quarta-feira, 29 de agosto de 2018

UGTpress: PERFIL POPULACIONAL MUNDIAL NO FIM DESTE SÉCULO

REPORTAGEM RARA: Érica Fraga e Gustavo Queirolo, jornalistas da Folha de São Paulo, são os responsáveis por uma das mais completas reportagens já feitas sobre o perfil populacional da humanidade, abrangendo estimativas para o fim deste século, até 2100. São três páginas inteiras sem conter uma única propaganda. A tese, estampada na manchete da página A-10, de 8 de julho deste ano, é que o “Crescimento populacional fará o mundo mudar de cara até 2100”, com três subtítulos bem didáticos – Fertilidade alta levará África, não Ásia, concentrar expansão; Brasileiros sairão da lista de dez mais numerosos e verão boom de idoso; e Migrações serão mais necessárias.

RESUMO INTELIGENTE: no jargão jornalístico, a lide que introduz ao texto geral, é um resumo inteligente do que a reportagem promete: “A expansão demográfica do planeta nas próximas oito décadas nos levará a 11,2 bilhões de habitantes e será distinta do salto de 3 bilhões para 7 bilhões iniciado nos anos 1960. A fertilidade em queda na maior parte do mundo deslocará a explosão para a África, que terá imensa população economicamente ativa e um dilema inverso ao do Brasil e do resto do mundo, onde metade do crescimento se dará entre os idosos. Para estudiosos, as soluções passam por temas politicamente áridos como migração, reforma previdenciária, paridade para mulheres no trabalho e mitigação da mudança climática”.

NATALIDADE: “Enquanto o Reino Unido levou 130 anos (de 1800 a 1930) para reduzir o número de filhos por mulher de 5 para 2, o Brasil fez essa transição em menos de quatro décadas, e a Coreia do Sul, em apenas 20 anos (ambos a partir de meados da década de 60). Na África, taxas superiores a 6 persistiram até os anos 80, recuando para o atual nível, ainda elevado, de pouco mais de 4. Em países como Níger e Somália, a transição demográfica mal começou, e as mulheres ainda têm 7 e 6 filhos, respectivamente”. Cada explicação como essa é acompanhada do gráfico correspondente, todos da fonte primária: FAO; “World Prospects: the 2017 Revision”, das Nações Unidas.

ENVELHECIMENTO PREOCUPANTE: “... a partir daqui, o crescimento virá da expansão da população com 65 anos ou mais. O movimento no Brasil tem sido semelhante. Segundo projeções da ONU, a partir de 2025, a fatia de crianças e idosos começará a aumentar em relação ao total de brasileiros em idade ativa. Até 2100, haverá quase 9 dependentes para cada 10 brasileiros de 15 a 64 ano, o dobro do atual”. Diz Pedro Olinto, coordenador de desenvolvimento humano do Banco Mundial: “O envelhecimento da população no Brasil é preocupante porque está acontecendo antes de o país ter se tornado rico” (idem, idem). Neste contexto, a Reforma da Previdência é uma das mais importantes, não sendo somente uma questão atuarial, mas algo significativo e que exigirá nova estratégia de distribuição do bolo tributário. Com essa classe política irresponsável e predatória, certamente teremos, no mínimo, instabilidade social em vários momentos das próximas décadas.

IMPRENSA RESPONSÁVEL: a grande reportagem da Folha de São Paulo nos faz pensar no papel da imprensa responsável, capaz de ajudar na discussão dos principais problemas brasileiros. As páginas A-10, A-11 e A-12, do domingo, 8 de julho, pode ser inscrita como uma das mais importantes do jornal em toda sua história. Não importa que seja extraída de outras fontes. Importa a sensibilidade dos repórteres e, no caso, do editor do Caderno Mundo, em saber que se trata de algo útil, imprescindível mesmo, à inteligência nacional, aquela que ainda se preocupa com o futuro do país.   

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