quinta-feira, 9 de abril de 2020

Coronavírus: OIT prevê “perdas devastadoras” de empregos no mundo

Crise da Covid-19 vai dilapidar 6,7% das horas de trabalho no segundo trimestre de 2020, o que equivale a 195 milhões de trabalhadores em tempo integral

A pandemia do novo coronavírus já provoca um efeito catastrófico sobre as horas de trabalho e os ganhos, prejudicando trabalhadores de todos os continentes. Um novo relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) destaca alguns dos setores e das regiões mais afetados e define políticas para mitigar a crise. Na opinião da OIT, haverá “perdas devastadoras” em termos de horas e postos de trabalhos.

A previsão é a crise da Covid-19 vai dilapidar 6,7% das horas de trabalho no segundo trimestre de 2020, o que equivale a 195 milhões de trabalhadores em tempo integral. Grandes retrocessos são esperados nos Estados árabes (8,1%, equivalente a 5 milhões de trabalhadores em tempo integral) e na Europa (7,8%, ou 12 milhões de trabalhadores em tempo integral), além de Ásia e Pacífico (7,2%, ou 125 milhões trabalhadores em tempo integral).

Também são estimadas perdas significativas em diferentes grupos de renda, sobretudo nos países de renda média alta (7%, ou 100 milhões de trabalhadores em tempo integral). Isso supera em muito os efeitos da crise financeira de 2008-2009. Os setores mais expostos ao risco incluem serviços de hospedagem e alimentação, manufatura, varejo e atividades comerciais e administrativas.

Dos 3,3 bilhões de pessoas que compõem a força de trabalho global, 81% foram afetadas pelo fechamento total ou parcial do local de trabalho. É muito provável que, até o final do ano, as perdas sejam significativamente maiores do que a previsão inicial da OIT – de 24,7 milhões de empregos. Em entrevista ao Vermelho, o grego George Mavrikos, secretário-geral da Federação Sindical Mundial (FSM), estimou que 45 milhões de trabalhadores ficarão desempregados em função da pandemia.

“Os trabalhadores e as empresas enfrentam uma catástrofe, tanto nas economias desenvolvidas quanto nas em desenvolvimento”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “Temos de agir rápido, decisivamente e juntos. Medidas corretas e urgentes podem fazer a diferença entre a sobrevivência e o colapso.”

A segunda edição do Monitor da OIT: O Covid-19 e o Mundo do Trabalho – que descreve a pandemia como “a pior crise global desde a 2ª Guerra Mundial” – atualiza a nota de pesquisa da OIT divulgada em 18 de março. A versão atualizada inclui informações setoriais sobre os efeitos da pandemia.

Segundo o novo estudo, 1,25 bilhão de pessoas estão empregadas em setores considerados de alto risco de aumentos “drásticos e devastadores” de demissões ou de reduções de salários e de horas de trabalho. Muitas dessas pessoas trabalham em empregos mal remunerados e de baixa qualificação – situação em que uma perda imprevista de renda acarreta consequências devastadoras.

Em termos regionais, a proporção de pessoas empregadas nesses setores em risco varia de 43% nas Américas a 26% na África. Algumas regiões, particularmente a africana, apresentam níveis mais altos de informalidade, que, combinados com a falta de proteção social, a alta densidade populacional e a capacidade fraca, representam sérios desafios econômicos e de saúde para governos.

No nível global, 2 bilhões de pessoas trabalham no setor informal (a maioria em economias emergentes e em desenvolvimento) e estão particularmente em risco. Conforme a OIT, são necessárias medidas políticas integradas e de larga escala com foco em quatro pilares: apoio às empresas, ao emprego e à renda; estímulo à economia e ao emprego; proteção de trabalhadores no local de trabalho; e uso do diálogo social entre governos, trabalhadores e empregadores a fim de encontrar soluções.

“Este é o maior teste para a cooperação internacional em mais de 75 anos”, disse Ryder. “E se um país fracassa, todos nós fracassamos. Precisamos encontrar soluções que ajudem todos os segmentos da nossa sociedade global, particularmente os mais vulneráveis ou menos capazes de ajudar a si próprios”.

Para o dirigente da OIT, “as decisões que tomamos hoje afetam diretamente a maneira como esta crise evoluirá e, portanto, afetam a vida de bilhões de pessoas. Baseado no estudo, Ryder pondera: “Com as medidas certas, podemos limitar seu impacto e as cicatrizes que deixará. Nosso objetivo deve ser reconstruir de forma melhor, para que os nossos novos sistemas sejam mais seguros, mais justos e mais sustentáveis do que aqueles que permitiram que essa crise acontecesse”.
Com informações do Escritório da OIT Brasil
Fonte: Portal Vermelho

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