CHINA ULTRAPASSA USA: conforme o esperado, a China ultrapassou os
Estados Unidos no volume de negócios. Sua soma de importações e exportações
atingiu 4,16 trilhões de dólares, em 2013, enquanto a dos Estados Unidos ficou
em 3,9 trilhões (ainda não divulgados). O volume de comércio internacional é um
indicativo da pujança do país. No valor em exportações, a China já havia
passado tanto os Estados Unidos em 2007, quanto a Alemanha em 2009. A China
detém hoje 10% do comércio mundial (em 2000, eram 3%), sendo o maior importador
do Brasil (commodities, principalmente). Em termos de PIB (Produto Interno
Bruto), o dos Estados Unidos ainda é maior, mas, segundo analistas, isso também
é uma questão de tempo.
ARGENTINA
IMITA O BRASIL: os
brasileiros se lembram da manipulação dos dados da inflação no período da
ditadura, quando o ministro era Antonio Delfim Neto. Isso motivou um prejuízo
sem precedentes ao trabalhador, cujos salários eram corrigidos abaixo da
realidade. Segundo informações, desde 2007, os Kirchners vêm manipulando os
índices de inflação na Argentina. Neste ano, a maioria das consultorias
econômicas indicam números que vão de 25% a 30% de inflação, mas apostam que o
Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos), controlado pelo governo de
Cristina Kirchner, apontará uma inflação entre 10% e 12%. Para avivar a
memória, desde a década de 60, a Argentina vem lutando contra os seus altos
índices inflacionários, que só deram uma trégua no período do presidente Carlos
Menem (1989/1999), quando ele estabeleceu a paridade peso-dólar, o que levou as
finanças do país ao colapso no início do milênio. Essa confusão, que se reflete
em toda a economia, é causa de protestos, greves e saques. As centrais de
trabalhadores (CGT e CTA) estão divididas, o que diminui o seu poder de
reivindicação e protesto.
NO
BRASIL, ALGO PARECIDO: se o
Brasil não manipula mais os índices de inflação, nossa nova contribuição para
os governos menos sérios é a chamada "contabilidade criativa" ou, como alguns mais corajosos
afirmam, a "alquimia contábil". Segundo alguns analistas sérios, gente
que escreve artigos de fundo (esses assuntos nunca são manchetes), o Brasil
conseguiu duas coisas improváveis em 2013: 1ª) transformar um déficit primário
em superávit; e 2ª) transformar um déficit comercial em superávit. No primeiro
caso, esses analistas afirmam que o governo se apropriou de 15 bilhões
referentes ao leilão do Campo de Libra do pré-sal e mais 20 bilhões do novo
Refis (acordo para recebimento de impostos atrasados), maquiando o resultado e
acomodando-o ao pagamento dos juros da dívida pública. No segundo caso, um
provável déficit comercial, previsto em novembro, pôde ser contornado com o
registro das exportações de plataformas de petróleo (7,5 bilhões de dólares),
algo meramente contábil e destinado a um benefício fiscal. Sem essas operações,
os resultados das contas brasileiras seriam mais preocupantes e menos
saudáveis. Rolf Kuntz, jornalista do Estadão, afirmou em artigo publicado em
28/12: "Nenhuma pessoa informada leva a
sério o tabelamento de preços, o disfarce das contas externas e o enfeite das
contas públicas. Operações atípicas podem gerar ganhos fiscais imediatos, mas
corroem a credibilidade de quem governa. Com botox e maquiagem, alguns números
ficam mais apresentáveis para os ingênuos. Para os outros a cara do governo se
torna cada vez mais disforme".
BEM, E
DAÍ? há algo
de surrealista na política brasileira, produzido pelos anos de anomalias
institucionais, decorrentes de uma democracia mal acabada. O sistema respira
por meios insólitos e, via de regra, irregulares. Não há compra, licitação ou
realização governamental, dos municípios à União, que não tenham vícios, sejam
eles legais ou operacionais. O próprio governo, quaisquer de nossos governos
municipais, estaduais ou o federal, mesmo quando tem uma boa idéia e quer
desenvolver boas iniciativas, depende desses caminhos irregulares, sem os quais
não é possível fazer qualquer coisa. Há um caso (abordado aqui) em que uma
licitação no Aeroporto de Cumbica (felizmente, parcialmente privatizado) para a
compra de um equipamento sequer se concretizou porque havia uma disputa entre
dois órgãos federais para fazê-la. No andar de baixo da administração pública
não há ordem porque falta comando no andar de cima. Na alta administração, o
Brasil é o único país do mundo em que os ministérios são disputados em regime
de "porteira fechada", expressão que denota a voracidade dos
partidos aliados, sem os quais não se aprova nada ou, em outras palavras, não
se governa. É uma roda de péssimos hábitos, todos cultivados à época da
construção democrática e, ela impede as reformas e a modernização do Estado. Já
houve ruidosas manifestações de rua (será que esqueceram?), consequência
certamente dessas situações permanentes mantidas por forças que eternizam o
atraso e limitam o progresso. Não tivemos respostas adequadas às manifestações
e assim, em nome das próximas eleições ou dessa ardilosa governabilidade,
continuamos adiando tudo quanto seja necessário para o avanço do Brasil e sua
inserção como nação moderna. Quando será que possuiremos um estadista?
Ele é necessário, antes que apareça um novo messias, tipo Quadros ou
Collor.