terça-feira, 26 de janeiro de 2016

UGTpress: EMPRESAS FAMILIARES

EMPRESAS FAMILIARES: elas nunca saíram da moda e alguns grandes grupos começaram como pequenas empresas da família. Em geral, o tirocínio empresarial, um ideal ou a necessidade de sobrevivência fazem o empreendedor, uma pessoa que gera, acumula e distribui riqueza. Uma definição que aparece em qualquer manual de negócios. No entanto, a empresa familiar tem características próprias que, às vezes, tornam sua condução mais complexa do que a simples administração das atividades comerciais ou industriais, ultrapassando-as em dificuldades.
DIFICULDADES: essas dificuldades são ocasionadas porque há uma sutil ligação entre as questões emocionais, intuitivas e racionais, ora prevalecendo uma ou outra. Em geral, a empresa familiar “tem a cara de seu fundador”. Começando com o cônjuge, envolvendo depois os filhos e até outros parentes, a empresa familiar visa melhorar as condições de vida da família. A tradição mostra o poder decisório, hereditário e vertical, com certos atributos familiares superando a eficácia e a competência. Quando isso ocorre, a empresa corre sérios riscos.
RIGOR FALTANTE: os manuais de administração são ricos em detalhes sobre a condução das empresas familiares. Em caso de conflitos, às vezes numerosos depois que a família cresce ou o fundador envelhece, recomenda-se que, em qualquer hipótese, a empresa deve vir na frente. Outra regra, válida também para a política, é aquela máxima: “você não pode contratar alguém que não possa ser demitido”. Isso acontece freqüentemente com parentes próximos. O amor, a preferência e outras afinidades são muitas vezes causas da decadência de empresas familiares.
NEM SÓ DEFEITO: há também vantagem em gerir uma empresa familiar. Normalmente, suas decisões e reações são rápidas, têm menor burocracia ou departamentalização, algo que não encontramos nas grandes empresas ou na administração pública. Isso é decorrência da concentração de poder, em geral nas mãos do fundador ou sucessor escolhido.
NOME DE FAMÍLIA: o Brasil praticamente começou a desenvolver  suas maiores empresas a partir de grupos familiares. Herdamos a tradição portuguesa de nomes próprios, mas nosso primeiro e lendário grupo foi italiano: S/A Indústria Reunidas F. Matarazzo. Até a década de 1950/1960 não havia nada maior no Brasil, a não ser estatais ou concessionárias de serviços públicos. À época do Império, o Barão de Mauá (Irineu Evangelista de Souza) também foi um empresário de alta respeitabilidade, assim como a família Ermírio de Morais, cujo grupo tem o nome de Votorantim e foi fundado em 1918, a partir da iniciativa do pernambucano José Ermírio de Morais.
ESTÁ MUDANDO: hoje, os empresários, donos de grandes empresas familiares, se ressentem e alegam que os seus filhos, em geral pessoas com cursos superiores e outras profissões, já não querem assumir os negócios da família. A revista inglesa “The Economist”, ao abordar o tema, escreveu: “A geração mais nova tem bons motivos para hesitar. Não é tarefa fácil ocupar o lugar de um patriarca, ou matriarca, bem sucedido. E quando o jovem finalmente cria coragem para pegar o volante, ainda corre o risco de ter por um bom tempo a seu lado, no banco do passageiro, um palpiteiro de marca maior” (Estadão, 7-12-2015). Segundo Warren Buffett, mesmo que faça a empresa crescer, o herdeiro ouvirá comentários de que só chegou onde está porque o “velho” construiu tudo e ele faz parte do “clube do esperma sortudo” (idem, idem).
ATUALIDADES: a médica Adriana Melo, doutorada pela Unicamp, 45 anos, trabalha em uma maternidade de Campina Grande, na Paraíba. Ganha menos de 4 mil reais por mês por 20 horas de trabalho. Suas observações foram as mais importantes para comprovar a ligação entre o zika vírus e a microcefalia. Heroína anônima em meio ao caos da saúde pública no Brasil, inicialmente foi incompreendida por colegas e autoridades. A Samsung doou um equipamento de ultrassonografia à maternidade, mas a cidade de quase 700 mil habitantes não possui ressonância magnética. Ela trabalha sem as condições técnicas e profissionais ideais. No entanto, praticamente sozinha, mas com o apoio da Prefeitura Municipal, foi a responsável por um desencadeamento de provas que levou à decretação pelo Ministério da Saúde de uma emergência sanitária. Ela recebeu os parabéns de Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores.