quarta-feira, 7 de maio de 2014

Em 2013 PT bateu recorde de arrecadação em ano não eleitoral

O descontentamento de empresários com o governo Dilma Rousseff não se reflete na arrecadação petista. O diretório nacional do PT bateu novo recorde de arrecadação em ano não eleitoral. Em 2013, a sigla recebeu R$ 79,7 milhões de empresas, 57,3% a mais do que as doações de pessoas jurídicas em 2011, primeiro ano com Dilma na Presidência, mostra a prestação de contas da sigla encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Se consideradas apenas as contribuição de empresas para custear as atividades partidárias, este foi o ano de maior arrecadação desde, pelo menos, 2007, quando o TSE começou a divulgar a prestação de contas dos partidos na internet. Nos anos eleitorais, a conta dos diretórios é usada pelos partidos para disfarçar a doações de empresários para candidatos, o que costuma aumentar muito o valor.

No total, a receita do diretório nacional petista foi de R$ 170 milhões no ano passado. Os principais doadores do PT em 2013 foram companhias com interesse em projetos e influência no governo federal: empreiteiras, o frigorífico JBS, empresas de transporte e de engenharia ambiental. Bancos, que tradicionalmente doam para campanhas eleitorais e fizeram aportes no partido em 2011, desta vez não destinaram recursos para a legenda.

Um exemplo é a Camargo Corrêa, maior doadora do diretório nacional no ano passado, com R$ 12,3 milhões. A empreiteira, que também costuma doar para outros partidos políticos durante as eleições, recebeu R$ 592,6 milhões em pagamentos por obras e serviços prestados ao governo federal em 2013 - foi a quarta empresa que mais embolsou recursos da União naquele ano.

Além das doações de empresas, o PT recebeu mais R$ 58 milhões de fundo partidário, R$ 2,9 mil em doações de pessoas físicas e R$ 32 milhões em contribuições de dirigentes, parlamentares e filiados que ocupam cargos de confiança no Executivo (um percentual do salário dos militantes é descontada para custear as atividades da legenda).

Pouco da receita recorde foi guardada para a disputa eleitoral deste ano. Mesmo com arrecadação de R$ 170 milhões, o superávit foi de apenas R$ 4 milhões em 2013. Descontado o pagamento de dívidas de anos anteriores (R$ 1,6 milhão), multas do fundo partidário (R$ 316 mil) e outras despesas, o PT começou 2014 com saldo em caixa de R$ 1,3 milhão.

Em 2013, os maiores gastos foram com transferência de recursos para os diretórios estaduais (R$ 33 milhões) e municipais (R$ 58,7 milhões), onde puderam ser usados para saldar dívidas das campanhas para prefeito de 2012. Até o fechamento desta edição, o TSE ainda não tinha publicado o demonstrativo da distribuição dos recursos, então não era possível saber quais cidades mais ganharam dinheiro do diretório nacional. Um dos prováveis destinos foi São Paulo, onde a campanha do prefeito Fernando Haddad (PT) terminou com rombo de R$ 26 milhões.

O PT também gastou grande parte do que recebeu no ano passado em "despesas com fins doutrinários e políticos", rubrica que recebeu R$ 36 milhões. Um terço desse montante foi para propaganda, como os gastos com pesquisas de opinião pública (R$ 5,4 milhões) e produções audiovisuais (R$ 4 milhões). Seminários, congressos e convenções custaram à sigla R$ 10 milhões.

A prestação de contas dos partidos é entregue ao TSE até o dia 30 de abril. O tribunal ainda não colocou na internet a arrecadação de outros partidos grandes, como PSDB, PMDB e PSB. Por enquanto, apenas os novatos Pros e Solidariedade tiveram suas prestações de contas divulgadas, além dos nanicos PRP, PMN e PTC.

Destes, apenas o PMN declarou ter recebido doações em 2013: R$ 5,5 mil em cartuchos de tinta para impressora da empresa Rolando do Brasil, que fabrica e importa produtos eletrônicos.
07/05/2014 por Valor Online 

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