sexta-feira, 4 de março de 2016

UGTpress: ANORMALIDADE GLOBAL

ANORMALIDADE GLOBAL: o professor Nouriel Roubini, considerado o "profeta do apocalipse" por ter previsto a crise de 2008, advertiu sobre novas "anormalidades" na economia global. Desde o início deste ano, diz ele, enfrentamos uma "severa instabilidade nos mercados financeiros", decorrente de vários fatores: inquietações na China; preocupação com o crescimento dos Estados Unidos; temores no Oriente Médio, especialmente em relação à Arábia Saudita e Irã; queda demasiada nos preços do petróleo e das commodities. Acrescenta outras tendências como falta de liquidez e alto endividamento das companhias de energia e fundos soberanos das economias exportadoras de petróleo, a ameaça crescente de saída da economia britânica do âmbito da União Europeia e tendências de baixo crescimento para a economia mundial. Seu artigo, escrito para o Project Syndicate e republicado pela Folha de São Paulo (05/02/2016), informa a queda no crescimento dos países em desenvolvimento e emergentes; elevação da dívida pública e privada desses mesmos países e o visível esforço dessas economias para a redução de suas dívidas. Uma curiosidade no que o professor Roubini escreveu refere-se à volta das medidas monetárias heterodoxas, um caminho que parece ser o preferido do novo ministro da Fazenda do Brasil, Nelson Barbosa.
DESIGUALDADE: o sociólogo Pedro Pereira de Souza, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), observou os dados históricos da desigualdade no Brasil e notou que, embora muita coisa tenha mudado nesses praticamente 100 anos, o Brasil continua mantendo os mesmos índices deploráveis de concentração de renda. "O bolo cresceu, mas não foi dividido. Com alguns pressupostos, pode se estimar que a fração da renda recebida pelo 1% mais rico oscilou entre 20% e 25% durante boa parte do tempo" (Folha de São Paulo, 03/02/2016). Há constatações curiosas feitas pelo sociólogo: houve aumento expressivo da desigualdade nos primeiros anos das duas ditaduras do século 20 (Estado Novo e ditadura militar); a queda mais prolongada da desigualdade ocorre nos anos 1950 durante o governo de Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Por fim, ele diz "esperar que o crescimento puro e simples resolva nossa questão distributiva não funcionou no passado e dificilmente funcionará no futuro" (idem, idem).
RIACHUELO CONDENADA: a indústria de roupas do Grupo Riachuelo, Guararapes Confecções, foi condenada a pagar uma pensão vitalícia a uma costureira lesionada em virtude das atividades exercidas na empresa. Segundo André Campos e Ana Aranha, do Repórter Brasil, "a ex-funcionária desenvolveu Síndrome do Túnel do Carpo, que provoca dores e inchaços nos braços. A ação aponta que a trabalhadora teve a sua capacidade laboral diminuída devido ao ritmo de trabalho exaustivo demandado pela fábrica potiguar, onde são confeccionadas peças de roupa vendidas pelas lojas da Riachuelo".
A SENHORA DE UM TRILHÃO: numa analogia interessante, o professor Paulo Rabello de Castro (PH.D da Universidade de Chicago e autor do livro "O mito do governo grátis") traça um paralelo entre a curiosidade despertada pelos acumuladores de ativos, gente que se deu bem em algum ramo de atividade, inclusive ilícitas e aqueles que sem despertarem qualquer curiosidade acumulam enormes passivos. Dentre esses, tanto Rabello quando Mônica de Bolle, ambos em artigos no jornal "O Estado de São Paulo" (23-01 e 03-02-2016), apontam para a presidente Dilma Rousseff fazendo uma pergunta, no mínimo, incômoda: "Quanto nos custou a atual presidente do Brasil?". Há várias formas de responder a essa pergunta e ambos os articulistas citam algumas, todas com resultados assustadores, a ponto de afirmarem que a presidente brasileira pode figurar no livro dos recordes (Guinness) e ser considerada a pessoa que mais produziu prejuízos à sociedade brasileira. Os cálculos de ambos são complicados e não são considerados os pormenores e a natureza especial da situação vivida ou herdada pela presidente, mas chegam a inacreditáveis um trilhão de reais.   
ATUALIDADES - O IMBRÓGLIO DELCÍDIO DO AMARAL: parece que não há dúvida, Delcídio do Amaral, senador do Partido dos Trabalhadores (PT) pelo Mato Grosso do Sul, realmente tenta fazer um acordo de delação premiada e o depoimento vazado para a Revista Isto É foi considerado verídico pelos meios de comunicação. O documento publicado foi confirmado pela Folha de São Paulo, Estadão e Globo. O principal conteúdo (afirmações ainda sem provas materiais) é colocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente Dilma Rousseff no âmbito do escândalo da Operação Lava Jato. Nas primeiras horas após a revelação do documento, a estratégia da situação foi desqualificar o senador. A presidente condenou "os vazamentos de depoimentos como arma política". As revelações e vazamentos são condenáveis à medida que deveriam estar protegidos pelos principais órgãos investigativos da República, mas não descaracterizam sua autenticidade. O PSDB, que tem muitos de seus quadros sob suspeita, concentrou fogo também sobre o senador procurando meios para cassar seu mandato, mas limitando-se através de alguns líderes a pedir a anexação do depoimento no processo de impeachment de Dilma Rousseff. São unânimes as opiniões de que a situação política agravou-se. Com a divulgação do PIB, a situação econômica apresentando queda de quase quatro por cento é outro complicador. Não há revisão de solução da situação econômica ou política em futuro imediato. As centrais sindicais de trabalhadores do Brasil devem se reunir na próxima semana para examinar a situação.   

terça-feira, 1 de março de 2016

UGTpress: COMPANHIAS AÉREAS

COMPANHIAS AÉREAS: as companhias aéreas brasileiras têm operado no vermelho, especialmente depois da alta do dólar que agravou a situação. O governo pensa em aumentar o limite de participação estrangeira no capital dessas empresas, hoje em 20%. Um dos argumentos mais sólidos a favor desta medida é que os aeroportos nacionais já possuem participação estrangeira ilimitada. Segundo os observadores, a trava para a participação estrangeira vem do tempo da ditadura, quando as aeronaves das companhias aéreas constituíam arsenal de reserva da Aeronáutica e, portanto, se julgava o setor estratégico para a defesa nacional. O maior consenso entre os ministérios envolvidos na discussão é que o limite passe a 49% do capital, permanecendo ainda mais da metade em mãos nacionais. De qualquer forma, não há dúvida que atualmente as companhias aéreas brasileiras já não detêm mais o monopólio dos vôos internacionais, como à época da então poderosa Varig. Certamente, a abertura vai propiciar o avanço das companhias americanas e chinesas. Exemplos já existem: recentemente a Azul recebeu do grupo chinês HNA um aporte de 1,7 bilhão de reais (23,7% do capital da Azul) e a Delta Airlines ampliou para quase 10% a sua participação na Gol.
COMPANHIAS DE BAIXO CUSTO: enquanto aqui no Brasil as companhias aéreas estão com enormes dificuldades, na Europa as duas maiores companhias que trabalham com passagens de baixo custo (low cost), a Ryanair e a EasyJet, vão anunciar resultados positivos no quarto trimestre de 2015. Os especialistas dizem que essas companhias estão se adaptando melhor ao mercado e expandindo a sua rede de passageiros para homens de negócios (antes assentos ocupados por “turistas frugais”). Outros, mais céticos, afirmam que além das adaptações essas companhias foram beneficiadas pelo preço do petróleo, vantagem anulada no Brasil em função da desvalorização do real e consequente alta do dólar.
PRIVATIZAÇÕES SEGUEM: além da maior participação estrangeira no capital das empresas aéreas, seguem a todo vapor os planos para a privatização dos aeroportos. Os próximos serão os de Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador. É provável que a publicação dos editais para a concessão desses aeroportos ocorra entre fevereiro e março.  Os editais de licitação estão sendo analisados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Nas privatizações anteriores, o único sucesso marcadamente visível está nas operações do Aeroporto Internacional André Franco Montoro de Guarulhos: fez as reformas a tempo da realização da Copa do Mundo de Futebol e hoje é considerado um dos aeroportos mais eficientes do mundo. Em outros aeroportos há atrasos e o de Viracopos, em Campinas, é um exemplo de ineficiência e lentidão, além de outros problemas graves que estão sendo ignorados pelas autoridades investigadoras, inclusive da Operação Lava Jato.
PROMOTOR ACUSADO DE CORRUPÇÃO: o promotor público paulista, Roberto Senise Lisboa, foi denunciado pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elis Rosa. Segundo a peça acusatória, o promotor Senise Lisboa teria favorecido a rede varejista Casas Bahia por supostos crimes contra consumidores. As práticas delituosas da rede varejista teriam ocorrido na loja do Shopping Interlagos e o promotor teria sido, no mínimo, omisso, elaborando um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) favorável à empresa e recebendo vantagens em troca. Alexandre Machado Guarita, diretor-jurídico da empresa, e o advogado Vladmir Oliveira da Silveira também foram denunciados por envolvimento no caso. Acontecimentos como esses são raros, porém emblemáticos e devem receber tratamento rigoroso, pois se os fiscais da sociedade negligenciam, não há salvação à vista. O caso recebeu destaque na imprensa paulista e o Estadão fez longa reportagem sobre o assunto (página A-17, de 23/01/16).