terça-feira, 8 de outubro de 2019

Participantes de audiência da CDH pedem mudanças na reforma da Previdência

A proposta que trata da reforma da Previdência (PEC 6/2019) foi aprovada em primeiro turno pelo Plenário na semana passada, mas especialistas ainda defendem alterações no texto no segundo turno de votação. Eles participaram nesta segunda-feira (7) de mais uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do ciclo de debates sobre Previdência e trabalho. A reunião foi proposta pelo presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT-RS).

Diego Monteiro Cherulli, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, considerou uma vitória para o trabalhador a retirada de mudança das regras para concessão do abono salarial. Atualmente o trabalhador que ganha até dois salários mínimos (R$ 1.996) tem direito ao benefício e essa regra conforme o texto aprovado em primeiro turno, será mantida.

Entretanto, Diego lamentou que ainda persistam na proposta "erros” que podem não ser corrigidos pela PEC Paralela, que consolida as mudanças feitas pelo Senado ao texto aprovado na Câmara (PEC 133/2019), como defendem alguns senadores. Ele alertou para a possibilidade de o texto ser considerado inconstitucional por propor a rediscussão de conteúdo de proposta de emenda à Constituição rejeitada ou prejudicada na mesma sessão legislativa.

— Nós estamos aprovando um texto constitucional errado e dizendo que vamos consertar por uma PEC Paralela. Quem disse que essa PEC Paralela vai passar? Quem disse que ela não pode ser considerada formalmente inconstitucional? Que legitimidade há numa proposta de emenda constitucional onde nós estamos aprovando e falando que está errado. Isso vai para o judiciário.

Já José Pinto da Mota Filho, Presidente da Sociedade Brasileira de Previdência Social, ressaltou que, apesar do avanço na manutenção das regras para o abono salarial, é preciso certificar na reforma o valor do financiamento do benefício que, segundo ele, foi reduzido de 40% para 28%. Esse financiamento tem origem no Fundo de Amparo ao Trabalhador e no Fundo do PIS/Pasep, que servem para custear o seguro desemprego e o abono pecuniário.

— Nós mantivemos o mesmo benefício originalmente aprovado na Constituição vigente e reduzimos a parcela que é destinada ao seu custeio na Constituição. Então isso teria que ser recomposto. Se o valor do benefício for recomposto, seu financiamento, em tese, teria que ser recomposto.

Também favorável a mudanças no texto da reforma na discussão em segundo turno, o consultor do Senado Luiz Alberto disse que a PEC ainda está muito distante do que seria aceitável e urgente para o país. Ele defendeu a aprovação do destaque para retirar do texto as novas exigências para concessão da aposentadoria especial.

— É nítido que quem trabalha sujeito a condições especiais de trabalho e sofre por conta disso um desgaste físico, que lhe reduz a expectativa de vida, não pode ser penalizado com exigência de idade.

O senador Paulo Paim, ressaltou que esse destaque só não foi aprovado, na votação do primeiro turno da PEC, por uma diferença de três votos, e lamentou a decisão dos senadores.

— Por detalhe que nós perdemos, por três votos, nós não derrubamos a questão da vinculação da idade com a aposentadoria especial. Mas nós vamos tentar de novo agora no segundo turno.
(Mais informações: Senado)
Fonte: Agência Senado

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