GUIDO MANTEGA: gostem ou não, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, completou oito anos (entrou em 27/03 de 2006) à frente do Ministério
da Fazenda (MF), um recorde em tempos democráticos. Embora com altos e baixos,
considera-se que seu trabalho à época da crise de 2008 tenha sido fundamental.
Seu melhor resultado foi em 2010 (crescimento do PIB em 7,5%). A partir daí,
passou a ser muito contestado e pode até ser utilizado como bode expiatório
pela falta de crescimento no governo de Dilma Rousseff (média de 2%). Nos últimos
tempos vem sendo muito criticado pela maquiagem das contas brasileiras. Mas,
enfim, apesar dos pesares, Guido Mantega é um recordista de permanência à
frente do MF.
CADEIA E MULTA PARA OS CARTÉIS: cartel é a união de empresas ou pessoas com
a finalidade de preservar mercados ou estipular preços. Causando enormes
prejuízos aos governos e aos consumidores em geral, hoje é prática comum nas
cidades e países. Com o advento das grandes empresas internacionais, a prática
se estendeu mundo afora. Um exemplo recente no Brasil foram as concorrências
para compras de equipamentos metroviários, com envolvimento para lá de suspeito
de governos do Estado de São Paulo. O professor italiano Giancarlo Spagnolo, da
Universidade de Roma, esteve no Brasil convidado pela Fundação Getúlio Vargas,
e sobre o assunto, disse: "Só cadeia e multa alta coíbem
cartel" (Estadão, 23-03). Como não temos nem uma coisa e nem
outra, os envolvidos podem dormir em paz.
EDWARD SNOWDEN: o americano Edward Snowden, acusado de
violar as leis federais de seu país, os Estados Unidos, está asilado na Rússia,
por tempo determinado. Para as autoridades de seu país, ele é um criminoso que
roubou documentos, expôs a NSA (Agenda de Segurança Nacional) e divulgou
informações sobre como a espionagem dos americanos é feita. O asilo por tempo
determinado oferecido pela Rússia não previa a surpreendente crise da Criméia.
A crise colocou em lados opostos os dois países. Agora, pode-se perguntar se o
asilo de Snowden será prorrogado ou não. As apostas estão em aberto.
THOMAS SHANNON: atualmente, o Sr. Shannon é conselheiro do
Departamento de Estado dos Estados Unidos. Para quem não se lembra, ele foi
embaixador de seu país no Brasil por longos quatro anos. No dia 30 de março,
Thomas Shannon deu uma entrevista de página inteira para o Estadão,
onde, com cuidado, falou de diversos assuntos, mas cujo principal recado foi "queremos
fazer mais no relacionamento com o Brasil". Certamente, o cancelamento da visita
que Dilma Rousseff faria aos Estados Unidos em outubro, tanto quanto a compra
dos jatos da Suécia e, ainda, os documentos divulgados por Edward Snowden sobre
a espionagem exercida sobre o governo brasileiro e sua maior empresa, a
Petrobrás, ocasionaram um profundo estrago nas relações entre os dois países.
Uma das críticas públicas de Shannon ao Brasil foi exatamente sobre o silêncio
do país em relação ao problema da Criméia. Ele afirmou: "Obviamente, o Brasil toma as suas
próprias decisões. Mas era de se esperar que um país tão grande e com a
trajetória pacífica do Brasil tivesse uma posição clara nesse caso. Países
grandes e com grandes ambições precisam se definir, para o benefício de todos
nós".
PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO: uma pesquisa interessante do Datafolha mostrou que as pessoas consideram que
hoje há mais corrupção do que no tempo da ditadura. Outras perguntas foram
feitas e a maioria acha que melhorou a liberdade de expressão e a situação dos
direitos humanos. A expressão da democracia realmente se traduz em direitos
humanos e liberdade, mas dizer que hoje há mais corrupção do que na época da
ditadura é, no mínimo, arriscado. Exatamente por não existir liberdade de
expressão, muitos dos escândalos sobre corrupção ficaram fora do conhecimento
público.