sexta-feira, 13 de junho de 2014

UGTpress

A COPA DE 1950: Valemo-nos das observações feitas, no Facebook, pelo ex-prefeito de São José do Rio Preto (SP), o médico Liberato Caboclo, sobre a Copa do Mundo de 1950. Também houve atraso nas obras e acusações de corrupção. Mas, nada com a dimensão atual. Estávamos na época dourada do rádio e grande parte da população, muito menor à época, ainda estava no campo. Prevaleciam os termos em inglês: lateral (out-side), impedimento (off-side), jogo (match), goleiro (goal keeper) e uma série de posições (half, center half, half direito, etc). Algumas palavras foram aportuguesadas, como por exemplo, escrete (schatch), que consta do novo Aurélio. O que se lembra dessa época é que o Brasil perdeu a final para o Uruguai. Se a seleção brasileira de futebol chegar novamente à final, será um trauma a vencer.

A COPA DO MUNDO ANUNCIADA: Quando o governo Lula anunciou a realização da Copa do Mundo no Brasil, desconhecemos exceções, todos ficaram satisfeitos, especialmente a imprensa esportiva. Vamos ser francos: quanto mais eventos esportivos, mais empregos na área e maior audiência (ou leitura) nos meios de mídia e, consequentemente, maior publicidade. Embora hoje a publicidade governamental seja de longe a mais intensa, massacrante mesmo, também as grandes empresas entraram forte no esquema, proporcionando bons lucros aos meios. Em termos de publicidade governamental, provavelmente, em função da Copa do Mundo, o Brasil vai bater um recorde e atingir, em 2014, aproximadamente três (3) bilhões de reais em gasto, o que, convenhamos, não é uma soma desprezível.

SURPRESA DESAGRADÁVEL: A grande surpresa surgiu na Copa das Confederações, evento preparatório para a Copa do Mundo. Explodiram manifestações em todo o país, com argumentações para lá de razoáveis. As comparações, principalmente, foram em função dos gastos da Copa do Mundo com as realizações no campo da saúde e da educação, ainda setores em que o país não atingiu sua maioridade. Depois disso, se falou em reformas, principalmente a política, algo já esquecido pelo Legislativo e Executivo brasileiros. Mas, os temas ficaram latentes e os problemas não foram resolvidos, o que gera novo combustível para os grupos que se manifestam. Conforme o previsível, as manifestações voltaram,  embora, parece, não tenham a adesão da maioria.

PERDAS E GANHOS POLÍTICOS: Em um ambiente de festa e  turbulência, certamente há perdas e ganhos para os grupos políticos que acabam por se enfrentar com os meios de que dispõem. Até agora, tudo indica, a presidente Dilma Rousseff perdeu pouco e o pouco que perdeu por enquanto é insuficiente para tirá-la da corrida presidencial deste ano. Só um desastre maior, algo extremamente imprevisível, pode mudar o ambiente eleitoral. Há quem acredite que, se o Brasil não for bem no Mundial, haverá irreversível perda de pontos políticos para a presidente. Não é o que mostram as pesquisas, inclusive do próprio governo. Se a seleção cair na primeira fase, o desgaste será muito grande, incontrolável. Mas, caso contrário, se a seleção ficar entre as quatro primeiras colocadas, as explicações de costume serão suficientes.   

EFEITOS IMEDIATOS: As últimas pesquisas de intenção de votos (Datafolha, semana passada) mostram um fenômeno estranho nas intenções de votos dos brasileiros. Dilma Rousseff vem caindo, porém os votos que ela perde não migram para outro candidato de oposição. Aumentaram os indecisos e os votos nulos e brancos, que já estão em um quinto do eleitorado (20%, aproximadamente). Talvez esse seja o efeito imediato visível das atuais manifestações.

MANIFESTAÇÕES ATUAIS: Contrariamente ao que aconteceu à época da Copa das Confederações, os movimentos paredistas atuais têm origem em movimentos e partidos de ultra esquerda. Antes, foi mais uma formação espontânea, da qual participaram estudantes e outros grupos sindicais. Há certa inquietude quando se confronta abertamente as autoridades e se promove um clima de insegurança e medo, que não serve a ninguém, muito menos aos próprios movimentos. Reivindicações justas e razoáveis sempre têm espaço, em qualquer tempo. Contudo, quando elas extrapolam o bom senso, servem certamente a outros objetivos que não os da categoria representada. Hoje, o sindicalismo praticado especialmente pelas centrais de trabalhadores tem um viés comportado, pacífico e de natureza política abrangente. Em geral, as centrais tentam dialogar com as autoridades e seus argumentos não se restringem às questões meramente trabalhistas. Estão maduras e caminham em vias alternativas. No dia Primeiro de Maio, a UGT (União Geral dos Trabalhadores do Brasil) deu um raro exemplo, fazendo discussões, inclusive com palestrantes do exterior, mostrando que, sim, existem vias de negociação e diálogo. É o que se espera das representações institucionalizadas.

A FACE DA VERDADE: O que está mais do que visível, é que mesmo quando estapafúrdias ou destemperadas, as pessoas toleram as manifestações. Embora sem adesões e até com condenações pontuais, todos acham que há razão do lado de lá. Realmente, o país tem índices de corrupção intoleráveis; o programa habitacional é uma lástima (péssimas construções e preços altíssimos), com um sistema estatal monopolizado, nocivo e ineficiente; saúde precária, com aplicação de grande volume de recursos que se perdem no cipoal burocrático; educação ruim, a maior parte de seus trabalhadores são burocráticos e não estão nas salas de aulas; Estado perdulário e irresponsável. O país é rico, tem boa carga tributária e recursos suficientes para a solução de todos esses problemas. E aí veio a Copa: obras atrasadas, mal feitas (os inúmeros acidentes atestam isso) e caras. As obras de mobilidade urbana a cargo das prefeituras, na maioria dos casos, não foram entregues. Ninguém é cego, o mundo hoje é diferente de 1950, a sociedade está urbanizada e informada.

JANELA ABERTA: Essa possibilidade de comparação, de um lado as obras dos estádios de futebol e de outro as mazelas nacionais, abriu uma janela de observação para os brasileiros. Tornou visível que o país, se melhor administrado, pode resolver os seus problemas sem depender de ajuda externa. Os próprios brasileiros podem, através de suas instituições permanentes, encaminhar suas soluções. Apesar de ser uma frustração, é também uma conscientização. Temos meios e recursos para fazer um Brasil melhor. Essa situação ajudará a amadurecer os eleitores, mas há uma verdade pouco assimilada no meio do caminho: votos brancos e nulos não são a solução. A solução é ainda a participação de todos no processo democrático.

RESULTADOS: O país, com toda essa carga negativa de problemas e má publicidade, é assunto em todo o mundo. Continuará sendo assunto até as Olimpíadas de 2016. Quem viaja e tem oportunidade de ver e ouvir sobre o Brasil, ainda sente uma ponta de orgulho por tudo isso estar acontecendo entre nós. A publicidade interna acalma e abranda, salva as aparências, mas não esconde os problemas. Mas, em todo o planeta, a partir desta semana, só se falará do Brasil, bem e mal, com entusiasmo e com raiva, com erros e acertos. Isso repercutirá internamente e servirá como lição. Nossos políticos não aprendem. Não aprenderam com as manifestações anteriores e estão de mãos atadas diante das manifestações atuais. Continuam promovendo "mal feitos", como diz a presidente. Muito ainda se falará até meados de julho. Não estando na corrente do "quanto pior melhor"UGTpress é de opinião que não se pode perder a oportunidade de melhorar institucionalmente o país, promover as reformas necessárias, dar educação e saúde ao povo e construir verdadeiramente uma nação democrática.

Empresas do Sistema Eletrobrás e sindicatos fecham acordo para fim da greve

Representantes de federações e sindicatos dos empregados e das empresas do Sistema Eletrobrás fecharam acordo nesta terça-feira (10) no Tribunal Superior do Trabalho, em dissídio coletivo de greve, com o objetivo de encerrar a greve que ocorre em algumas das unidades de produção do grupo desde segunda-feira.

O dissídio coletivo foi impetrado pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás, Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e Furnas Centrais Elétricas S.A. para que o TST declare a greve abusiva e determine o encerramento do movimento.

O acordo, fechado pelo vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Ives Gandra Martins Filho, será levado à aprovação da categoria em assembleias a serem realizadas até a meia-noite dessa quarta-feira (11).

Pela conciliação, as empresas pagarão a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) referentes a 2013 48 horas após o encerramento da paralisação. As faltas dos grevistas serão abonadas, e as empresas se comprometeram a negociar a forma de pagamento da PLR de 2014, a ser paga em 2015, com a intermediação da Vice-Presidência do TST e do Ministério Público do Trabalho.

A PLR foi o motivo da greve. Os empregados alegam que o valor oferecido esse ano, relativo a 2013, foi menor do que nos anos anteriores, e que a parcela não foi paga de forma igual para todos os empregados do sistema, como ocorria anteriormente.

As empresas alegam que houve prejuízo acumulado nos últimos dois anos, e que a Eletrobrás e suas empresas se encontram em situação crítica, principalmente devido à edição da Medida Provisória 579, que reduziu o valor da tarifa de energia. Além disso, o Termo de Pactuação da PLR, previamente discutido e pactuado com as entidades sindicais, não permite o pagamento superior a 25% dos dividendos.

De acordo ainda com as empresas, 80% dos empregados já receberam a PLR.
Por sua vez, os sindicatos referiram que o lucro não veio por razões alheias ao fator trabalho, por política governamental, e que "o bom desempenho dos trabalhadores foi uma realidade, sendo devido o pagamento da PLR a todos os empregados do Sistema Eletrobrás"

Caso o acordo não seja aprovado pela categoria, o dissídio será julgado pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST. No entanto, o ministro Ives Gandra já determinou, liminarmente, que, caso não haja essa aprovação, sejam mantidos 90% do pessoal das unidades de distribuição de energia e 45% nos setores administrativos durante a greve, sob pena de multa de R$ 100 mil ao dia, a ser paga pelas entidades sindicais. Para o vice-presidente, o setor elétrico está entre os considerados como essencial pela Lei de Greve (Lei 7.783/1989).

Processo: DCG-11706-67.2014.5.00.0000

Fonte: TST  /Informativo CNTI de 13/06/2014.