Após uma semana, a Copel trouxe à mesa de
negociação, nesta quinta-feira (18) exatamente a mesma proposta que já havia
sido rejeitada pelos 17 sindicatos que representam os trabalhadores.
Diante disso, a posição das entidades segue a
mesma: aguardamos que a empresa reavalie sua “proposta indecorosa” e traga à
mesa de negociação uma oferta que atenda ao que esperam os trabalhadores. E o
recado dos trabalhadores está claro na pauta de reivindicações: aumento real de
salários.
Mais uma vez, nesta quinta-feira, ouvimos o
superintendente de Recursos Humanos, Luiz Carlos Cavanha, que se esforçou para
pintar um quadro negro para o futuro da empresa. “O cenário não se apresenta
muito favorável. Não há condições para ganho real”, jurou.
As dificuldades, se é que existem, não são para
todos. O economista Fabiano Camargo, do Dieese, lembrou que a mesma direção que
apresenta um “cenário não favorável” aos trabalhadores se deu de presente um
aumento de 60% nos próprios salários, entre 2010 e 2012. “Os gastos da Copel
com a remuneração de diretores e conselheiros saltou de R$ 6,3 milhões para R$
10 milhões, no período”, disse Fabiano.
Mesmo em meio a esse “cenário não favorável”, a
Copel não viu problemas em gastar quase R$ 18 milhões num avião para uso de
seus diretores – e, segundo o jornalista Celso Nascimento, da “Gazeta do Povo”,
também para uso do governador Beto Richa (PSDB).
E, mesmo em meio a este “cenário não
favorável”, a Copel mostra interesse em adquirir o Grupo Rede, que está sob
intervenção da Aneel, como noticiou hoje a imprensa.
Cenário desfavorável, como se vê, só há para você, trabalhador.
Tudo isso acontece no mesmo ano em que as outras
empresas do setor – que não têm os prêmios e a solidez que a Copel alardeia em
seus anúncios publicitários – concederam reajustes acima da inflação. “No setor
elétrico, em 23 negociações, houve ganho real médio de quase 2%”, lembrou
Fabiano.
A única diferença da proposta da Copel, em relação
à semana passada, é a adoção do Divisor 200, em vez do 220. “Mas isso é apenas
o que garante súmula do Tribunal Superior do Trabalho, é o que está na lei. Por
isso, nem precisa constar do ACT, que é um documento que registra avanços em
favor do trabalhador”, afirmou Jonas Braz, diretor do Steem.
“Foram os trabalhadores que seguraram a Copel em
momentos difíceis, como o da época das ameaças de privatização. Sempre que a
empresa esteve sob risco, os trabalhadores se mobilizaram para defendê-la. Mas
a recíproca não é verdadeira. Nos últimos anos, a direção comemorou lucros
fabulosos, mas não concedeu qualquer aumento real. Como explicar isso aos
trabalhadores?”, lamentou Alexandre Martins, presidente do Sindenel.
Na reunião desta quinta-feira, cada uma das 17
entidades presentes recebeu carta assinada pela diretora de Gestão Corporativa
da empresa, Yara Eisenbach, que garante a manutenção de nossa data-base para
1.º de outubro. Por isso, reafirmamos: este é o momento de nos mantermos unidos
e mobilizados. A pressa não nos favorece. Com calma, união e mobilização, vamos
chegar a um Acordo Coletivo que fará jus ao que merecemos.