terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Baixa no desemprego só será sustentável com salários maiores e combate à precarização, defende sociólogo

 Brasil atingiu no trimestre encerrado em outubro a taxa de desemprego de 5,4%


Mesmo com a melhora recente na taxa de desemprego, em 5,4%, o Brasil continua enfrentando um desafio estrutural: ampliar a qualidade e a remuneração das vagas criadas. A avaliação é do sociólogo Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.


Segundo ele, o ciclo positivo só se manterá se vier acompanhado de um aumento real dos rendimentos. “Melhor salário, mais emprego, cresce a massa salarial”, afirmou. Esse movimento, diz, tem efeitos diretos no consumo e no crescimento econômico. “Se nós temos maior capacidade de consumo, a economia tem que produzir mais e isso tudo reverte uma dinâmica virtuosa”, explicou.


Apesar disso, Lúcio alerta que o país ainda convive com profundas desigualdades e vínculos frágeis. “O mundo do trabalho no Brasil é fortemente composto por presença de trabalho precário, especialmente o trabalho doméstico, 90% feito por mulheres e mulheres negras”, destacou. Ele também chamou atenção para pressões patronais por pejotização e para o avanço da uberização. “Isso tudo está presente nesse mundo do trabalho”, lamentou.


Para enfrentar esse cenário, ele aposta no papel das centrais sindicais. “O movimento sindical tem várias frentes de atuação”, apontou, citando negociações diretas com empresas, políticas públicas e pautas nacionais como a valorização do salário mínimo e a o ajuste do Imposto de Renda (IR). Segundo Clemente, a mudança recém-sancionada terá um impacto direto na renda. “Quem ganha até R$ 5.000 deixará de pagar imposto de renda. É como se o trabalhador passasse a ter um décimo quarto salário”, indicou.


O sociólogo defende que um mercado de trabalho mais justo depende de esforço conjunto entre o governo, as empresas e os sindicatos. “Se tivermos crescimento econômico contínuo, as empresas terão que fazer uma melhor oferta salarial e de condições de trabalho”, concluiu.

Fonte: Brasil de Fato

Governo reduz projeção do salário mínimo de 2026 para R$ 1.627

 Inflação mais baixa leva o Ministério do Planejamento a rever a previsão do salário mínimo para os próximos quatro anos.


O governo federal revisou para baixo a estimativa do salário mínimo de 2026, de R$ 1.631 para R$ 1.627, segundo documentos enviados pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional para subsidiar a análise do Orçamento do próximo ano. A redução de R$ 4 no valor previsto reflete a desaceleração da inflação ao longo de 2025, componente central da política de valorização do piso salarial.


Se confirmado o novo valor, o salário mínimo de 2026 terá um aumento de 7,18% sobre o piso atual de R$ 1.518. Mesmo com a revisão, a política estabelece ganho real, ou seja, reajuste acima da inflação.


A correção do salário mínimo segue uma fórmula que combina a inflação acumulada em 12 meses até novembro, medida pelo INPC, e o crescimento do PIB de dois anos antes, no caso de 2026, o desempenho econômico de 2024.


O governo explica que a redução ocorreu porque a inflação deste ano avançou menos do que o previsto. Com preços de produtos e serviços subindo em ritmo mais moderado, a variação do INPC, base para o reajuste, também diminuiu, levando à correção menor.


PIB de 2024 garante ganho real, mas com limite

A economia cresceu 3,4% em 2024, segundo o IBGE, o que permitiria um ganho real mais robusto no piso salarial. Porém, o aumento efetivo está limitado ao teto definido pelo arcabouço fiscal, que permite acréscimo de até 2,5% acima da inflação. A regra busca evitar que o crescimento das despesas obrigatórias, como aposentadorias e pensões, comprometa a sustentabilidade das contas públicas.


Governo também revisa projeções de anos seguintes

A atualização enviada ao Congresso também reduziu a projeção de salário mínimo para anos posteriores:

- 2027: de R$ 1.725 para R$ 1.721

- 2028: de R$ 1.823 para R$ 1.819

- 2029: de R$ 1.908 para R$ 1.903


Os ajustes refletem a expectativa de inflação mais baixa, o que reduz a trajetória de crescimento do piso salarial.


Impacto no Orçamento e despesas obrigatórias

O valor do salário mínimo influencia diretamente uma série de despesas federais, como:

- aposentadorias e pensões do INSS

- BPC (Benefício de Prestação Continuada)

- seguro-desemprego

- abono salarial


Apesar da revisão, o Ministério do Planejamento informou que não pediu redução dessas despesas no projeto de lei orçamentária de 2026. Segundo a pasta, eventual corte cabe ao Congresso, que decidirá se ajusta ou não as projeções ao longo da tramitação.


"A projeção menor tende a reduzir o gasto com benefícios, mas a decisão final depende da variação da base de beneficiários e da avaliação dos parlamentares", informou o ministério.


Valor final sai em dezembro

O valor definitivo do salário mínimo será conhecido em 10 de dezembro, com a divulgação do INPC de novembro, fechado pelo IBGE. A estimativa é de que o número final fique muito próximo da projeção atual.


A fórmula de correção prevê:

- inflação (INPC) entre dezembro do ano anterior e novembro do ano corrente

- crescimento do PIB de dois anos antes

- limite de ganho real de até 2,5% acima da inflação

 

O governo Lula retomou a política de valorização do salário mínimo em 2023, após anos de correções restritas à inflação.

Fonte: Congresso em Foco

Renda do trabalho e salários pesaram para redução da desigualdade, diz Ipea

 Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que o Brasil atingiu os melhores resultados sociais e distributivos da era pós-Real. A renda do trabalho e os salários tiveram o maior peso na redução da desigualdade nos últimos anos, superando a influência de programas de transferência de renda como o Bolsa Família.


O índice de Gini, que mede as diferenças de renda e condições de vida, atingiu 50,4 pontos, o menor patamar registrado desde 1995. É importante notar que, na escala de 0 a 100, quanto menor o índice, melhor é a distribuição de renda.


A melhoria dos indicadores é atribuída à recuperação do mercado de trabalho nos últimos anos, marcada por mais emprego e maior elevação das médias salariais. O estudo do Ipea detalha a contribuição de diferentes fontes de renda para a queda da desigualdade em diferentes períodos.


No período mais longo (2021-2024), a queda total no Gini foi de 3,9 pontos. Dessa queda, 49% se deu por conta dos rendimentos do trabalho e 44% foi atribuída às chamadas “transferências assistenciais”.


No biênio recente (2023-2024), a redução do Gini foi de 1,2 pontos, sendo que cerca de metade da redução continuou associada ao mercado de trabalho. A contribuição das transferências assistenciais foi bem menor, respondendo por -0,2 pontos de Gini — ou 16% da queda. Os benefícios previdenciários contribuíram com -0,3 pontos (22%).


A análise do instituto, baseada na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, também destaca que o crescimento das médias de rendas familiares acompanhou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), indicando que a riqueza gerada está sendo distribuída de forma mais igualitária.

 

A renda domiciliar média per capita se recuperou no triênio de maior crescimento do poder de compra médio dos brasileiros desde o Plano Real, acumulando uma alta de mais de 25% — o equivalente a 7,8% ao ano entre 2021 e 2024. No último ano, a renda média alcançou o maior valor da história, totalizando R$ 2.015 por pessoa (em preços médios de 2024).

Fonte: Correio Braziliense

Taxa de desemprego cai para 5,4%, a menor desde 2012

 Trimestre tem recorde de carteira assinada e de rendimento


O Brasil atingiu no trimestre encerrado em outubro a taxa de desemprego de 5,4%. É o menor índice registrado pela série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.


O período de três meses terminou também com recorde no número de pessoas com carteira assinada e no rendimento médio do trabalhador.


Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta sexta-feira (28).


Destaques da pesquisa:

- Desemprego no trimestre terminado em outubro caiu para 5,4%. No trimestre móvel anterior, terminado em setembro, era de 5,6%. No trimestre terminado em outubro de 2024, a taxa era 6,2%.


A maior taxa já anotada foi de 14,9%, atingida em dois períodos: nos trimestres móveis encerrados em setembro de 2020 e em março de 2021, ambos durante a pandemia de covid-19.


- O número de ocupados atingiu 5,910 milhões, menor contingente da série histórica. Esse total de pessoas representa queda de 11,8% (menos 788 mil pessoas procurando emprego) em relação ao mesmo trimestre de 2024.


- O total de ocupados com carteira assinada chegou a 39,182 milhões, outro recorde da pesquisa.


- Rendimento do trabalhador: atingiu R$ 3.528, o maior valor registrado na série histórica do IBGE.


Mercado de trabalho

A pesquisa do IBGE apura o comportamento no mercado de trabalho para pessoas com 14 anos ou mais e leva em conta todas as formas de ocupação, seja com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo.


Pelos critérios do instituto, só é considerada desocupada a pessoa que efetivamente procurou uma vaga 30 dias antes da pesquisa. São visitados 211 mil domicílios em todos os estados e no Distrito Federal.


Caged

A Pnad foi divulgada no dia seguinte a outro indicador de comportamento do mercado de trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e que acompanha apenas o cenário de empregados com carteira assinada.


De acordo com o Caged, outubro apresentou saldo positivo de 85,1 mil vagas formais. Em 12 meses, o balanço é positivo em 1,35 milhão de postos com carteira assinada.

Fonte: Agência Brasil

Brasil cria 85 mil empregos com carteira assinada em outubro

 Resultado representa queda em relação aos dados do ano passado


O Brasil fechou o mês de outubro com saldo positivo de 85.147 empregos com carteira assinada. O balanço é do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).


O resultado de outubro decorreu de 2.271.460 admissões e de 2.186.313 desligamentos no período.

 

O saldo de empregos formais no mês passado foi menor que o registrado em setembro, que ficou em 213.002. Em outubro de 2024, o saldo de empregos formais foi de 131.603, segundo o Caged.


No acumulado dos últimos 12 meses (novembro de 2024 a outubro de 2025) o saldo chega a 1.351.832, menor que o saldo observado no período de novembro de 2023 a outubro de 2024, quando foram gerados 1.796.543 postos de trabalho.


Com o resultado o estoque de empregos, no país chega a 48.995.950 vínculos celetistas.


Setores

Dois dos cinco grandes agrupamentos apresentaram resultado positivo, os demais ficaram praticamente em estabilidade.


O setor de serviços fechou o mês com 82.436 e o comércio com 25.592. A indústria ficou com decréscimo de 10.092 (-0,1%); a construção civil ficou com decréscimo de 2.875 (-0,1%) e a agropecuária registrou saldo negativo de 9.917 vagas (-0,5%).

 

Estados

No mês passado foi registrado saldo positivo em 21 dos 27 estados da federação. Em números absolutos, o destaque ficou com São Paulo, com 18.456; o Distrito Federal, com 15.467 e Pernambuco, com 10.596.


Proporcionalmente, o destaque também ficou para o Distrito Federal que cresceu 1,5%, Alagoas, com 1% e Amapá, com 0,7%. Do total de postos gerados no mês, 67,7% foram considerados típicos e 32,3% não típicos, com destaque para trabalhadores com jornada de trabalho intermitente que somaram 15.056 e trabalhadores com jornada de 30 horas ou menos, que ficaram com 10.693 vagas.


Salário

O salário médio real de admissão em outubro foi de R$ 2.304,31, um aumento de R$17,28 (0,8%) em comparação com o valor de setembro que foi de R$ 2.287,02.

 

Matéria completa: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-11/brasil-cria-85-mil-empregos-com-carteira-assinada-em-outubro
 

Fonte: Congresso em Foco

FGTS poderá ser usado em financiamentos imobiliários de até R$ 2,25 milhões

 Medida do Conselho Curador autoriza mutuários com contratos entre 2021 e 2025 a usar o Fundo para amortizar, comprar ou abater parcelas, conforme novo limite definido pelo CMN.


O Conselho Curador do FGTS aprovou, na quarta-feira (26), uma medida que permite que quem financiou um imóvel entre 2021 e 2025 use o FGTS para ajudar a pagar o financiamento. Isso vale para imóveis de até R$ 2,25 milhões e pode ser usado para amortizar, comprar ou abater parte das parcelas.


A decisão segue a atualização feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que aumentou o valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), passando de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.


Com a mudança, quem tem contrato assinado fora do SFH a partir de 12 de junho de 2021 também poderá usar o FGTS, desde que o imóvel tenha valor igual ou menor ao limite definido pelo CMN.


Para ter acesso ao benefício, é necessário:

- ter pelo menos três anos de trabalho com FGTS, mesmo que em empregos diferentes;

- não ter outro financiamento ativo no SFH;

- usar o imóvel como moradia própria.

Fonte: MTE