quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sindicatos rejeitam “proposta indecorosa” e sem aumento real da Copel


Após uma semana, a Copel trouxe à mesa de negociação, nesta quinta-feira (18) exatamente a mesma proposta que já havia sido rejeitada pelos 17 sindicatos que representam os trabalhadores.
Diante disso, a posição das entidades segue a mesma: aguardamos que a empresa reavalie sua “proposta indecorosa” e traga à mesa de negociação uma oferta que atenda ao que esperam os trabalhadores. E o recado dos trabalhadores está claro na pauta de reivindicações: aumento real de salários.
Mais uma vez, nesta quinta-feira, ouvimos o superintendente de Recursos Humanos, Luiz Carlos Cavanha, que se esforçou para pintar um quadro negro para o futuro da empresa. “O cenário não se apresenta muito favorável. Não há condições para ganho real”, jurou.
As dificuldades, se é que existem, não são para todos. O economista Fabiano Camargo, do Dieese, lembrou que a mesma direção que apresenta um “cenário não favorável” aos trabalhadores se deu de presente um aumento de 60% nos próprios salários, entre 2010 e 2012. “Os gastos da Copel com a remuneração de diretores e conselheiros saltou de R$ 6,3 milhões para R$ 10 milhões, no período”, disse Fabiano.
Mesmo em meio a esse “cenário não favorável”, a Copel não viu problemas em gastar quase R$ 18 milhões num avião para uso de seus diretores – e, segundo o jornalista Celso Nascimento, da “Gazeta do Povo”, também para uso do governador Beto Richa (PSDB).
E, mesmo em meio a este “cenário não favorável”, a Copel mostra interesse em adquirir o Grupo Rede, que está sob intervenção da Aneel, como noticiou hoje a imprensa. Cenário desfavorável, como se vê, só há para você, trabalhador.
Tudo isso acontece no mesmo ano em que as outras empresas do setor – que não têm os prêmios e a solidez que a Copel alardeia em seus anúncios publicitários – concederam reajustes acima da inflação. “No setor elétrico, em 23 negociações, houve ganho real médio de quase 2%”, lembrou Fabiano.
A única diferença da proposta da Copel, em relação à semana passada, é a adoção do Divisor 200, em vez do 220. “Mas isso é apenas o que garante súmula do Tribunal Superior do Trabalho, é o que está na lei. Por isso, nem precisa constar do ACT, que é um documento que registra avanços em favor do trabalhador”, afirmou Jonas Braz, diretor do Steem.
“Foram os trabalhadores que seguraram a Copel em momentos difíceis, como o da época das ameaças de privatização. Sempre que a empresa esteve sob risco, os trabalhadores se mobilizaram para defendê-la. Mas a recíproca não é verdadeira. Nos últimos anos, a direção comemorou lucros fabulosos, mas não concedeu qualquer aumento real. Como explicar isso aos trabalhadores?”, lamentou Alexandre Martins, presidente do Sindenel.
Na reunião desta quinta-feira, cada uma das 17 entidades presentes recebeu carta assinada pela diretora de Gestão Corporativa da empresa, Yara Eisenbach, que garante a manutenção de nossa data-base para 1.º de outubro. Por isso, reafirmamos: este é o momento de nos mantermos unidos e mobilizados. A pressa não nos favorece. Com calma, união e mobilização, vamos chegar a um Acordo Coletivo que fará jus ao que merecemos.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

COPEL - ACT 2012/13: ENTENDA O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO E O QUE HOUVE ATÉ AGORA


Em conversas com os trabalhadores, percebemos dúvidas sobre a que pode acontecer por termos recusado, na mesa de negociações, a proposta inicial da Copel.

Vamos aos fatos. Em primeiro lugar, a empresa sequer formalizou sua proposta, ainda (razão pela qual não trouxemos números e valores até agora; se a proposta não é oficial, eles podem mudar a qualquer momento).

Nas assembleias e reuniões de definição de pauta que realizamos em todo o Paraná com os copelianos, ficou clara a exigência de um aumento real de salários.

Por isso, temos o direito de recusarmos uma oferta sem aumento real, como a que temos até agora. Isso não significa, de nossa parte, que estamos encerrando as negociações.

Muito pelo contrário. Esperamos, ansiosos, que finalmente os representantes da Copel venham até a mesa de negociações para negociar, e não apenas para brandir uma série de “nãos” a cada reivindicação dos trabalhadores.

Para nós, negociar significa expor pontos de vista e argumentos para que, com boa vontade e disposição para ceder, ambos os lados possam chegar a um acordo vantajoso para todos. Não é o que aconteceu até agora. Se há inflexibilidade por parte da Copel, a negociação não evolui.

De nossa parte, não iremos, e já deixamos isso claro, assinar um acordo sem aumento real de salários e que desrespeite direitos garantidos aos trabalhadores. Infelizmente, o acordo que a Copel tenta nos impor, neste momento, não tem aumento real. Mas desrespeita seus direitos, copeliano.

Muito importante: nossa recusa à primeira proposta da Copel não significa que estejamos atravancando o processo de negociação. Muito pelo contrário, como já dissemos. Significa que esperamos que a direção da empresa tenha a humildade de perceber que está oferecendo algo muito aquém do que esperam seus empregados. E melhore sua proposta.

Também não significa que nossa negociação irá, a partir de agora, a dissídio. Não há limites para a duração de uma negociação coletiva. E, de nossa parte, reafirmamos a intenção de negociar.

Gostaríamos, muito, de que ao menos alguns colegas pudessem acompanhar a negociação coletiva, para que tivessem uma imagem mais clara de seu andamento – e da intransigência da direção, até agora. Infelizmente, mais uma vez não foi possível. A direção da empresa não permitiu.

Por fim, leia a seguir uma análise do economista Fabiano Camargo, da subseção do Dieese no Senge-PR, sobre o que a Copel ofereceu até agora, e porque há condições para que tenhamos reajuste de 8,5% (que significa um aumento real de cerca de 3% nos salários) e avanços em outras cláusulas da pauta.

“A proposta da Copel está na contramão de demais negociações realizadas este ano no Brasil, que acumulam ganho real médio de 2,23%. Se observarmos apenas o setor elétrico, veremos que a Copel também está atrás de outras empresas – os acordos coletivos do setor tiveram aumento real de 2%, em média. A Copel, lembramos, não ofereceu nenhum aumento real a seus empregados.

“Se houve queda nos lucros da Copel, vale lembrar que isso se deve ao aumento de encargos de uso da rede à elevação da energia elétrica comprada para revenda. Outros indicadores, porém, melhoraram.

“Ativo total e patrimônio líquido cresceram 5,04%. Receita operacional líquida cresceu 10,56%. Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida) aumentaram 18,52%. E não podemos nos esquecer de que o lucro histórico e recorde que a empresa teve em 2011 também faz parte do cenário da negociação em andamento.

“A empresa também não pode atribuir nenhum problema referente à MP 579 (que reduz o custo da energia no Brasil e antecipa a renovação das concessões do setor), pois, em comunicado ao mercado financeiro, afirma que será ‘uma das empresas menos afetadas pelas novas regras do setor elétrico’. Será que a empresa distorceu fatos ou suprimiu informações ao mercado? Pouco provável, já que isso é crime. Então, devemos supor que faz isso com seus trabalhadores.

“Por fim, vale lembrar que a produtividade dos trabalhadores aumentou muito nos últimos (conforme explicamos no Desbalanço Social da Copel). Isso, claro, melhorou os indicadores econômicos, financeiros e operacionais da Copel. Mas os empregados não tiveram sua parte nisso. Lembro: a Copel distribui atualmente apenas 13% da sua riqueza aos empregados, embora esse indicador já tenha chegado a 18%, em anos anteriores.

“É uma pena que uma empresa premiada que gosta de se apresentar como referência no setor continue a se esquecer de seu ‘padrão de excelência’ apenas na hora de negociar com seus trabalhadores.”