O primeiro dia de greve da Polícia
Militar da Bahia provocou caos em Salvador ontem, com saques, arrastões e
atividades afetadas em escolas e no transporte público.
Os PMs anunciaram a greve na noite de
anteontem, a menos de dois meses da abertura da Copa --Salvador é uma das
principais sedes do evento e terá seis jogos.
O governo Jaques Wagner (PT) acusou
motivação política e pediu reforço de tropas federais, que começaram a chegar
ontem --2.500 homens do Exército e 250 da Força Nacional serão deslocados.
Um dos principais motivos da
paralisação --a segunda desde 2012-- é o novo código de ética que o governo
propôs. Em fase de preparo, ele enquadra o PM em infração disciplinar caso ele
seja incluído em cadastros de devedores ou dê entrevistas à imprensa.
Os PMs também querem, dentre outras
coisas, gratificações para policiais da reserva e progressão na carreira.
Sem policiais nas ruas, os crimes
avançaram ainda na madrugada. Houve saques a supermercados, redes de
eletrodomésticos e a pequenas lojas no centro e na periferia.
A situação se agravou porque a Polícia
Civil fez paralisação de 24 horas, agendada previamente, e a Guarda Municipal
quase não foi às ruas alegando "questão de segurança", segundo o
sindicato.
Pela manhã, muitos comerciantes não
abriram em Salvador e shoppings tiveram segurança reforçada.
O escasso policiamento nas ruas era
feito por policiais de batalhões especiais, como o de choque. No Jardim de
Alah, orla da cidade, oito jovens foram presos após um arrastão. Outros 26
foram presos por suspeita de saques. O Estado disse que, no total, cerca de 50
pessoas foram presas em Salvador e imediações.
Grande parte dos ônibus não circulou, e
passageiros se acumularam nos pontos.
Escolas e faculdades liberaram alunos.
Um jogo do Vitória e o espetáculo da Paixão de Cristo foram cancelados.
A Justiça baiana declarou a greve
ilegal e determinou o fim do movimento. Os PMs, contudo, mantinham a
paralisação até ontem à noite.
Segundo o comando da greve, a adesão
era de 80%.
O líder da greve de agora e da de 2012
é o soldado Marco Prisco, vereador pelo PSDB.
O ministro da Justiça do governo Dilma
Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou que a ação dos PMs é "claramente
inconstitucional".
"Quando elas [as reivindicações]
se colocam contra a sociedade, trazendo insegurança e um clima social perverso,
não podem ser tidas como legítimas", disse.
Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília
17/04/2014 por
Folha de S. Paulo
DE SALVADOR
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