terça-feira, 7 de agosto de 2018

UGTpress: O FUTURO DA EMBRAPA

COMO NASCEU: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nasceu em 26 de abril de 1973, em plena ditadura militar, sob o governo Médici, tendo como ministro da Agricultura o gaúcho Cirne Lima. Contudo, o seu desenvolvimento veio depois com o governo de Ernesto Geisel e o ministro Alysson Paulinelli. Geisel chegou em 1974 e mandou chamar Paulinelli, então recém-saído da Universidade Agrícola de Lavras, que ocupava a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais. Paulinelli foi claro e disse que a agricultura brasileira só sairia da fase do extrativismo se promovesse uma revolução tecnológica. Geisel teria dito: “vamos fazer essa revolução!”. E convidou o jovem Paulinelli para seu ministro da Agricultura.

CUSTOU CARO: consta que a verba inicial de 200 milhões de dólares serviu para buscar os recém-formados (mais de 1500) das universidades brasileiras, enviando-os para fazer doutorado nas melhores universidades mundiais (Estados Unidos, França, Espanha, Índia, Japão, Inglaterra, etc.). Assim começou a maior revolução agrícola já feita na América Latina, sepultando 500 anos de extrativismo e atraso. Jovens aguerridos e sem vícios voltaram e foram trabalhar em muitas regiões brasileiras, fazendo pesquisas, testes e experiências. Para se ter uma ideia do impacto, basta dizer que a revista Time elegeu Paulinelli como um dos futuros líderes do mundo.

QUASE MEIO SÉCULO: nesses 45 anos de existência, a Embrapa é uma empresa de sucesso e preocupação. Sucesso nos seus primeiros 30 anos de existência, período em que ajudou o Brasil a se transformar numa potência agrícola, e preocupação nos últimos 15 ou 20 anos quando, a exemplo de outras estatais, aumentou demasiadamente o seu quadro de funcionários e não produziu nenhum feito científico de envergadura, “vivendo dos louros do passado”, conforme expressão de Blairo Maggi, cuja credibilidade também não é das melhores. Reportagem do Estadão, no início deste ano, informou que cerca de 85% do orçamento da Embrapa é gasto em pagamento de funcionários (quase 10 mil) e somente 3%, aproximadamente, é aplicado em novas pesquisas. Alguns funcionários, pesquisadores, como foi o caso de Zander Navarro, começaram a criticar a estatal, pedindo o retorno às suas origens. Navarro foi demitido de suas funções (Estadão - 21/01/2018).

DESTRUIÇÃO DO BOM: esse governo irresponsável que tomou conta do Brasil recentemente e tem promovido uma farra com o dinheiro público, está cortando os orçamentos das boas empresas nacionais, quando não, privatizando totalmente suas atividades. A Embrapa já fechou unidades em território nacional e alguns importantes centros de pesquisa. Em 2018 provavelmente terá diminuído o seu orçamento. Enfim, a Embrapa, que já serviu de exemplo para ressaltar a “excelência brasileira” vive uma “crise brutal”, segundo funcionários mais velhos que atuam desde os primórdios de sua fundação, mas não falam publicamente por “medo de represálias” (Estadão, idem, idem).

THE ECONOMIST: a Embrapa se tornou conhecida no mundo e a revista inglesa “The Economist” dedicou-lhe um artigo, reproduzido pelo Estadão em 29/06/2018, cujo teor é altamente preocupante; “Outrora um importador de produtos básicos, hoje o Brasil exporta uma produção equivalente a US$ 96 bilhões por ano. A Embrapa calcula que em 2017 rendeu US$ 9 bilhões para a economia do país. Mas a empresa enfrenta críticas sem precedentes. Os fazendeiros afirmam que suas pesquisas são irrelevantes para eles. Um grupo de empregados da empresa diz que está muito fragmentada e há preocupações de que o governo federal, sem recursos, corte seu orçamento. Ambientalistas reclamam que suas pesquisas permitem aos fazendeiros avançarem para a floresta amazônica”.

FUTURO: o futuro da Embrapa e do Brasil passa por total reformulação dos costumes administrativos e políticos. Não se concebe que uma organização estatal de tanta importância e sucesso seja sucateada e esteja sendo substituída por companhias de negócios estrangeiras, que, com mais recursos, promovem suas próprias pesquisas. Tudo no país está sob suspeita, inclusive aquelas organizações que no passado foram consideradas “as joias da coroa”.

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