quinta-feira, 12 de setembro de 2013

CNI questiona equiparação entre terceirizados e contratados no setor elétrico

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) questiona as decisões da Justiça do Trabalho quanto à equiparação salarial entre terceirizados e contratados. Essa isonomia é garantida pela Orientação Jurisprudencial nº 383 da SDi-1 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Um grupo de representantes da CNI e de presidentes de federações das indústrias de vários estados apresentaram essa questão numa visita que fizeram ao presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, nesta terça-feira (10).

A preocupação maior dos empresários é em relação ao setor elétrico de Goiás. De acordo com o primeiro secretário da CNI, Paulo Afonso Ferreira, estão sendo ajuizadas ações na Justiça do Trabalho pedindo a equiparação dos salários de eletricistas terceirizados aos dos contratados pela Companhia Elétrica de Goiás (Celg).

Os terceirizados, que seriam mais de 3,2 mil, estariam ganhando essas ações e as causas somariam, de acordo com o secretário da CNI, mais de R$ 1 bilhão em dívidas trabalhistas. "Isso levará a falência dessas cerca de 40 empresas prestadoras de serviços. O patrimônio junto de todas elas não chega a esse valor", alertou ele. "A própria Celg não tem condições financeiras hoje para arca essa dívida caso venha a ser responsabilizada".

Para os empresários, essa isonomia pleiteada pelos terceirizados não existiria, pois se trataria de atividades diferentes exercidas por terceirizados e não terceirizados.

Jurisprudência
O ministro Carlos Alberto ouviu os empresários, lembrou a existência da OJ 383, que dispõe sobre a isonomia, mas propôs que a CNI envie um memorial à Comissão de Jurisprudência do TST com as questões levantadas pelos empresários. "Com o memorial, nós podemos refletir sobre as ponderações apresentadas, baseados principalmente em fatos", afirmou.

O presidente do TST propôs, ainda, que o setor jurídico da CNI leve a discussão da isonomia para a primeira e a segunda instância da Justiça do Trabalho, onde ocorre a análise dos fatos do processo.

Ele afirmou que o problema é a falta de uma regulamentação do Congresso Nacional que oriente as decisões. "Não existe uma lei que trate da terceirização. Nós necessitamos de uma regulamentação para o tema urgentemente", argumentou.

Tramita hoje no Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta a terceirização no país. O projeto está sendo discutido pelos parlamentares, governo federal e lideres de trabalhadores e empresários.


Fonte: Consultor Jurídico

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Engenharia financeira

Deu entrada ontem na Assembleia Legislativa o anteprojeto de lei pelo qual o governo estadual pede autorização para vender as ações preferenciais (sem direito a voto) que detém na formação do capital social da Sanepar. Por trás deste procedimento parece estar acontecendo uma complexa engenharia financeira gestada pelo Acordo de Acionistas assinado há dias com o grupo privado Dominó.
Seriam pelo menos dois os objetivos imediatos a serem alcançados: 1) fazer caixa para o governo enfrentar as agruras que o ameaçam antes da chegada do fim do ano; e 2) abrir as portas para tornar possível um empréstimo superior a R$ 1 bilhão junto a um banco internacional, o Credit Suisse. Os dois objetivos não se excluem.
O anteprojeto começa com um artigo pelo qual o estado, acionista majoritário da Sanepar, propõe aumento do capital da companhia. O aumento – conforme já estabeleceu o Acordo de Acionistas – se fará pela transformação em ações preferenciais da dívida de pouco mais de R$ 1 bilhão que a Sanepar tem com o governo. Parte desta dívida, no valor de R$ 283 milhões, será paga em dinheiro pela Sanepar. A outra parte, de R$ 780 milhões, entra na forma de ações preferenciais, cotadas a R$ 12,75 a unidade. Observação: por que R$ 12,75 se, na bolsa, a ação vale menos de R$ 7,00? Um mistério.
Pois bem: na sequência, segundo anteprojeto, o estado fica autorizado “a vender, dar em caução e/ou oferecer como garantia de operações de crédito, financiamento e operações de qualquer natureza”, todas as ações preferenciais que possuir na Sanepar, isto é, não só as resultantes do aumento do capital.
A engenharia prossegue: para pagar uma dívida com a Copel, o governo arca com juros altíssimos. Seria bom negócio se pudesse substituir esta dívida por outra mais barata – isto é, contraindo um empréstimo a juros mais baixos. É aí que entra o Credit Suisse, banco com o qual o governo já negociou juro mais baixo.
Então, a ideia é: quando receber as novas ações a que terá direito na Sanepar, o estado paga com elas sua dívida com a Copel. E o empréstimo do Credit Suisse fica livre para entrar direto no combalido caixa do governo.
A engenharia parece fazer água neste ponto: se o estado concordou que as ações “valem” R$ 12,75, passará à Copel estas mesmas ações pelo mesmo valor, embora a cotação de mercado (leia-se Bovespa) seja inferior a R$ 7,00? Em caso positivo, a Copel assumirá o prejuízo – a menos que, repentinamente, os papeis se valorizem a tal ponto.
Além de pagar a Copel com parte das ações, o anteprojeto prevê que o governo poderá vender quantas outras ações quiser – não necessariamente apenas aquelas que compuseram o aumento de capital previsto no Acordo de Acionistas da Sanepar. E, assim, vendendo parte da Sanepar a investidores privados, é até capaz de arrecadar algum dinheiro para socorrer seu fim do ano. Só um detalhe: antes precisará limpar a ficha na STN.
Olho vivo
Em mãos 1
Chegou ontem às mãos do Tribunal de Contas e do Ministério Público o relatório completo que a comissão de sindicância instaurada na Urbs produziu e que, supostamente, comprovam manipulação no edital de concorrência que, em 2010, escolheu as empresas de ônibus que operam o transporte coletivo de Curitiba. Os documentos foram entregues pessoalmente pelo presidente da Urbs, Roberto Gregório. O único mistério que fica é quanto ao prazo que as duas instituições precisarão para comprovar (ou não) as possíveis fraudes.
Em mãos 2
Enquanto isso, os vereadores que compõem a CPI do Transporte Coletivo fazem hoje reunião de trabalho interno. Pretendem replanejar os trabalhos para evitar a continuidade da perda de foco – perdido em meio a debates que pouco contribuem para o objetivo principal, que é encontrar meios práticos para reduzir a tarifa.
Gastos 1
Já foram pelo menos três as tentativas anunciadas pelo governo estadual, desde o ano passado, para controlar suas despesas e reequilibrar o caixa. No fim do ano passado, foram determinadas economias de 15% no custeio da máquina. Em junho deste ano, o governo exigiu das secretarias e autarquias cortes de 25%. Também já cancelou obras e serviços da ordem de R$ 1 bilhão.
Gastos 2
Nada bastou: a última medida, conforme informação revelada neste espaço domingo, atinge diretamente o funcionalismo. Foram suspensos todos os aumentos, promoções, progressões na carreira etc. até “ulterior deliberação”, conforme diz a resolução 02/2013 assinada pelo secretário do Governo, Cesar Silvestre.
Publicado em 10/09/2013 | CELSO@GAZETADOPOVO.COM.BR