quinta-feira, 17 de abril de 2014

Caso de deputado é negativo para PT, diz Gleisi

Para senadora, envolvimento de André Vargas com doleiro não encontra justificativa
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acha que a relação entre o deputado petista André Vargas, do Paraná, com um doleiro "é um envolvimento que não encontra justificativa para ter acontecido e acaba impactando no PT e na política".

Em entrevista à Folha e ao UOL, a ex-ministra da Casa Civil afirma que a eventual renúncia de Vargas ao mandato "é uma decisão de foro íntimo". "Não me cabe fazer julgamentos nem condená-lo nem absolvê-lo", declarou.

Antes de ficar conhecida a relação entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef, que está preso, o deputado faria parte da coordenação da campanha de Gleisi ao governo do Paraná. A senadora acha que o colega de partido "tem direito de fazer a sua defesa" e "decidir se vai renunciar ou não". E se ele preferir ficar no Congresso? "As instituições a que ele está ligado, tanto o PT como a Câmara dos Deputados, têm processos próprios de averiguação."

Segundo Gleisi, mesmo com a renúncia de Vargas, o impacto político do episódio tende a se arrastar durante toda a campanha no Paraná.

"O fato em si foi muito negativo. Não só para o PT, mas para a política brasileira. É mais uma denúncia, é mais uma descrença na política que a gente tem que recuperar. Não sei se o fato de renunciar, de esclarecer, pode recuperar tudo isso", afirmou.

Ao comentar reportagem da revista "Veja" que cita comentário que Vargas teria feito afirmando que a empresa de publicidade Heads, do Paraná, teria um esquema para favorecer a senadora e seu marido, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), ela respondeu que não há "nenhum fato concreto, a não ser insinuações de que alguém disse que havia alguma coisa".
Sobre a Heads, a senadora afirmou conhecer Cláudio Loureiro, presidente da empresa. "Temos uma relação cordial com ele (...), mas nunca tive nenhum serviço prestado pela Heads", diz.

Uma das mais ativas defensoras do governo no Senado, Gleisi acha que se tornou inevitável a instalação de uma CPI da Petrobras e prefere que a investigação seja a que foi proposta só no Senado, e não no Congresso (que incluiria deputados e senadores).
Até agora, o governo jogou com todas as possibilidades de CPI, propondo investigações só no Senado e também no Congresso, sempre incluindo a Petrobras e outros casos como o do Metrô de São Paulo (para atingir o PSDB) e sobre o porto de Suape, em Pernambuco (para alvejar o PSB).

A senadora avalia que na semana que vem, depois do feriado da Páscoa, tanto o Senado como o STF devem dar respostas a pendências que até agora impediram a instalação da CPI da Petrobras.

17/04/2014 por Folha de S. Paulo 

Com PM em greve, Salvador tem saques e recebe Exército

O primeiro dia de greve da Polícia Militar da Bahia provocou caos em Salvador ontem, com saques, arrastões e atividades afetadas em escolas e no transporte público.

Os PMs anunciaram a greve na noite de anteontem, a menos de dois meses da abertura da Copa --Salvador é uma das principais sedes do evento e terá seis jogos.

O governo Jaques Wagner (PT) acusou motivação política e pediu reforço de tropas federais, que começaram a chegar ontem --2.500 homens do Exército e 250 da Força Nacional serão deslocados.

Um dos principais motivos da paralisação --a segunda desde 2012-- é o novo código de ética que o governo propôs. Em fase de preparo, ele enquadra o PM em infração disciplinar caso ele seja incluído em cadastros de devedores ou dê entrevistas à imprensa.

Os PMs também querem, dentre outras coisas, gratificações para policiais da reserva e progressão na carreira.

Sem policiais nas ruas, os crimes avançaram ainda na madrugada. Houve saques a supermercados, redes de eletrodomésticos e a pequenas lojas no centro e na periferia.
A situação se agravou porque a Polícia Civil fez paralisação de 24 horas, agendada previamente, e a Guarda Municipal quase não foi às ruas alegando "questão de segurança", segundo o sindicato.

Pela manhã, muitos comerciantes não abriram em Salvador e shoppings tiveram segurança reforçada.

O escasso policiamento nas ruas era feito por policiais de batalhões especiais, como o de choque. No Jardim de Alah, orla da cidade, oito jovens foram presos após um arrastão. Outros 26 foram presos por suspeita de saques. O Estado disse que, no total, cerca de 50 pessoas foram presas em Salvador e imediações.

Grande parte dos ônibus não circulou, e passageiros se acumularam nos pontos.
Escolas e faculdades liberaram alunos. Um jogo do Vitória e o espetáculo da Paixão de Cristo foram cancelados.

A Justiça baiana declarou a greve ilegal e determinou o fim do movimento. Os PMs, contudo, mantinham a paralisação até ontem à noite.

Segundo o comando da greve, a adesão era de 80%.
O líder da greve de agora e da de 2012 é o soldado Marco Prisco, vereador pelo PSDB.
O ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou que a ação dos PMs é "claramente inconstitucional".

"Quando elas [as reivindicações] se colocam contra a sociedade, trazendo insegurança e um clima social perverso, não podem ser tidas como legítimas", disse.

Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

17/04/2014 por Folha de S. Paulo 
DE SALVADOR

quarta-feira, 16 de abril de 2014

UGTpress: ENERGIA - ESGOTANDO A PACIÊNCIA

PACIÊNCIA: é preciso ter muita paciência e estar vivamente interessado para dar conta de todos os assuntos envolvendo o setor de energia no Brasil. Desde os escândalos (Petrobrás e outros), até as opiniões técnicas e análises políticas, as páginas dos jornais estão repletas de matérias a respeito do assunto. UGTpress já abordou a dificuldade dos leigos para entender o imbróglio. As trapalhadas são muitas e vez ou outra temos voltado ao tema. Nestas últimas semanas foi demais: escândalo na Petrobrás, denúncias contra seus funcionários no Rio de Janeiro, discussão sobre aportes do Tesouro Nacional às distribuidoras, desvalorização das ações das estatais envolvidas com energia, comprometimento do programa do etanol, incertezas sobre o pré-sal, debates sobre custos, prejuízos e déficits (sabe-se que o país está perdendo muito dinheiro) e por aí vai. Ano de eleição, o governo faz um esforço extraordinário para se livrar desses incômodos todos. Não será difícil diante da inércia da oposição e de seu desinteresse, pois só posam para as fotos, num longo exercício de "faz de conta".

SOBRE OS CUSTOS: aportes do Tesouro Nacional e empréstimos com garantias do governo às empresas distribuidoras de energia são uma das polêmicas mais interessantes. Há opiniões diversas. O secretário-executivo do Ministério das Minas e Energia diz que o socorro às empresas distribuidoras: "Não é subsídio, é empréstimo. Não podemos romper contratos. Está previsto na lei que as distribuidoras serão ressarcidas, pois elas não interferem nos preços da energia no país. O custo é dos consumidores" (Folha, 16-03). Observa a última frase "o custo é dos consumidores". Neste caso, é bom lembrar a frase da presidente Dilma Rousseff, proferida em 23 de janeiro de 2013: "A conta de luz das famílias vai ficar 18% mais barata. É a primeira vez que isso ocorre". Já Luiz Eduardo Barata, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), disse: "A tarifa neste ano fica completamente inalterada, e o montante de 8 bilhões de reais que a CCEE vai obter em financiamento só vai chegar à tarifa em 2015, mas como haverá o fim das concessões de geração que não aderiram às medidas em 2012, teremos a entrada de 5 mil Mwh no sistema elétrico no ano que vem a um preço mais baixo" (Estadão, 14-03). O governo fechou com as distribuidoras um aporte de 11,2 bilhões e não 8 bilhões de reais como previsto.

TRIBUTOS E REFIS: diante de políticas improvisadas e medidas emergenciais, o governo sempre se lembra dos impostos e do Refis, ou seja, melhorar a receita através do aumento de tributos e reforçar o caixa através do refinanciamento de dívidas públicas (consta que o governo teria mais de um trilhão de reais a receber). Soluções, de resto, habituais. Em pior situação, diante desses problemas todos, fica a presidente Dilma Rousseff, afinal responsável pela condução da política energética do país há longos 11 anos. É interessante o comentário do professor Rogério L. Furquim Werneck (PUC-Rio), em artigo no Estadão, em 14-03: "Boa parte da mistificação que se construiu em torno das supostas qualidades de Dilma Rousseff como administradora está relacionada ao setor elétrico... A presidente não tem hoje a quem repassar a culpa pela precariedade da oferta de energia que se vê no país".

ARTIFICIALISMOS: na opinião de muitos analistas, o que houve foi a adoção de medidas artificiais, sem embasamento técnico e econômico, populistas mesmo, com a finalidade de controlar a inflação e minimizar o déficit público. Nesses artificialismos estão a chamada "contabilidade criativa" e a redução de preços públicos, como é o caso da energia elétrica, anunciados em janeiro de 2013 como um grande feito do governo Dilma. Ao lado disso, São Pedro não ajudou e a estiagem deste ano fez baixar os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Diante da ameaça de racionamento,  vamos acionar as térmicas. Em outras palavras, a artificial redução das tarifas em 18% no início de 2013 poderá levar o barato a ficar caro em 2015.

ATUALIDADES: a) já se sabe que o saldo da balança comercial brasileira no primeiro trimestre de 2014, foi o pior da história: déficit de mais de 6 bilhões de dólares; b) a consultoria PSR informou que aumentaram os riscos de racionamento de energia elétrica em 2014; c) foi um sucesso a iniciativa da jornalista Nana Queiroz, responsável pelo movimento "Eu não mereço ser estuprada". A maior organização sindical do Continente (CSA-Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas) postou nas redes sociais fotos com dirigentes e funcionários empunhando cartazes com a frase; d) o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou dados sobre a evolução salarial de 2013: 87% dos reajustes salariais superaram a inflação oficial. “Sindicatos usam a Copa para cobrar salário maior” (Manchete de primeira página da Folha de São Paulo de 13/04).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Quem tem medo da liberdade?

 “No ano Laurentino Gomes, no seu ótimo livro “1822” (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010), já introduz sua história da independência afirmando que o país não anda bem das pernas desde o nascimento:

de sua independência, o Brasil tinha, de fato, tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro. O medo de uma rebelião de cativos assombrava a minoria branca. O analfabetismo era geral. De cada dez pessoas só uma sabia ler e escrever” (pp. 17-18).

Se é verdade que o Brasil andava mal, não é menos verdade que ainda hoje a situação continua difícil. Em 1888, a Princesa Isabel pôs fim a uma chaga na sociedade brasileira: a escravidão; mas a cultura escravagista governamental permaneceu. Com efeito, ainda que a Lei Áurea tenha libertado os escravos, como há tanto tempo exigiam os abolicionistas brasileiros (D. Pedro I, o Proclamador da Independência, era um abolicionista convicto), o escravagismo permaneceu como norma orientadora da ação do Estado Brasileiro em suas sucessivas mutações.

O Brasil não possui uma cultura de liberdade. Governos autoritários que emanam leis autoritárias têm se sucedido continuamente e o povo brasileiro continua sem desfrutar “oficialmente” do que seja uma liberdade reconhecida por lei.

Há um medo generalizado, assumido e propagado governo após governo, de que os brasileiros sejam livres e de que cuidem de sua vida sem os olhos firmes do Poder Oficial a observar-lhes. Os brasileiros são tidos como crianças que não sabem se cuidar e que, por isso, não podem ser livres para administrar seus próprios negócios e vidas. Adota-se a idéia de que nossa sociedade ainda não é madura, ou de que nosso povo “não tem suficiente educação”, e isso é utilizado como pretexto para justificar-se um autoritarismo disfarçado de compaixão pelo “povo imaturo e inculto”. A mesma justificativa, aliás, utilizada pelos escravagistas de todas as épocas, inclusive os brasileiros: os escravos não poderiam viver bem sozinhos, morreriam se fossem libertos e caminhassem distantes dos olhos de seus proprietários, motivo pelo qual a escravidão era a única maneira, a maneira mais compassiva e misericordiosa, de garantir-lhes a vida.

Hoje continua entre governantes e legisladores a noção de que, pela imaturidade do povo, o governo deve controlar suas ações, registrar e observar cuidadosamente tudo o que fazem, regulando cada momento de suas vidas. Chega-se ao ponto de o brasileiro ser interpretado como alguém sem existência, caso o governo não o reconheça – tempos atrás esta noção estava expressamente dita em uma propaganda oficial do Governo Brasileiro em prol de registrar as crianças, em que um bonequinho cantava que “eu tenho nome! E quem não tem? Sem documento eu não sou ninguém”, como se a própria existência da pessoa fosse conferida pelo Estado.

A mentalidade escravagista que permanece entre nossos governantes se reflete nas leis que emanam do Poder Legislativo e que são sancionadas pelo Executivo, sem sofrerem, em seguida, qualquer controle de constitucionalidade por parte do Poder Judiciário, também ele acometido pela mesma mentalidade.

Por exemplo, o Estatuto do Desarmamento – apesar do Referendo – privou os brasileiros do direito à legítima defesa e, assim, privou-lhes do próprio direito à vida, que deveria ser assegurado a todos. Os brasileiros de bem, desarmados, ficam à mercê dos bandidos, que agora têm segurança para assaltar e praticar os piores crimes, cientes de que ninguém está armado para poder se defender. Os frutos do Estatuto do Desarmamento são o aumento da criminalidade e a destruição da liberdade dos cidadãos, que estão presos em casa enquanto os bandidos estão soltos na rua (isto quando não invadem casas também), portando armas ilegais. Afinal, bandido não compra arma no mercado legal, que foi o que esta lei destruiu.

Mas qual é o princípio do Estatuto do Desarmamento? É o princípio de que os brasileiros não conseguirão ter controle sobre si mesmos para usar armas. Diz-se até mesmo que nos Estados Unidos e na Suíça o porte de armas funciona porque “o povo tem educação”, mas aqui não. Aqui seria preciso controle do Estado. É o medo da liberdade, medo de que os brasileiros sejam livres.

Outra lei que expressa a mesma tendência – na verdade, um ordenamento inteiro – é a tributária. O Brasil tem impostos instituídos sobre praticamente todas as coisas. Não há atividade ou bem que escape dos olhos gananciosos do governo. Hoje os brasileiros trabalham algo em torno de cinco meses ao ano para pagar tributos ao governo e a Administração continua sendo ineficiente, não prestando a contrapartida devida.

A idéia norteadora do excesso de tributos no país é a de que os brasileiros não saberiam cuidar dos seus próprios bens. Assim, o governo precisa tomar uma parte deles, para administrá-los em prol do bem comum, prestando serviços que, segundo o governo, os cidadãos também não saberiam prestar sozinhos, como, por exemplo, a extração de petróleo e a distribuição de cartas – ainda que não esteja muito claro porque raios só o governo está capacitado para atuar com o petróleo e as cartas, quando a experiência em diversos lugares do mundo mostra que as empresas privadas prestam este serviço de forma mais eficiente.

O medo da liberdade é expresso no verdadeiro confisco de bens dos brasileiros que o governo realiza por meio de tributos para manter o monopólio de atividades que, segundo ele, os particulares não poderiam desempenhar se estivessem livres. É o governo cuidando do povo… mas tudo tem mostrado que a ineficiência reina, o gasto público é enorme, e que o dinheiro retirado aos montes do povo brasileiro em uma das maiores cargas tributárias do mundo não tem nenhum retorno e estaria sendo melhor administrado pelo próprio povo. Afinal, todo mundo sabe melhor de suas necessidades e o que fazer com o seu próprio dinheiro.

Sem propriedade, com metade dos bens espoliados, com dinheiro sendo confiscado, o brasileiro praticamente só recebe salário para comer e viver sob um teto – e olhe lá. Não tem dinheiro para lazer, para sair com os amigos, para comprar um livro e investir em sua educação. Com isso, não tem liberdade, não pode melhorar suas próprias condições senão às custas de muito sacrifício. Nos fins de semana se vê preso em casa porque não tem um tostão furado para sair e jantar com a família. Isso é liberdade? Trabalhar só para comer? (E olhe lá!, repito) Se é liberdade, então estamos no mesmo patamar dos escravos negros, que também trabalhavam e comiam. Talvez um novo movimento abolicionista seja necessário.

Um último exemplo do medo da liberdade é o próprio sistema eleitoral brasileiro. Este sistema impede o surgimento de novas lideranças e privilegia quem já está no poder. Basta perceber que as pequenas legendas, sem muita capacidade de fazer alianças, são as que têm menor tempo na propaganda eleitoral, enquanto as “legendas de sempre”, as maiores, com muitas alianças porque já estão no poder, ocupam quase o horário inteiro. Isto é, quem mais precisa expor suas idéias não tem como falar delas, porque o sistema não deixa, e quem já detém o poder na mão domina toda a eleição. O sistema favorece os grandes e destrói os pequenos, impede as mudanças e veda as novidades – o velho é a regra. Com um sistema eleitoral destes, não admira que cada vez mais as pesquisas apontem que nenhum brasileiro se sente representado por partido político algum e que o número de votos nulos e abstenções cresça sempre mais. Aliás, não estranha que em uma democracia, que preze pela “liberdade política”, o voto seja obrigatório? Que o sistema permita a escolha livre dos representantes mas não permita a escolha livre sobre votar ou não? A liberdade política não é lá o forte do Brasil… Aliás, vez ou outra algum atentado contra esta liberdade perpassa nossa história: é um regime ditatorial, é uma lei proibitiva, é um governante que não gosta muito de que falem dele…

Temeroso. Essa é a atitude do Brasil frente à liberdade. Temeroso de ver seu povo livre e independente. Em 1822 surgiu um país que tinha tudo para dar errado. Hoje esse país continua cheio de escravos, sem liberdade, sem independência. Talvez por isso o Brasil seja o eterno “país do futuro”. No presente, as coisas nunca parecem estar bem por aqui.


Copel é eleita melhor distribuidora do Brasil por grandes consumidores

Pesquisa realizada entre janeiro e fevereiro é a primeira do tipo feita pela Abradee

Empresas e outros grandes consumidores de energia elegeram a Copel a melhor distribuidora do Brasil. O resultado foi apurado pela Pesquisa de Satisfação de Grandes Clientes promovida pela Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) entre janeiro e fevereiro de 2014.
Realizada com consumidores atendidos em média e alta tensão – comerciais e industriais, em sua maioria – de 11 distribuidoras de energia de todo o Brasil, a pesquisa revelou que 87,6% dos grandes clientes paranaenses estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a qualidade dos serviços prestados pela Copel.
“O resultado da pesquisa demonstra que os consumidores reconhecem o excelente trabalho dos profissionais da Copel e a contribuição da Companhia para o desenvolvimento do Paraná”, destaca o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Santo Daleffe.
Conquista
Esta é a primeira vez que a Abradee promove a pesquisa de satisfação com grandes clientes. Desde 1999, a instituição realiza a Pesquisa de Satisfação do Consumidor Residencial, que avalia a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras de energia a clientes residenciais ligados em baixa tensão. Em 15 edições da pesquisa, a Copel foi a melhor avaliada em três oportunidades: 2001, 2011 e 2012.
Com a conquista da melhor avaliação na primeira pesquisa para grandes clientes, a Companhia consolida a satisfação em um segmento bastante representativo de consumidores. São 13,6 mil grandes clientes que respondem por 45% do faturamento da Copel Distribuição.
Questionário
Para a pesquisa, os consumidores responderam a um questionário com mais de 70 perguntas sobre os serviços prestados pelas empresas. A avaliação é dividida em oito áreas de qualidade, que abrangem o fornecimento e a fatura de energia; informação e orientação ao cliente; atendimento por call center, agência virtual, equipes de serviços e agentes de relacionamento; imagem da empresa, responsabilidade social e preço. Além do melhor resultado geral, a Copel obteve a melhor avaliação em informação ao cliente (75,4% de satisfação), atendimento ao cliente (92,9%) e atendimento ao cliente por agentes de relacionamento (95,5%)

Cada área abordada é composta por diferentes itens, a partir dos quais os clientes avaliam o desempenho da distribuidora. Por exemplo, na área “atendimento ao cliente”, o entrevistado avalia a “rapidez para realizar os serviços” e a “proatividade dos agentes de relacionamento”, entre outros itens. O resultado final é representado pelo Índice de Satisfação da Qualidade Percebida (ISQP).

Para ganhador de prêmio Nobel, cheias no Norte e secas no Sudeste estão conectadas

Manaus -  Você sabia que um cientista ganhador do Prêmio Nobel mora e ensina no Brasil? Talvez pense que ele é paparicado e ouvido em todas as questões relativas a seu campo de pesquisas. Pois saiba que não, muito pelo contrário. O Nobel radicado no Brasil é tratado como uma batata quente pelo establishment porque, há cerca de 40 anos radicado na Amazônia, é uma voz que clama no deserto (verde), alertando para a rápida destruição da floresta e suas graves consequências.

Philip Fearnside, 66, cientista especializado em climatologia baseado em Manaus, vem há décadas advertindo sobre o risco crescente de catástrofes climáticas, em estudos sempre recebidos com frieza pelas autoridadesbrasileiras e com ciclotimia pela imprensa local.

Sentado ao fundo de sua sala no campus do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Inpa, em Manaus, Fearnside parece encoberto por um dilúvio de livros, pastas e documentos soltos que abarrotam as estantes até o teto fazendo-o parecer pequeno, apesar de seus mais de 1,95m de altura. Ele me manda entrar ainda de costas para a porta e, quando se volta para me cumprimentar, o efeito de enchente é aumentado por seu imenso bigode, que faz lembrar o de Friedrich Nietzsche (ele diz que o autor de “Assim Falou Zaratustra” não o inspirou).
Daquela sala que parece uma biblioteca babélica, Fearnside dispara os estudos que fizeram dele um dos dois cientistas mais citados do mundo em termos de aquecimento global, segundo levantamento da Thomson-ISI, que mede produção científica. A consistência de suas pesquisas o levou para o IPCC, o painel de cientistas de todo o mundo reunidos pela ONU para estudar os efeitos das mudanças climáticas no planeta. Nos próximos dias, o IPCC divulgará mais um relatório de acompanhamento dos impactos dessas mudanças. Foi no painel que Fearnside ganhou o Nobel da Paz em 2007, ao lado dos outros cientistas do IPCC, pelo trabalho do grupo ao alertar sobre os riscos do aquecimento global.
Queria continuar a estudar aquela região também no doutorado, na mesma universidade. Tinha feito um grande investimento para aprender hindi, morara alguns anos em uma pequena vila daquela região, onde acumulara dados e contatos. Mas depois de iniciada a guerra entre a Índia e o vizinho Paquistão, este último apoiado pelos Estados Unidos, o cientista americano se tornou persona non grata no país.
Decidiu então vir para o Brasil, estudar como a floresta amazônica suporta a ocupação humana. Depois de dois anos, defendeu a tese nos EUA em 1978, já completamente apaixonado pelo país. Uma palestra no Inpa levou mais tarde a uma oferta de emprego, e ficou.
Em 36 anos, cresceu e frutificou: casou com uma pesquisadora brasileira que também estuda assuntos amazônicos, teve duas filhas, escreveu cerca de 1.800 ensaios, entre livros, conferências e outros itens (dos quais 492 são artigos científicos e capítulos de livros), participou da formação de dezenas de pesquisadores. Hoje, apesar do forte sotaque, o cientista está profundamente aclimatado ao país, podendo passar por brasileiro em um território de tantas línguas e sotaques como é a Amazônia.

BATATA QUENTE
Foi durante a pesquisa do doutorado, em 1976, que produziu a primeira “batata quente”: ao estudar assentamentos de colonização do Incra, encontrou no escritório do órgão mapas que mostravam os alagamentos que seriam provocados às margens do rio Xingu por uma série de barragens que vinham sendo planejadas pela ditadura para viabilizar na região um conjunto de usinas hidrelétricas, entre as quais uma ironicamente chamada Kararaô, que agora é construída com o nome de Belo Monte.
Ao divulgar o projeto de inundação de vastas áreas do Xingu, contribuiu no início do movimento que ao final dos anos 1980, no governo Sarney, juntou contra as barragens índios, ecologistas, políticos democratas e gente da sociedade civil do mundo todo, como o músico Sting. Diante da resistência, o presidente Collor arquivou os planos, que o governo Lula decidiu desarquivar.
Até hoje, Fearnside segue confrontando o discurso oficial sobre o tema: desde que a então ministra Dilma Rousseff reciclou o plano dos militares, alegando que o projeto agora seria de uma única hidrelétrica junto à chamada “Volta Grande” do Xingu, o pesquisador vem afirmando que nenhum governante, por mais autoritário e maluco, faria uma obra de tal custo (hoje em torno de R$ 40 bilhões) para deixar 11 mil megawatts de turbinas paradas durante quatro meses por ano, em função do regime de chuvas da região.
Ele sempre diz que o governo em breve anunciará outras barragens. De fato, Belo Monte nem começa a tomar forma e já se fala na necessidade de represas rio acima para acumularem água e garantir o funcionamento da hidrelétrica.
Fearnside está há 45 anos alertando para o chamado “efeito estufa”. Isso foi em seu primeiro emprego, no Parque Nacional dos Glaciares, em Montana, Estados Unidos, onde ele dava palestras aos turistas sobre as grandes geleiras da região, na fronteira com o Canadá.
Ali, passou a incluir nas aulas referências ao aumento da temperatura do planeta, que levaria ao derretimento do gelo no alto das montanhas em algumas décadas. Seu discurso parecia inverossímil, mas as palestras do jovem de 21 anos ainda não completaram meio século e as geleiras de Montana estão desaparecendo: hoje os estudiosos dizem que elas só vão durar mais dez anos.
BOLA DE CRISTAL
Desde a primeira previsão, outras tantas se sucederam. Na Amazônia, ainda nos anos 1980, Fearnside escreveu que se nada fosse feito, a floresta como sistema climático iria desaparecer em 50 anos. Passaram-se 25, o desmatamento continuou e vários fenômenos associados também. O principal deles é a redução da umidade naquela área, porque o desmatamento faz com que a água das chuvas não seja retida. O ar se torna mais seco: na época da estiagem, meados do ano, a umidade relativa em Manaus já chega a cair abaixo de 20%, como nos desertos. Outra consequência do desmatamento é que a água das chuvas escorre diretamente para a calha dos rios, provocando enchentes maiores.
Uma terceira consequência do desmatamento em grande escala da região, que Fearnside detalhou em 2004, mostra que menos água da Amazônia seria transportada pelos ventos para o Sudeste durante a temporada de chuvas, o que reduziria a água das chuvas de verão nos reservatórios de São Paulo.
Bingo! Este ano, o Rio Madeira, principal afluente do Amazonas, vive a maior cheia em décadas e a água invade as margens deixando milhares de pessoas sob enchente. Ao mesmo tempo, reservatórios de São Paulo se encontram nos níveis mais baixos da história depois do mais seco dos verões, deixando milhões sem água. “O pior é que essa água só é transportada para São Paulo no verão, no resto do ano, o transporte cai. Se não encher os reservatórios na temporada de chuvas, só no ano seguinte”, explica.
Pergunto se ele não se assusta diante dos estudos que indicam a besta do Apocalipse ambiental chegando a galope: “Não sei se a palavra é essa. O importante é tomar decisões antes dos grandes desastres, não depois”.
Insisto: você já viu um sistema econômico se autocorrigir para evitar uma catástrofe? Ele responde com otimismo: “O buraco de ozônio é um exemplo de mudança. O protocolo de Montreal reverteu o problema. Está certo que foi mais fácil, pois as empresas que vendiam o CFC passaram a fornecer novos compostos que o substituíram”. Já o aquecimento global afeta várias das maiores empresas do mundo, como as petroleiras e as cadeias produtivas relacionadas.
Ao se despedir, procura transmitir sua determinação otimista: “O importante é não ser fatalista. A declaração de que o mundo vai acabar não é construtiva. Se você pensa que tudo está perdido, não faz nada e a profecia se realiza”. Não consigo deixar de pensar: “Assim falou Fearnside”.
 Foi quase por acaso que Fearnside, ainda um jovem pesquisador de 26 anos, veio fazer no Brasil a pesquisa para seu doutorado, em 1974. No mestrado, que ele defendeu na Universidade de Michigan, tinha estudado a capacidade do ambiente do Rajastão, na Índia, suportar a ocupação humana que se intensificava com a construção de barragens para irrigação e produção de eletricidade.
Publicado em 10/04/2014 - Leão serva

MPT ajuíza dissídio coletivo dos eletricitários da CEEE

O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou, na tarde da quinta-feira, no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, o dissídio coletivo dos eletricitários da CEEE. A categoria está em greve desde 31 de março. De acordo com o MPT, “as negociações estão em um impasse, sem perspectiva de avanço”. Nessa quarta-feira, reunião de mediação realizadano TRT-RS terminou sem acordo entre o Senergisul e a empresa.

Assim, as cláusulas do contrato entre CEEE e empregados deverão ser decididas pela Seção de Dissídios Coletivos do TRT-RS, composta por 11 magistrados. Geralmente, o processo é juizado por uma das partes, mas o MPT tem essa prerrogativa legal quando a greve atinge serviços essenciais à população.

A vice-presidente do Tribunal, desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, presidente em exercício da SDC, concedeu cinco dias corridos para o Senergisul apresentar suas eivindicações, em forma de cláusulas. Depois será aberto outro prazo para a CEEE juntar os seus posicionamentos sobre cada item. Ainda não há definição quanto à data de julgamento do dissídio. Nada impede, no entanto, que as partes cheguem a um acordo durante o andamento do processo.

Entre as principais reivindicações dos eletricitários estão o pagamento em dinheiro do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2013. O benefício está previsto em acordo coletivo judicial, com vigência para o período de 2012/2014. Entre as principais reivindicações dos eletricitários estão o pagamento em dinheiro do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2013. O benefício está previsto em acordo coletivo judicial, com vigência para o período de 2012/2014. A categoria ainda pede aumento do auxílio-alimentação de R$ 800,00 para R$ 1.200,00, elevação de 25% no valor de reembolso do plano de saúde (hoje em R$ 275,00) e reajuste salarial de 12%. A última oferta da empresa contemplou o pagamento do PPR em folgas, aumento do vale-alimentação para R$ 850,00, reembolso de R$ 300,00 referente ao plano de saúde, além de elevação salarial conforme o INPC (5,38%).

Na audiência dessa quarta-feira, a desembargadora Ana Luiza fixou novos percentuais de atendimento mínimo durante a greve. Sob pena de multa diária de R$ 50 mil, o Senergisul deve manter 70% do serviço nas áreas de emergência, 60% nos setores operacional e de call center e 30% nos demais.


Fonte: Âmbito Jurídico