terça-feira, 4 de setembro de 2018

UGTpress: GASTOS MILITARES VOLTAM A CRESCER

MUITO DINHEIRO: o SIPRI – Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, de Estocolmo, informou que os gastos militares aumentaram bastante em 2016, com alguns países retomando-os, incluindo alguns da Europa Ocidental. O total de gastos contabilizados na área militar foi de 1,686 trilhão de dólares. Alguns países são campeões em gastos militares: Estados Unidos 611 bilhões, China 215 bilhões, Rússia 69,2 bilhões e Índia 55,9 bilhões. Segundo o Sipri, houve aumento de gastos na Europa Ocidental e o que mais elevou seus gastos foi a Itália. Esta nova tendência inverte a diminuição de gastos registrada nos primeiros anos desta década e pode sinalizar para um novo período de preocupação com a paz mundial. Em geral, gastos militares foram termômetros eficientes para apontar aumentos de conflitos armados.

DONALD TRUMP: a eleição de Donald Trump inverteu a posição anterior de Barack Obama e os gastos militares americanos aumentaram em 2016. Campeão mundial em gastos militares, os Estados Unidos gastam 3,50% do PIB (Produto Interno Bruto) em defesa. Aliás, os números absolutos nem sempre batem com a proporção do PIB, pois, neste caso, a Grécia, a Estônia e o Reino Unido seguem os Estados Unidos, embora tais países estejam longe de China, Rússia e Índia. Trump vem pressionando os aliados para gastarem mais com defesa, certamente com dois objetivos: a) aumentar o poderio militar frente à Rússia e China; e b) favorecer a indústria bélica americana, um dos produtos de maior importância na pauta de exportação dos Estados Unidos. 

OTAN: essas discussões sobre gastos militares voltaram à tona em função da reunião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte ou Aliança do Atlântico Norte, que existe desde 1949, após a Segunda Grande Guerra), ocorrida em Bruxelas. Antes da cúpula, o clima esquentou em função da quase sempre provocativa retórica de Trump. Ele afirmou que a Alemanha é refém da Rússia em função do fornecimento de energia e pediu que os europeus aumentem os seus gastos militares. No dia seguinte, no encontro com Angela Merkel, costumeiramente, Trump mudou a retórica e foi mais diplomático. De fato, os Estados Unidos gastam mais do que seus parceiros na OTAN, um pouco mais do que o dobro ou aproximadamente 700 milhões.

RETÓRICA TRUMPISTA: sendo objeto de observação e cuidado por parte dos parceiros diplomáticos, a retórica de Donald Trump tem surpreendido pelas incoerências. Tem muito a ver com a expressão “bate e assopra” (veja nota abaixo). Isso ocorreu na reunião da OTAN, no encontro com Theresa May em Londres e em Helsinque com Vladimir Putin. Tem casos em que ele desmente a si próprio, culpa a imprensa alegando boato (fake news) e descaradamente muda versões do que falou, mesmo quando há gravações, como no caso de Theresa May. Esse comportamento tem estarrecido os próprios americanos. O caso do encontro com Vladimir Putin tem tudo para entrar nos anais dos piores comportamentos de um presidente americano, país que preza a palavra empenhada e condena a mentira. Trump disse que acreditava em Putin em contraponto às investigações do FBI e CIA. De primeira, recebeu fortes reações de ex-diretores da CIA e de parlamentares, incluindo do Partido Republicano. Foi obrigado a uma ginástica mental em seu próprio país, mas tudo isso tem sido debitado numa espécie de conta corrente imaginária, cujo saldo só se saberá no futuro.

BATE E ASSOPRA: esse “bate e assopra”, levado ao extremo por Donald Trump, é uma expressão conhecida e muito utilizada entre nós. Artigos remetem ao filme polêmico de Steven Soderberg “Sexo, Mentiras e Videotape”, mas, na verdade, a origem está num provérbio português: “faz que nem morcego: morde e assopra”, lembra-nos o professor Joseph Shafan, da Biblioteca Virtual de Escritores. Há exemplos históricos desta prática, muito utilizada em diplomacia. Mais hoje em dia, na era das “fake news” e com a imprensa desacreditada. Habilmente, os políticos aprenderam a usar a seu favor essas incongruências da modernidade. 

REGISTRO: a vida de sindicalistas que atuam na área internacional não é das mais confortáveis, embora as viagens sejam sempre um estímulo à parte. Os riscos e o trabalho em si são árduos e abarcam uma série de questões que extrapolam a simples atuação em nível nacional. Especialmente, quando as ações são na América Latina, o enfrentamento é duro, cheio de percalços e condições desfavoráveis. A nota é necessária para registrar o passamento de um grande líder guatemalteco, Victoriano Zacarias Mendez, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores da Guatemala, falecido em Lima, no Peru, no mês de junho, em pleno exercício de suas atividades. Victoriano foi um líder laborioso, atuante e que por mais de 20 anos serviu com coragem os trabalhadores da Guatemala, um país cheio de injustiças, onde, não raro, o assassinato de sindicalistas é utilizado como forma de solução dos conflitos. Nesse ambiente difícil e conturbado é que atuou Victoriano, com destemor e desassombro. Riccardo Patah, presidente da UGT-Brasil, enviou condolências à família cegetista da Guatemala.

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