. Ou seja, tanto para as pessoas como para as instituições, valem as experiências passadas. Essas experiências determinam o padrão de comportamento esperado e, naturalmente, o grau de confiança depositado. A velha sabedoria mostra que para construir uma reputação se leva anos, mas para destruí-la bastam alguns minutos.
 
CRISE DE CONFIANÇA"sentimento coletivo de insegurança em relação ao futuro, gerando crenças ou expectativas de um acontecimento de natureza política ou econômica" (Wikipédia). Não há necessidade de citar alguns acontecimentos que construíram poderosas crises de confiança em todo o mundo. No Brasil, são tantos os exemplos e a última está em pleno andamento, decorrência da corrupção endêmica, descrédito dos partidos políticos, desqualificação dos agentes públicos e outras mazelas correlatas. Nas cidades, a violência dita o tom de desconfiança. No Rio de Janeiro, especialmente, a violência é cotidiana e tão persistente que todos acreditam em qualquer relato sobre os crimes praticados. 
 
O CASO RYAN LOCHTE: Bruno Garschagan, de O Globo, foi enfático: "o crime de roubo no Rio de Janeiro (e no país como um todo) tornou-se algo tão banal que não houve surpresa inicial ou desconfiança em relação à história dos nadadores. Sendo assim, os americanos foram mais uma das vítimas a entrar nas estatísticas que transformaram o Rio num lugar mais perigoso do que a Síria, que está em Guerra Civil". Basta dizer que, em 2015, houve 42% mais de assaltos em relação ao ano anterior (9.968 roubos, quase 30 por dia notificados). Enfim, moradores e estrangeiros acham que a violência é parte da rotina da cidade. Essa situação de descalabro (que tende a aumentar se nada for feito) propiciou a Ryan Lochte e seus companheiros a desculpa perfeita para evitar que fossem descobertos. Pensaram que ninguém duvidaria da versão fantasiosa que criaram. Caíram do cavalo porque não tiveram sorte e a polícia brasileira costuma ser eficiente em casos de repercussão.
 
IMPRENSA ÓBVIA: em função da imagem brasileira no exterior, imediatamente após a declaração do nadador americano Ryan Lochte de que havia sido roubado, toda a imprensa internacional, principalmente a americana, comportou-se como se o fato fosse absolutamente verdadeiro. Fatores extraordinários, principalmente uma reportagem da Reuters, começaram a mostrar inconsistências na versão do nadador americano, levando, em poucos dias, à total desmistificação do fato e revelando a grave mentira. A verdade prevaleceu. Enquanto a verdade não aparecia totalmente, a imprensa internacional, especialmente a americana, fez comentários extremamente negativos sobre a cidade e o país. Certamente, o pré-julgamento, inclusive dos brasileiros, foi motivado por uma situação de elevada desconfiança.
 
FIM DOS JOGOS OLÍMPICOS: o caso terminou bem para o Brasil, mas não se pode dizer que todos os jogos foram uma perfeição e que não houve dissabores. A começar pelo roubo do material de televisão dos alemães (encontrados magicamente) até alguns problemas operacionais patéticos (a água turva da piscina, a queda da câmera de televisão) houve sim problemas. Contudo, no balanço final, considerando as dificuldades da cidade e do Brasil, os jogos olímpicos foram bons e o país mais ganhou do que perdeu com eles. Foram dois grandes eventos (Copa do Mundo e Olimpíadas), um perto do outro, com alto grau de visibilidade externa. Mostramos mais coisas boas do que ruins e o balanço foi positivo. Agora, resta ao Rio de Janeiro aproveitar o legado das Olimpíadas e fazer prevalecer a sua vocação irresistível para o turismo. Avante Rio!

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