segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Temer avalia que reforma da Previdência será “luta feroz”, diz jornal

Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente interino Michel Temer, que completa três meses no cargo, falou sobre reforma da Previdência, ajuste fiscal, denúncias sobre caixa dois, além de enfatizar que não concorrerá à Presidência nas eleições de 2018. Na reportagem publicada na manhã desta sexta-feira (12), o peemedebista avaliou que a confirmação do impeachment na última quarta-feira (10) pelo Senado muda “muito pouco” o seu governo. De acordo com Temer, existe preocupação em manter uma “distinção entre a figura física do presidente e a instituição Presidência da República”.

“Por exercer a presidência, faço o que deve ser feito pelo titular. Amanhã faço 90 dias, e nesse período, fizemos coisas aparentemente ousadas: a fixação da meta [fiscal] de R$ 170 bilhões, encaminhamos a aprovação da DRU [Desvinculação de Receitas da União] que estava há mais de dez meses parada na Câmara por falta de interlocução, a moralização das indicações para cargos nas estatais”, ponderou.

Ao ser questionado sobre as derrotas e vitórias durante os três meses que ocupa o cargo, Michel Temer diz não encontrar derrotas. “Eu vejo um sucesso extraordinário”, avalia.

Sobre os adiamentos das votações do projeto de renegociação das dívidas dos estados na Câmara, Temer considera que existem avanços: “Isso estava rodando havia dois, três anos. Nós chegamos aqui, havia pressão de todo lado, e percebemos que era importante. Eu tenho a concepção de que a União só será forte se os Estados forem fortes. Os Estados ganharam um fôlego extraordinário. O teto dos gastos foi aprovado”, disse. E nega que o governo tenha sido derrotado ao retirar o congelamento da folha de salários dos Estados por dois anos.

“Se eu quisesse dizer que esse projeto tinha um bode, era esse dispositivo absolutamente dispensável. Foi uma coisa pedida pelos governadores, para que eles pudessem dizer, “olha, isso veio de Brasília”. Mas eles já têm uma responsabilidade… é que ninguém dá importância para a Constituição [ele lê artigo 169 da Constituição, que estabelece teto para as despesas com pessoal, que tem de ser cumprido pelos governadores]. O artigo retirado do projeto era a repetição do artigo da Constituição que eu li”, explicou.

A respeito da reforma da Previdência, o presidente interino adiantou que deve estabelecer uma diferença na idade da aposentadoria de homens (65 anos) e mulheres (62 anos). De acordo com Temer, “sabidamente as mulheres hoje vivem mais que os homens”. Entretanto, ele detalha “a dupla, tríplice jornada” como justificativa para a diminuição da média para as mulheres. A ideia do peemedebista é encaminhar o projeto o quanto antes ao Congresso. Temer acredita que esta “vai ser uma luta feroz”: “Não quero praticar estelionato eleitoral, então, não vou esperar passar a eleição. Se [a proposta] ficar pronta, eu mando antes.”

Michel Temer também contou à reportagem do Valor que pretende apresentar, no dia 25 deste mês, empresas que serão desestatizadas. “No setor elétrico, tem quatro empresas estaduais, inclusive a de Goiás e a do Amazonas. A Eletrobras não será. Eu pretendo desestatizar muita coisa, porque o Estado brasileiro não pode suportar tudo isso, já não cumpre bem seu papel na saúde, na educação”, estimou. Apesar de ser o mesmo dia previsto para a votação final do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff, Temer acredita que o anúncio “não altera a concepção de quem vota a favor ou contra”.

O presidente interino voltou a falar que não pretende se candidatar ao pleito de 2018. A razão, segundo Temer, é que “não há razão para continuar” na Presidência: “Não sou candidato. Eu quero ter liberdade para tomar todas as medidas necessárias para botar o país nos trilhos. E uma coisa é tomar uma atitude governativa com vistas às eleições, outra coisa é tomar uma atividade governativa sem preocupação eleitoral.”
Fonte: Congresso em Foco

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