terça-feira, 21 de novembro de 2017

Avanço na escolaridade não garante igualdade salarial a negros, diz Dieese

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro desde 2003, foi marcado por homenagens a Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra à escravidão no Brasil colonial. A data, que faz referência à sua morte, em 1695, representa, no plano simbólico, a luta dos negros contra a discriminação e por direitos violados.

Atualmente, apesar dos avanços obtidos na inserção social da população negra, estudo sobre a inserção desse contingente no mercado de trabalho – divulgado semana passada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – aponta que o abismo que separa negros e não-negros ainda é muito grande.

O levantamento mostra que, “de modo histórico, a população negra se mantém sobrerrepresentada entre os desempregados, em todas as regiões”. Além disso, a diferença salarial entre os que possuem nível universitário, por exemplo, aumentou. A cada R$ 1.000,00 ganhos por um trabalhador não-negro, os negros, com mesma escolaridade, ganham R$ 650,00 na região metropolitana de São Paulo.

A Agência Sindical conversou com César Andaku, economista do Dieese e coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego. Segundo ele, houve um avanço na formação da população negra, mas a realidade do mercado de trabalho continua a mesma.

“As políticas públicas de Cotas, o Fies e o Prouni melhoraram as condições para formação superior da população negra. Isso, no entanto, não significou um crescimento substancial nos salários desse seguimento. As desigualdades permanecem”, afirma o economista.

A diferença se deve à baixa presença de negros em cargos de chefia. Segundo o estudo, há obstáculos a serem enfrentados por trabalhadores negros: “O de alcançar o ensino superior e, mesmo quando isso acontece, o de progredir na carreira profissional”.

Desemprego - O impacto da crise econômica é sentido mais pela população negra, como comenta César: “As taxas de desemprego para os negros são maiores, tanto para o homem, quanto para a mulher, na comparação com não-negros”.

César Andaku ressalta ainda que as mulheres negras são as que mais sofrem com o desemprego, desigualdade de vencimentos e progressão na carreira. “O estudo destaca a maior proporção de homens negros na construção civil e de mulheres negras nos serviços domésticos, inserções, em geral, mais precárias e de menores rendimentos”, explica.
Fonte: Agência Sindical

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