quarta-feira, 27 de junho de 2018

Desalento cresce rápido, com mercado de trabalho em desaceleração

O desalento com o mercado de trabalho - que representa as pessoas que desistiram de procurar emprego - bateu recorde no início do ano. No primeiro trimestre, atingiu 4,1% da força de trabalho, ou 4,6 milhões de pessoas. Significa um aumento de 511 mil no período de um ano. Os dados são da Carta de Conjuntura do Ipea, que mostra ainda uma perda de dinamismo no ritmo de recuperação do emprego, "dando margem a dúvidas quanto ao ritmo e à qualidade dessa recuperação".

De acordo com os dados da PNADC/ IBGE, após apresentar um aumento no primeiro trimestre de 2018, em relação ao observado no último trimestre de 2017, a taxa de desocupação voltou a desacelerar em abril e se mantém praticamente estável nos últimos meses, em torno de 12,5%, o que reflete na desaceleração do crescimento da população ocupada.

"Essa acomodação da taxa de desemprego é explicada, sobretudo, pela desaceleração no ritmo de crescimento da população ocupada (PO). De fato, a taxa de crescimento da PO passou de 2,1% no trimestre móvel encerrado em janeiro, ante igual trimestre do ano anterior, para 1,7% em abril. Na análise, com ajuste sazonal, a população ocupada está praticamente estável desde o início de 2018", diz o Ipea.

Segundo a Carta de Conjuntura, embora na comparação interanual o número de desocupados esteja recuando, desde o fim de 2017, aumentou o tempo de permanência no desemprego.

Apesar de registrar queda em dois trimestres consecutivos, o número dos trabalhadores que se mantiveram desocupados durante o primeiro trimestre de 2018 voltou a crescer, atingindo o maior patamar da série. Dados do IBGE mostram também que vem crescendo a proporção de trabalhadores que espera mais de dois anos procurando por um emprego. Em 2015, o percentual era de 17% e saltou para 23% no primeiro trimestre de 2018.

O desalento, por sua vez, cresceu em 2018. A análise do instituto mostra que isso aconteceu por causa de uma transição maior de trabalhadores que saíram da ocupação e migraram para o desalento, não passando ou ficando pouco tempo na desocupação.

Desalentados são os trabalhadores que não procuram emprego, mas poderiam trabalhar e aceitariam a vaga se alguém oferecesse. Em geral, são pessoas que não procuram porque acham que não conseguiriam obter emprego.Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

Segundo o levantamento, o desalento cresceu no primeiro trimestre a partir de pessoas que perderam mais recentemente seus empregos. Existem duas hipóteses: uma pessoa foi demitida e tornou-se imediatamente desalentada, sem sequer tentar buscar emprego; ou o trabalhador deixou o emprego, ficou menos de três meses procurando uma vaga e desistiu.

Mesmo se for esse o caso, são pessoas que ficaram curto período no desemprego, reportando, logo em seguida, que não estão mais buscando por considerar ter poucas chances de sucesso.

"Logo, isso não condiz com a hipótese mais natural de que o desalento seria alimentado por um influxo de pessoas que passam um longo período no desemprego. Sendo assim, os microdados da Pnad Contínua permitem que se descarte essa hipótese", avalia a nota.

Do Portal Vermelho, com Ipea
Fonte: Portal Vermelho

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