terça-feira, 16 de outubro de 2018

Bolsonaro quer reforma da Previdência já em 2019

Candidato à Presidência que representa o aprofundamento do projeto de Michel Temer, Jair Bolsonaro (PSL) disse no último sábado (13) que, se eleito, pretende votar a reforma da Previdência já no primeiro ano de governo. Segundo ele, o projeto que irá ser debatido no Congresso não é o enviado pelo atual presidente, mas a sua própria proposta.

O texto enviado por Temer sobre o assunto já foi aprovado em comissão especial na Câmara dos Deputados.

“Se for presidente, vamos votar em 2019 uma reforma nossa da Previdência”, disse Bolsonaro a jornalistas na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul do Rio de Janeiro, onde foi gravar programas eleitorais de rádio e TV, embora se recuse a participar de debates alegando problemas de saúde.

Nesta semana, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, havia dito que o coordenador econômico do programa de Bolsonaro, Paulo Guedes, poderia conversar com o governo Temer ainda neste ano sobre a reforma, sem dar detalhes do que isso representaria.

De acordo coma Reuters, a equipe econômica de Bolsonaro "segue vendo a reforma como prioritária e queria aproveitar a proposta sobre o tema que está estacionada no Congresso para endurecer as regras do atual regime, de repartição, preparando o terreno para introduzir posteriormente a opção por um novo modelo de Previdência, de capitalização".

"Há de se considerar aqui a necessidade de distinguir o modelo de previdência tradicional, por repartição, do modelo de capitalização, que se pretende introduzir paulatinamente no país. E reformas serão necessárias tanto para aperfeiçoar o modelo atual como para introduzir um novo modelo. A grande novidade será a introdução de um sistema com contas individuais de capitalização. Novos participantes terão a possibilidade de optar entre os sistemas novo e velho. E aqueles que optarem pela capitalização merecerão o benefício da redução dos encargos trabalhistas", diz o Programa de governo do candidato.

Neste sábado, a jornalistas, Bolsonaro afirmou que não espera uma oposição forte no Congresso em 2019 caso vença as eleições, citando o apoio de muitos parlamentares eleitos e de bancadas estaduais.

Desencontro
Cotado para ser o ministro-chefe da Casa Civil de um eventual governo Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) discorda de que haja déficit da previdência, como diz o próprio plano de governo do PSL. Ele afirma que o atual regime vai bem e duvida que o buraco nas contas exista.

As opiniões do deputado foram dadas durante o primeiro semestre de 2017 em comissões sobre a reforma da Previdência do governo Michel Temer ou no plenário da Câmara. Lorenzoni é o coordenador político de campanha de Bolsonaro.

Em 2017, o deputado já qualificava a reforma de Temer como “medíocre, pouco inteligente e insuficiente” e dizia que teria sido desenhada pelo governo com o objetivo de “fazer caixa”.

Capitalização
No modelo de capitalização da Previdência (contas individuais capitalizadas) defendido por Bolsonaro, a ideia é que cada trabalhador guarde dinheiro para sua própria aposentadoria no futuro.

Desta forma, o governo retira os recursos do trabalhador, mas o coloca em um fundo. Quando a pessoa se aposentar, pode ter acesso ao seu próprio dinheiro com juros. Se ele contribuiu pouco, seja porque esteve desempregado ou em um emprego precarizado, receberá pouco ao se aposentar.

O resultado negativo pode ser conferido no Chile, onde o modelo de capitalização foi implementado durante a ditadura de Augusto Pinochet. Com o baixo valor recebido pelos aposentados, o saldo tem sido um exército de velhinhos na pobreza.
Fonte: Portal Vermelho, com agências

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