Brasil atingiu no trimestre encerrado em outubro a taxa de desemprego de 5,4%
Mesmo com a melhora recente na taxa de desemprego, em 5,4%, o Brasil continua enfrentando um desafio estrutural: ampliar a qualidade e a remuneração das vagas criadas. A avaliação é do sociólogo Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Segundo ele, o ciclo positivo só se manterá se vier acompanhado de um aumento real dos rendimentos. “Melhor salário, mais emprego, cresce a massa salarial”, afirmou. Esse movimento, diz, tem efeitos diretos no consumo e no crescimento econômico. “Se nós temos maior capacidade de consumo, a economia tem que produzir mais e isso tudo reverte uma dinâmica virtuosa”, explicou.
Apesar disso, Lúcio alerta que o país ainda convive com profundas desigualdades e vínculos frágeis. “O mundo do trabalho no Brasil é fortemente composto por presença de trabalho precário, especialmente o trabalho doméstico, 90% feito por mulheres e mulheres negras”, destacou. Ele também chamou atenção para pressões patronais por pejotização e para o avanço da uberização. “Isso tudo está presente nesse mundo do trabalho”, lamentou.
Para enfrentar esse cenário, ele aposta no papel das centrais sindicais. “O movimento sindical tem várias frentes de atuação”, apontou, citando negociações diretas com empresas, políticas públicas e pautas nacionais como a valorização do salário mínimo e a o ajuste do Imposto de Renda (IR). Segundo Clemente, a mudança recém-sancionada terá um impacto direto na renda. “Quem ganha até R$ 5.000 deixará de pagar imposto de renda. É como se o trabalhador passasse a ter um décimo quarto salário”, indicou.
O sociólogo defende que um mercado de trabalho mais justo depende de esforço conjunto entre o governo, as empresas e os sindicatos. “Se tivermos crescimento econômico contínuo, as empresas terão que fazer uma melhor oferta salarial e de condições de trabalho”, concluiu.
Fonte: Brasil de Fato