quarta-feira, 6 de abril de 2016

UGTpress: DIREITOS HUMANOS

DIREITOS HUMANOS: o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos não foi nada benéfico para o Brasil. Seu principal alvo foi a violência policial com destaque para a morte de afrodescendentes. "No Brasil, o governo tomou ações para lidar com os direitos sociais dos afrodescendentes, especialmente no campo da educação. Apesar disso foi amplamente informado sobre a insegurança que muitos jovens afro-brasileiros sentem diante da violência policial e da impunidade. Mais de duas mil pessoas foram mortas pela polícia no Brasil e elas eram, de forma desproporcional, afrodescendentes", afirmou Zeid Bin Hussein, do Alto Comissariado, referindo-se ao ano de 2015. Não foi só isso. Também o relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a Prevenção da Tortura acusou o Brasil de não dar respostas à violência policial. O dado mais impressionante sobre o tema é o valor gasto pelo país em saúde pública só para atender as vítimas da violência: 5,14 bilhões de reais. Ou seja, a prevenção e o combate a essa violência indiscriminada seriam mais baratas.
DESIGUALDADE, NOVA VERSÃO: o boletim UGTpress nº 0492 deu espaço ao pensamento do sociólogo Pedro Pereira de Souza, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que, em resumo disse: "O bolo cresceu, mas não foi dividido". No caderno de economia da Folha de São Paulo (12-03-2016), outro professor da Universidade de Nova Iorque, Brando Milanovic, também estudioso da desigualdade, diz: "A locomotiva de redução da desigualdade global e também da pobreza é o crescimento. É imperativo, para países pobres e de renda média, ter altas taxas de crescimento, não só para suas populações. O crescimento deles reduz a disparidade da renda média no mundo. Não adianta um país desistir de crescer e tentar atacar apenas a desigualdade".
AJUSTE NAS CONTAS CORRENTES: "Nos últimos 18 meses, a única boa notícia sobre a economia brasileira tem sido a queda do déficit em contas correntes. Em dezembro de 2014 tínhamos um déficit de US$ 104 bilhões, que caiu para US$ 58,9 bilhões em dezembro de 2015, caminhando para algo em torno de US$ 15 bilhões em 2016. A depreciação cambial tem papel preponderante neste ajuste, e foi determinada fundamentalmente pelos riscos associados à deterioração fiscal". A informação é de Afonso Celso Pastore, em artigo para o Estadão (06-03-2016). Depois de análise profunda e criticando a falta de humildade das autoridades monetárias brasileiras, o professor Pastore finalizou: "se o governo brasileiro quiser recolocar o País em uma trajetória de crescimento, terá de encontrar uma resolução para o problema fiscal, mas não pode fazê-lo através de "soluções fáceis", como o aumento dos gastos públicos ou a venda de reservas internacionais. Terá de fazê-lo atacando o problema em sua origem, que começa com a execução de reformas. Para tanto, precisamos de um governo que pense no país ao invés de pensar apenas em se manter, a todo custo, no poder".
REFERENDO NA BOLÍVIA: foi pouco comentada no Brasil a derrota de Evo Morales, em sua tentativa de mudar a constituição daquele país para permitir, pela quarta vez, sua reeleição. A primeira pergunta que se faz é: seriam os bolivianos, na maioria índios e analfabetos, mais maduros politicamente do que os brasileiros? Primeiro, a mudança implicou em referendo popular; segundo, o resultado é uma inegável vitória da democracia e liberdade; terceiro, é uma visível derrota do populismo; quarto, teria sido Evo atingido pela onda de direita que progride na América Latina? Nem tudo são flores na Bolívia. Lá também os preços das commodities e das matérias-primas caíram e isso trouxe inesperadas dificuldades à economia boliviana. A melhor resposta talvez seja uma mescla de situações, com influências pontuais de todas as tendências atuais. O importante foi que Evo Morales curvou-se ao resultado das urnas.
ATUALIDADES-CSA: na última semana de abril, o Brasil sediará o III Congresso da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas). A CSA é uma organização nova, fundada em 2008 e fruto de importante processo de unidade sindical, envolvendo organizações das extintas CLAT e ORIT e incorporando outras entidades independentes. A CSA nasceu forte e foi essencial nestes tempos de crise, desenvolvendo trabalhos abrangentes em praticamente todos os países do Continente. Tem mais de 60 centrais nacionais filiadas e sua representação ultrapassa 50 milhões de trabalhadores. No Brasil, estão filiadas a CUT, UGT, FS, CNPL e NCST, maioria das grandes organizações de trabalhadores do país. O secretário-geral é o paraguaio Victor Báez Mosqueira, que deve ser reeleito. Outros diretores (secretariado) são Hassan Yussuff (Canadá), Júlio Roberto Gómez (Colômbia), Amanda Villatoro (El Salvador), Rafael Freire Neto (Brasil) e Laerte Teixeira da Costa (Brasil). Ligeiras modificações são previstas no secretariado, conselho executivo e auditoria (Conselho Fiscal). A CSA deve sair fortalecida e unida de seu III Congresso. São esperadas em São Paulo (Hotel Holiday Inn) cerca de 500 lideranças das Américas, Europa, Ásia e África.