quinta-feira, 4 de abril de 2019

Brasil gasta R$ 80 bilhões com acidentes do trabalho desde 2012

A adoção de uma política eficaz de proteção à saúde e à segurança no trabalho precisa ser melhor debatida no Brasil. Desde 2012, o País gastou mais de R$ 80,2 bilhões com benefícios acidentários pagos pela Previdência Social.

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), foram cerca de 368 bilhões de dias de trabalho perdidos no período, por afastamentos decorrentes de acidentes ou doenças.

Com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de investir na proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores, durante o mês de abril, órgãos públicos e instituições engajadas no combate aos acidentes de trabalho realizam a campanha Abril Verde.

O mês de abril foi escolhido porque o dia 28 é dedicado à memória das vítimas de acidentes e de doenças do trabalho.

A Agência Sindical conversou com Elenildo Queiroz Santos (Nildo), presidente do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) e diretor de Saúde e Segurança do Trabalhador no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Ele afirma que a campanha é importante, mas deveriam existir ações mais concretas por parte do governo Bolsonaro, que, ao contrário, tem feito ataques à Previdência Social.

Nildo afirma: "Não podemos esperar acontecer um novo Brumadinho, que ocasionou tantas mortes de trabalhadores da mineradora Vale". Ele orienta que as pessoas que sofram acidentes ou doenças decorrentes do trabalho procurem os Sindicatos de suas categorias, para garantir os seus direitos. "No Sindicato dos Metalúrgicos, por exemplo, temos um departamento com advogado, médico e profissionais para auxiliar os trabalhadores", diz.

Políticas públicas - A médica Maria Maeno, pesquisadora do Fundacentro, também conversou com a Agência. Ela considera que o alto gasto com acidentes de trabalho é ruim para o País e que é necessário investir em mecanismos para que caia o número de casos. "É um consenso que há subnotificações. As condições de trabalho são precárias e não há fiscalização ou acompanhamento efetivo das causas dos acidentes", avalia.

Em 2012, na gestão Dilma, foi aprovada a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho. "O plano deveria ser seguido e acompanhado para que houvesse redução dos acidentes", opina a pesquisadora. Porém, o tema não está na pauta do governo Bolsonaro.

Preocupação - No Brasil, acontece uma vítima fatal de acidente do trabalho a cada três dias, segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do MPT. De janeiro de 2018 até 29 de março de 2019, foram mais de 802 mil acidentes de trabalho registrados, resultando em pelo menos 2.995 mortes.
Fonte: Agência Sindical

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