Na
infinitude de cartazes das recentes manifestações, com todo o tipo de
reivindicação, chamou a atenção a ausência de pautas tradicionais como inflação
e desemprego. No entanto, a condução da política econômica causa preocupação ao
diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. “A grande questão que
precisaríamos construir no Brasil é de sustentação do crescimento econômico.
Sem isso, não conseguimos sustentar várias dessas pautas (das ruas)”, diz o
economista, que participou da reunião das centrais na manhã desta terça-feira
(25), na sede da UGT, em São Paulo.
Para
ele, os itens econômicos não são “questões prementes” neste momento. “O
desemprego não está aparecendo como um problema. A inflação está alta, mas não está
maior do que já houve no passado, não está fora do controle. Os protestos
mostram fatos mais presentes no cotidiano das pessoas, como o transporte.”
O
crescimento necessário passa por mais investimentos produtivos, em áreas como
ciência e tecnologia e infraestrutura. Mas Clemente acredita que algumas das
medidas adotadas vão no sentido contrário, como a elevação dos juros. "A
política monetária em curso vai contra uma estratégia de crescimento. Houve uma
pressão descabida da sociedade, criando uma situação cujo remédio é grave para
a perspectiva de crescimento."
O
efeito colateral desse remédio, diz o técnico do Dieese, é preocupante: corte
no orçamento. "Você vai gastar menos com outras coisas", lembra. E a
consequência é "reduzir a atividade econômica, que já está baixa".
Inflação de demanda não representa um problema para o país, acrescenta o
economista: "Não há consumo excessivo".
Clemente
acredita que a economia crescerá "com quase certeza" abaixo de 3%
este ano. As taxas de desemprego tendem a ficar próximas das do ano passado,
"se houver uma sinalização de que o crescimento vai estar em torno de
2,5%".
Fonte:
Rede Brasil Atual