Empresa pretende demitir 555 pessoas até o fim
deste ano, por meio de um programa de incentivos ao desligamento
Apesar de anunciar um plano de demissão voluntária
– que prevê o corte de até 1,5 mil vagas em dois anos –, a Companhia Paranaense
de Energia (Copel) deve continuar com resultados pressionados nos próximos
meses, segundo analistas de mercado. A desaceleração da economia brasileira,
que deve crescer menos do que o esperado, e a redução do valor da tarifa,
previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desafiam os
resultados da companhia. O peso das indenizações referentes ao PDV também deve
ser sentido ao longo dos próximos trimestres.
A Copel informou, na semana passada, uma queda de
17% no seu lucro líquido no trimestre, para R$ 314,1 milhões. Segundo a
empresa, o resultado foi impactado pelo aumento de custos e despesas, que
subiram 15,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 1,58 bilhão.
Menos
lucro
17% foi a queda do lucro líquido da
empresa no primeiro trimestre.
Pressionada pela alta dos custos, a empresa
anunciou, durante conferência de resultados com analistas, que seu programa de
demissão voluntária (PDV) significará uma redução de 8% na folha de pagamento
da empresa em 2013, e que um total de 555 empregados devem deixar a empresa até
o final de 2012.
Do lado da receita, a empresa deve sentir os
efeitos do crescimento econômico menor, com reflexo sobre o consumo de energia.
Por outro lado, a revisão tarifária promovida pela Aneel de quatro em quatro
anos deve entrar em vigor de 24 de junho. Em audiência pública realizada em
abril, a Aneel propôs uma queda de 0,85% na tarifa da companhia.
“A redução do crescimento e a queda no valor da
tarifa são fatores de pressão negativa nos próximos meses, mas que devem ser
compensados ao longo do tempo”, afirma Felipe Rocha, analista da corretora Omar
Camargo.
No trimestre, a empresa registrou uma alta de 6%
nas vendas para o seu mercado cativo, para 5.912 GWh. As receitas subiram 11%,
para R$ 2,02 bilhões. Mas a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização (lajida) ficou em R$ 585,4 milhões,
ligeiramente inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior (R$ 587,2
milhões).
A meta inicial da Copel era de que até 1,3 mil
funcionários aderissem ao programa de demissões até 2014. O valor foi revisado
para cerca de 1,5 mil funcionários e a expectativa é de que entre 1,3 mil e 1,4
empregados façam a adesão até o fim de 2014. Procurada, a Copel informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que os diretores que poderiam falar sobre o
assunto não poderiam atender a reportagem porque estavam em reunião.
Os analistas de mercado viram, em geral, com bons
olhos o PDV da empresa e o esforço para reduzir custos. O PDV que está em curso
é o terceiro nos últimos dois anos. Para Luiz Augusto Pacheco, gestor de
recursos da boutique de investimentos Inva Capital, a empresa sofreu um inchaço
de pessoal, principalmente durante o governo Roberto Requião. “De maneira
geral, a empresa está indo bem. Há um processo de diversificação, com a atuação
também em outros estados”, diz ele.
As ações da Copel, no entanto, fecharam o pregão da
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem com queda de 1,41% para as PNB –
na contramão do Ibovespa, que fechou o dia com alta de 3,81%. No acumulado do
ano, os papéis da companhia acumulam valorização de 13,2%.
Gazeta do Povo - Publicado em 22/05/2012 | CRISTINA RIOS
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