quarta-feira, 5 de março de 2014

 ENERGIA ELÉTRICA: já há algum tempo e em várias ocasiões UGTpress vem alertando sobre as trapalhadas brasileiras no setor de energia em geral. Agora, mais uma vez pela imprevidência, o Brasil está ameaçado de apagão. Não se trata da falta de chuvas (que sempre pode ocorrer), mas da falta de planejamento e da má condução na administração dos serviços essenciais. É preciso ter folga, gordura ou alternativas que permitam melhor capacidade de geração de energia em momentos de crise, como o que o Brasil está vivendo. Afinal, já faz anos do primeiro grande apagão brasileiro. Problemas políticos também atrapalham: sabe-se que o país deveria estar economizando neste momento cerca de 5% (cinco por cento) no consumo de energia da região sudeste. O ONS (Operador Nacional do Sistema) identificou "déficit e necessidade de racionamento". O que move o governo na direção contrária aos cortes e aos racionamentos? O governo alega que o país ainda está sob o período de chuvas e que, portanto, a situação pode mudar. Em outras palavras, vamos depender de São Pedro.
.
ECONOMIAS FRÁGEIS: uma das discussões mais profundas do momento refere-se à causa das fragilidades de certas economias, incluindo a brasileira. Em geral, a dicotomia não é recomendável: as fragilidades resultam tanto de fatores internos como de fatores externos. Economias são atualmente muito interdependentes. O professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) citou, em artigo na Folha de São Paulo (08-02-14), quatro fatores complementares: "a) a liberalização financeira que, desde os anos 80, submetem os países às peripécias da movimentação desimpedida do capital-dinheiro; b) o movimento da grande empresa manufatureira transnacional para ocupar espaços "competitivos"; c) a centralização do controle do capital financeiro e produtivo à escala global; e d) a política dos Estados soberanos que buscavam empreender estratégias de desenvolvimento". Para ele, essas premissas foram determinantes na adoção de políticas econômicas, gerando posições tanto promissoras como perigosas. Pelo visto, o Brasil está caminhando para uma zona cinzenta, de risco.

ESPERANÇAS PARA 2014: como UGTpress já afirmou que 2014 será um ano atípico e difícil, é bom adiantar algumas perspectivas favoráveis: as reações das economias japonesa e americana e a possibilidade da Europa já ter atingido o fundo do poço, só restando a ela emergir, vagarosamente, para índices pífios de crescimento (meio a 1% ao ano). Na Ásia, os anúncios de reformas no Japão (e também na China), especialmente pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, nas áreas de energia, agricultura, mercado de trabalho, previdência e saúde, são de tirar o fôlego, sobretudo porque feitas numa sociedade rigidamente estratificada e tradicional. Nos Estados Unidos, os resultados começam a aparecer, mas vamos depender das respostas à redução de estímulos por parte do FED (Banco Nacional de Reserva dos Estados Unidos). São notícias ainda tímidas, não consolidadas, capazes de fazer com que 2014 não seja de todo ruim internacionalmente. O Brasil, sem reformas, segue o compasso de espera, uma espera que já está quase completando 30 anos.

POLÍCIAS: notícias diárias dão conta de problemas na polícia brasileira. Há de tudo: problemas hierárquicos, divergência entre setores, reclamações salariais, corrupção, assassinatos de civis, corporativismo e muitas outras mazelas. Isso leva a algumas reflexões. Se a Polícia - estamos falando de forma generalizada e podemos colocar no balde todas elas, da Federal às municipais - apresenta esse grau de desorganização, é bem provável que o combate ao crime resulte ineficiente. Polícias eficientes, preparadas e bem formadas, são garantia de melhor qualidade no encaminhamento e solução das demandas. Boa porcentagem dos inquéritos é contestada por erros técnicos. Está mais do que na hora de preparar as polícias brasileiras.

NO LIMITE: o escritor francês, Marin Ledun, escreveu o livro "No Limite" (Editora Tordesilhas), cuja motivação é o cenário corporativo dos novos tempos: tarefas impossíveis, prazos irreais, mudanças de função e demissões inesperadas. Apesar da crueza dos temas, o livro é um romance, baseado nas experiências do autor como funcionário da France Télécon, justamente na época de sua privatização. Chamou-lhe a atenção 60 casos de suicídios entre os ex-funcionários da empresa. Em entrevista à Folha de São Paulo (08-02-14), Marin Ledun declarou: "O gerenciamento por meio de objetivos financeiros se tornou uma lei quase evangélica, e o caso da France Télécon ilustra isso. A medição dos resultados se tornou mais importante que a qualificação profissional e a qualidade dos produtos."