O
saldo de R$ 500 numa conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) em 2000 elevou-se para R$ 855 em 2011, quando deveria ter chegado a R$
1.010 se tivesse sido corrigido pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor
Amplo (IPCA) acumulado no período. Os números foram citados pelo presidente da
Subcomissão Temporária do FGTS, senador Cyro Miranda (PSDB-GO), como exemplo da
defasagem na correção dos saldos do fundo, debatida em audiência pública nesta
quinta-feira (28).
Autora
de um dos projetos que distribuem resultados das aplicações do FGTS para as
contas vinculadas dos trabalhadores (PLS 580/2011), a senadora Marta Suplicy
(PT-SP) afirmou que o patrimônio líquido do fundo cresceu 21,8% em 2008 (em
relação a 2007) e 9,3% em 2009 (em relação a 2008), e nenhum centavo desse
resultado voltou a sua origem – a conta dos trabalhadores.
Marta
Suplicy disse ter identificado 12 projetos no Senado e 126 na Câmara dos
Deputados propondo novas possibilidades de saques nas contas vinculadas ou
novos critérios para sua correção. A parlamentar disse que a subcomissão, que
funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), pretende dar uma
resposta a tais demandas.
Riscos
A
subcomissão ouviu de representantes do Conselho Curador do FGTS e dos
Ministérios das Cidades e do Planejamentouma série de ponderações quanto aos
riscos de mudanças. O secretário-executivo do conselho, Quênio Cerqueira de
França, disse que o cenário de queda dos juros pode tornar difícil a qualquer
aplicação financeira, em futuro próximo, obter o que o FGTS hoje paga nas
contas vinculadas: Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano.
O
secretário-executivo ponderou que uma mudança na remuneração poderia reduzir
recursos para a concessão de subsídios à aquisição de moradia no âmbito do
programa Minha Casa, Minha Vida – variáveis de R$ 8 mil a 23 mil. Esses
subsídios, segundo ele, beneficiam majoritariamente trabalhadores de baixa
renda, cotistas do fundo. A ampliação de seus rendimentos nas contas
vinculadas, acrescentou, nunca compensaria a eventual extinção desses
subsídios.
Orçamento
Marta
Suplicy disse concordar com os subsídios do Minha Casa, Minha Vida, mas
perguntou se os seus custos não deveriam ser assumidos pelo governo federal,
via Orçamento da União, em vez de serem bancados pelo FGTS.
Esther
Albuquerque, do Ministério do Planejamento, disse que, na meta de investimentos
do programa até 2014, o fundo participará com R$ 10 bilhões do total de R$ 72
bilhões previstos para subsídios aos adquirentes de casa própria.
Antonio
Ramalho Júnior, representante da Força Sindical, sugeriu inverter a prioridade
do FGTS, deslocando-a dos programas do governo para o trabalhador. Ele insistiu
na necessidade de se distribuírem os resultados das aplicações do FGTS para os
cotistas do fundo.
O
secretário-executivo do Ministério das Cidades, Alexandre Cordeiro Macedo,
disse que uma eventual distribuição desses recursos renderia a cada trabalhador
cotista o valor anual de R$ 260. Mas, segundo ele, poderia impedir a execução
de programas como o Minha Casa, Minha Vida, “que proporciona a criação de 2
milhões de empregos formais”.
Esse
tipo de investimento, de acordo com Macedo, aumenta o patrimônio do FGTS, com a
ampliação das contribuições para o fundo geradas pelas novas contratações.
Além
do PLS 580/2011, o PLS 48/2012, de autoria do senador Paulo Bauer, estabelece
critérios para distribuição do resultado do exercício financeiro para as contas
vinculadas dos trabalhadores. Ambos alteram a Lei 8.036/1990.
Fonte:
Agência Senado
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