segunda-feira, 7 de julho de 2014

UGTpress: INFLAÇÃO PREOCUPA

INFLAÇÃO: talvez nenhum povo do mundo tenha a experiência ou sofrido tanto com a inflação como o brasileiro. No século passado, com poucos lapsos de estabilidade, na maior parte do tempo convivemos com altos índices de inflação. À época do lançamento do Plano Real, quando Itamar Franco era presidente, cálculos de Joelmir Betting informavam que a inflação, entre 1965 e 1994, atingira a incrível marca de 1,1 quatrilhão por cento (16 dígitos). Para conviver com essa inflação estratosférica, a criatividade brasileira lançou mão de vários artifícios, entre eles a correção monetária e a indexação, das quais ainda não nos livramos inteiramente.

HÁBITO NOCIVO: aprender a conviver com a inflação se tornou no Brasil um hábito nocivo. Gerações inteiras de brasileiros não sabiam como viver sem inflação. Hoje, já se sabe, a inflação é o pior imposto sobre os salários: o dinheiro que o trabalhador recebe no início do mês já não tem o mesmo valor do mês trabalhado e valerá menos ainda no final do mês em curso. Uma tragédia. A correção monetária, via indexação da economia, serviu apenas para proteger os créditos do governo e o capital das elites. Nada foi mais perverso. Supondo que você tinha 10 anos em 1994, hoje você estará com 30 anos. Boa parcela da população brasileira está, mais ou menos, nesta faixa etária. É uma geração que não conheceu os rigores da inflação galopante. Para os mais velhos, aqueles que sofreram com a inflação, ela é um flagelo. Certamente esses de mais idade não suportarão a volta da inflação.

COMO IMPEDIR A VOLTA DA INFLAÇÃO: uma inflação persistente, há muitos anos arraigada, não é fácil combater. Hábitos culturais, pouca resistência ativa da sociedade, câmbio instável, governos perdulários e empresários inescrupulosos são o caldo ideal para que a inflação seja resistente. Em geral, sobretudo quando há déficit público, as medidas de combate à inflação são ineficientes. O governo do Brasil precisa de superávit alto e constante por muito tempo e não é o que ocorre. "O governo do Brasil tem uma dívida de curto prazo, refinanciada ao custos dos olhos da cara. Para deixar de fazê-lo, as contas do governos teriam de passar algum tempo próximas do equilíbrio, o que ajudaria a arrastar juros e inflação para baixo”, escreveu Vinícius Torres Freire, em artigo na Folha de São Paulo, em 16 de abril. Outro, Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso, escreveu no Estadão (13-04-14): "Na verdade, a inflação só está "dentro da meta/abaixo de seu teto" porque, preocupado com determinados itens de peso no cálculo do índice oficial de preços ao consumidor, o governo recorreu ao controle direto ou indireto de preços administrados, que cresceram apenas no insustentável nível de 1,5% em 2013, enquanto os preços livres aumentaram 7,3% - e os serviços, mais de 8%". Enfim, todo mundo está preocupado e o governo de Dilma Rousseff tem que dar respostas imediatas para impedir o crescimento dos índices de inflação, certamente ainda em 2014, caso contrário, em 2015, as ameaças de volta da inflação se concretizarão.

SURPRESA: de qualquer maneira, é surpreendente que o tema inflação volte à pauta dos meios de comunicação e seja motivo para elaborados artigos de fundo na imprensa brasileira. Nos últimos meses, desde abril de 2013, no governo de Dilma Rousseff, já houve quase dez aumentos da Selic. Poderia parar de subir os juros, mas não é provável. Ano eleitoral, portanto difícil de controlar gastos públicos. Apesar desses aumentos nas taxas de juros, a inflação vem se mostrando resistente e, provavelmente, derrubá-la dará mais trabalho do que se imagina, especialmente numa equipe econômica que começa a bater cabeça e apresenta publicamente sinais de divergência e falta de comando. Daqui a pouco vão culpar os salários, a tomada de créditos e o consumo dos brasileiros. Isso sempre foi recorrente em nossa história econômica. As centrais sindicais independentes, como é o caso da UGT (União Geral dos Trabalhadores), estão preocupadas com a volta da inflação e estarão atentas aos índices. Não toleraremos a volta da inflação acima da meta fixada, hoje em 6,5% ao ano.   

PUBLICIDADE GOVERNAMENTAL: dados levantados pela Folha de São Paulo revelam que nos últimos cinco anos, 2009/2013, o governo brasileiro gastou nada menos do que 10,5 bilhões de reais em publicidade. É dinheiro suficiente para fazer uma hidrelétrica ou dez estádios luxuosos de futebol, como, por exemplo, o Maracanã. É um dos maiores gastos do mundo e desconfia-se que os dados sejam ainda maiores pela falta de transparência. É a própria Folha de São Paulo que afirma: "Embora hoje o nível de transparência seja bem maior do que o existente nos anos 1990 e anteriores, ainda há pontos obscuros nos gastos com publicidade do governo federal. Essa opacidade também é vista em Estados e Municípios" (16-4-14). O recorde ocorreu com Dilma Rousseff em 2013 (2,313 bilhões de reais) e, ainda, não há transparência nos dados fornecidos por Petrobrás, Correios, Caixa e BNDES. Portanto, os gastos podem ser muito maiores. Neste ano, com a Copa do Mundo, certamente vamos bater novo recorde.

ARNALDO DE SOUZA BENEDETTI: na semana passada, faleceu o sindicalista Arnaldo de Souza Benedetti. Foi presidente do Sindicato dos Bancários de Ribeirão Preto (SP), presidente da Federação dos Bancários do Estado de São Paulo, diretor da Contec, da CAT e presidente do Ipros (Instituto de Promoção Social). Na área internacional fez parte das diretorias da CLAT/CMT, CSA/CSI e de organismos setoriais. Foi ainda membro do Conselho de Administração da OIT (Organização Mundial do Trabalho). Na área política foi dirigente partidário e ocupou cargos públicos na Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores do Brasil), da qual Benedetti também era dirigente nacional, determinou a presença de grande delegação às cerimônias fúnebres e disse que o exemplo de luta e dedicação de Benedetti deve servir como bússola nas ações da UGT. Grande perda! Mensagens para seebrp@convex.com.br

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