quinta-feira, 24 de março de 2016

Dois terços das indústrias têm prejuízos com falhas no fornecimento de energia elétrica, diz pesquisa da CNI

Problemas são mais frequentes na região Norte. Os setores que acumularam maiores perdas em razão de quedas na distribuição são os de extração de minerais não metálicos, de plásticos e de metalurgia



As falhas no fornecimento de energia elétrica têm causado prejuízos para a indústria brasileira. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 67% das empresas que utilizam a eletricidade como principal fonte em seu processo produtivo são impactadas de forma significativa em razão das interrupções no serviço. 

Os números apontam também que metade das empresas é afetada frequentemente (16%) ou eventualmente (34%) por falhas no abastecimento. Outros 44% se depararam com quedas de energia em “raras ocasiões” e apenas 4% responderam que nunca acontecem falhas. De acordo com a pesquisa, os problemas são mais frequentes no Norte, região onde o percentual de empresas que reclamam das falhas chega a 69%. Na sequência, aparecem o Centro-Oeste (55%), Sudeste (49%), Sul (45%) e Nordeste (42%).

"Para a indústria, o maior problema da queda de energia é a paralisação da produção. Dependendo do tipo de empresa e da linha de produção que ela tem, há perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. São prejuízos consideráveis, que acabam se revertendo em recursos”, destaca o especialista em Políticas e Indústria da CNI Roberto Wagner Pereira.

Infográfico Sondagem Energia
SEGMENTOS - A indústria extrativa é o segmento atingido com maior frequência pelas quedas no fornecimento de energia. Segundo a pesquisa, 51% das empresas desse setor relataram prejuízos altos em decorrência das falhas do sistema. Na indústria de transformação, esse percentual recua para 35%, enquanto na construção fica em 14%. Já os setores nos quais as falhas causaram os prejuízos mais elevados são os de extração de minerais não metálicos (58% afirmaram que os prejuízos com as falhas são altos), de plásticos (55%) e de metalurgia (51%).

A pesquisa revela ainda que a eletricidade é a principal fonte de energia para 79% das empresas consultadas, seguida pelo óleo diesel (4%), lenha (3%) e gás natural (2%).
 
Quando o assunto é preço, 93% das empresas que utilizam a energia elétrica como principal fonte de produção disseram ter notado a elevação do custo com energia, em 2015, enquanto 35% afirmaram que a alta na conta de luz impactou fortemente o custo de produção. Mais da metade (52%) tomou alguma medida para lidar com o aumento das tarifas no fim do ano passado, como a adoção de ações de eficiência energética, prática adotada por sete em cada dez empresas pesquisadas.

Na avaliação da CNI, a sociedade brasileira precisa adotar práticas perenes de uso racional da energia elétrica. O incentivo ao consumo responsável e a gestão transparente dos reservatórios devem ser prioridades na política nacional, uma vez que mais de 70% da matriz energética do país vem de fonte hídrica. Atualmente, a indústria responde por 38% do consumo total de energia elétrica no Brasil.

O Ibope entrevistou 2.876 empresas – 1.143 pequenas, 1.070 médias e 663 grandes –, entre os dias 1º e 15 de outubro de 2015.

SAIBA MAIS - Acesse a página da Sondagem Especial Indústria e Energia para todos os detalhes da pesquisa.

Por Diego Abreu