sexta-feira, 14 de setembro de 2018

UGTpress: ATENTADOS NA HISTÓRIA DO BRASIL

MÁ TRADIÇÃO: como somos muito negligentes em relação à nossa própria história, pouco sabemos, mas a verdade é que temos longa tradição de atentados na história do Brasil. Vejamos:1830, contra Líbero Badaró, debitado aos apoiadores de D. Pedro I; 1889, contra d. Pedro II, que sobreviveu, praticado por Adriano Vale; 1889, contra Barão de Ladário, atribuído aos republicanos radicais; 1897, contra Prudente de Morais, praticado por Marcelino Bispo de Melo, quando morre o Marechal Bittencourt; 1905, contra o governador da Bahia, José Marcelino, porém, Antônio Francisco falha e o governador sobrevive; 1930, ataque bem sucedido contra o governador da Paraíba, João Pessoa, promovido pelo jornalista João Duarte Dantas; 1954, conhecido como o atentado da rua Toneleiro, contra Carlos Lacerda, atribuído a Gregório Fortunato, que falha e morre o major-aviador Rubens Vaz (Getúlio Vargas se suicida dias depois); 1963, contra Silvestre Péricles, no qual morreu o senador José Kairala, o tiro foi desferido por Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor de Mello; 1966 contra Costa e Silva, no Aeroporto de Guararapes, autoria desconhecida, sem sucesso; 2006, contra ACM Neto, que recebeu uma facada, mas recuperou-se; neste ano, a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro, sem que os autores tenham sidos conhecidos; ainda em 2018, a caravana de Lula foi atingida por 4 tiros de autoria também desconhecida. O atentado ao Riocentro, com insuficientes explicações, poderia ter causado enorme tragédia. Enfim, fatos dos quais não podemos nos orgulhar. Agora, o atentado contra um candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro.  

JAIR BOLSONARO: o deputado Jair Bolsonaro construiu a sua candidatura em cima de uma plataforma radical: condenação generalizada de políticos de esquerda, exacerbação da violência contra criminosos e intolerância contra algumas minorias. Suas declarações são diariamente postadas nas redes sociais por seus apoiadores e, do outro lado do espectro político, igualmente, há a condenação de sua retórica. Esse quadro de beligerância, tanto de esquerda quanto de direita, contribui para a disseminação de ódios e posturas pouco convencionais. Tudo indica que o atentado foi praticado por um radical de esquerda, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que teria sido filiado ao PSOL. Suas primeiras declarações informam que “agiu sozinho, em nome de Deus”. Essa declaração o situa como pessoa que não está muito bem das faculdades mentais, embora as redes sociais estejam inundadas de acusações contra a esquerda e contra os petistas. Num caso como esse, se culpa houvesse, certamente recairia no quadro político, deteriorado em função do descontentamento geral e impaciência generalizada. Contudo, ainda é cedo para julgamentos. As explicações mais racionais devem vir com o tempo.

CONDENAÇÃO UNÂNIME:  menos mal que tenha havido uma condenação unânime do ataque desferido contra o candidato Jair Bolsonaro. Com exceção das redes sociais e de uma outra declaração de mau gosto dentro do universo político, em geral, houve generalizada repulsa ao ato. Todos os candidatos à presidência da República não só repudiaram a ação como prestaram solidariedade ao candidato. Os meios de comunicação foram generosos nos espaços concedidos, ouvindo correligionários e adversários do deputado. Vozes comedidas foram ouvidas, todas condenando os radicalismos de direita e de esquerda. Apesar da violência do ataque e da penetração da faca em regiões sensíveis do corpo, felizmente, pelas informações disponíveis, Jair Bolsonaro passa bem. No que concerne ao quadro, apelamos ao médico e ex-deputado federal, Liberato Caboclo: “Ele só vai voltar às atividades dentro de dois meses, no mínimo. Foi salvo por milagre e pelo atendimento competente em Juiz de Fora (MG), onde a medicina é de primeira linha. A artéria mesentérica que foi lesada, poderia levá-lo à morte em uma hora. As lesões do intestino são graves, pois não houve preparo” (Facebook). Apesar do bom desempenho da equipe médica mineira, Jair Bolsonaro foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Os boletins médicos apontam “quadro estável”.

CONSEQUÊNCIAS: as especulações sobre as consequências do atentado contra Jair Bolsonaro ainda são incertas e apressadas. Pesquisa Ibope, divulgada no dia anterior ao fato, mostrava grande rejeição ao seu nome e um quadro incerto para o segundo turno, embora, de acordo com a mesma pesquisa, ele aparece como o mais votado do primeiro turno. Sua rejeição ultrapassava 40% e apostamos numa queda imediata deste índice, o que facilitaria a sua vida no segundo turno. Outras consequências só o tempo apontará. Ainda temos um bom tempo até 7 de outubro. No entanto, o próprio filho de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, afirmou: “Acabaram de eleger o presidente, vai ser no primeiro turno”. De fato, em momentos de comoção, há natural tendência de crescimento da vítima. Segundo observadores, o quadro, no entanto, não está definido. É preciso esperar. Por enquanto, condenar o atentado, desejar a recuperação do candidato e torcer para que ele fique apto para continuar sua campanha. Foi essa a linha de pronunciamento do presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

OLHAR DIFERENTE: é preciso sensatez e comedimento nesses momentos. Lamentavelmente, com o advento das redes sociais, há a proliferação dos “catedráticos de salas vazias”, aquelas pessoas que, isoladas e separadas momentaneamente do convívio social, defronte a um teclado de computador, sem censura ou vigilância, no exercício de um novo tipo de liberdade, escrevem o que vem à mente e postam seus arroubos em veículos de grande alcance. Também reproduzem postagens alheias, sem filtrar sua veracidade. Os efeitos deletérios dessa prática ainda estão por ser medidos, mas há a desconfiança de que, sobretudo em eleições, tenham influência e podem distorcer ou consolidar tendências. Registrar que a internet é algo bom e que trouxe maior liberdade de pensamento e de comunicação. Todavia, existem exageros que vêm preocupando as autoridades e há estudos em alguns países para regulamentar o seu uso. Isso é polêmico e contrário aos interesses dos empresários do ramo e da mídia em geral. No Brasil, esse tipo de comunicação desencadeou ódios e intolerâncias, colocando em confronto os dois lados do espectro político ou, para ser mais simples, direita contra esquerda e vice-versa.        

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