quinta-feira, 3 de maio de 2018

UGTpress: A INFLUÊNCIA DOS EX-PRESIDENTES

NÃO DEVIAM SE METER EM POLÍTICA: o professor Javier Corales, formado por Harvard, americano de ascendência cubana, especialista em democracia latino-americana, concedeu entrevista de página inteira ao jornalFolha de São Paulo (18-02-2018), criticando a reeleição de ex-presidentes. Afirmou: "É claro que é bom ter ex-presidentes, melhor do que ter ex-ditadores. Melhor ainda se não estão presos ou foram assassinados por golpes militares. Dito isso, porém, considero negativo que se metam tão diretamente na política, insistindo em voltar a governar. Antes de mais nada, porque ex-presidentes não são cidadãos comuns, eles são mais conhecidos e têm a capacidade de ofuscar a chegada na política de outros líderes, além de desestimular o surgimento de novos nomes, que possam ser renovadores até mesmo dentro de seus próprios partidos. Outra característica negativa é que ex-presidentes tendem a ser muito polarizadores. Possuem adoradores e causam ódio por parte de seus inimigos. Isso é ruim para o amadurecimento de uma democracia."

SARNEY, COLLOR, FHC, LULA E DILMA: os nossos ex-presidentes vivos - José Sarney, Fernando Collor de Melo, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff - estão lúcidos, plenamente habilitados politicamente e exercem considerável influência no cenário político brasileiro. Recentemente, Sarney vetou para o Ministério do Trabalho um nome do PTB do Maranhão porque "o deputado não faz parte de seu círculo político no Maranhão". Collor (imagine só!) exerce o mandato de senador e teve a cara de pau de lançar-se candidato a presidente. FHC fica inventando assuntos, dando entrevistas e palpitando sem parar, esquecendo-se de suas próprias estripulias quando no exercício de dois mandatos. Lula dispensa comentários: é o candidato preferido das massas, mas encontra-se preso num processo para lá de polêmico. Dilma, afastada do governo por um Congresso suspeito, está à sombra de Lula. Todos são permanentemente atores no campo político nacional. Influenciam e atrapalham a sequência normal da vida democrática, mas há quem diga que isso é a democracia em suas últimas consequências. Não concordamos e somos contra o instituto da reeleição.

REELEIÇÃO: desde que FHC instituiu a reeleição no Brasil, usufruindo daquilo que ele criou no exercício do próprio mandato, incluindo suspeita na compra de votos, o país viu crescer os índices de reeleição em geral (prefeitos, governadores e presidentes) em paralelo com o aumento dos índices de corrupção em todos os poderes. Nos parlamentos, em todos os níveis, a reeleição sempre foi usual, mas está mais do que na hora de fixar-lhe um limite. Com o atual sistema, irrigado por recursos suspeitos, legislações casuísticas que só beneficiam aqueles que detém mandatos e conivência da Justiça Eleitoral em casos de abusos, praticamente não existe renovação. A aeração nos cargos públicos fica comprometida e a política segue exercida pelos mesmos. A persistência desse sistema nocivo tem representado uma tragédia para Brasil e os brasileiros. Todos sabem que é necessária profunda reforma política que acabe com essas práticas deletérias.

2018: há poucas esperanças nas eleições parlamentares e presidenciais de 2018. Tudo cheira a um acordo superlativo entre os maiorais da política, visando lançar um barco salvador, onde estarão acomodados todos aqueles que foram taxados como pertencentes a uma "organização criminosa". Prevê-se que os índices de reeleições continuarão altos.

O PIOR: como sempre, o pior é a possibilidade de aparecer no processo eleitoral alguém que capitalize o momento e se mostre "salvador da Pátria". O país já passou por isso com Jânio Quadros e Fernando Collor. O perigo é um aventureiro ou radical incendiário mobilizar o eleitorado, iludir as massas inconformadas e ganhar a eleição. Com alguns militares já tendo a coragem de colocar a cabeça para fora do quartel, podemos prever um futuro incerto para a Nação. Deus nos livre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário