terça-feira, 24 de julho de 2018

UGTpress: SEGURANÇA PRIVADA

COMO E QUANDO COMEÇOU: a segurança privada começou no período da ditadura (mais uma herança do período militar), entre as décadas de 1960 e 1970. Artigos consultados revelam que os militares direcionaram as forças públicas (Força Pública era o nome antes de ser transformada em Polícia Militar) para combater os "grupos subversivos". Essa época coincidiu com um aumento de assaltos a bancos e instituições financeiras. Claro, se você negligencia no objetivo principal das forças de proteção pública, há um natural aumento da criminalidade geral. Os militares debitaram esses roubos aos grupos políticos contrários. As estatísticas desmentem essa versão, embora muitos casos tenham sido, de fato, originados em grupos políticos rebeldes, alcunhados como "terroristas".

PRESSÃO DOS BANCOS: as instituições financeiras ficaram preocupadas com a escalada da violência e pressionavam no sentido de uma proteção mais efetiva às suas instalações. Daí, surgiu um decreto governamental em 1969, determinando: "os bancos devem fazer a sua própria segurança no interior das agências e proteger o transporte de seus valores". Junto com a expansão do novo setor de segurança privada, houve o crescimento da regulamentação a respeito do assunto. Depois, a lei permitiu estender a segurança privada para atender propriedades públicas e privadas. Em 1983, a Lei 7102 regulou as atividades de segurança privada no território nacional. É desta lei as normas para a constituição e o funcionamento de "vigilância, proteção e escolta". Houve uma explosão de empresas de segurança privada.

FALÊNCIA DAS FORÇAS PÚBLICAS: inicialmente desviada em suas funções e depois contando com a "ajuda" das empresas de segurança privada, a segurança pública foi ficando pior, embora gastando mais e aumentando os seus contingentes. Hoje, a situação é calamitosa: a segurança privada não garante eficiência na proteção de pessoas físicas ou do patrimônio no interior das empresas às quais prestam serviço e as Polícias Militares, cada qual em seu estado, têm padrões diferentes de agilidade e competência, em geral sendo muito criticadas. Essas dramáticas circunstâncias fizeram crescer um novo ramo de atividade dentro da segurança privada: o desenvolvimento e a ampliação das novas tecnologias de segurança.

EMPRESAS DE TECNOLOGIA: essas novas técnicas de segurança, baseadas em novas tecnologias, abrangem a instalação de câmaras de segurança, instalação de alarmes digitais sofisticados, sistemas informatizados e acionamento automático de centrais. Apesar desse crescimento exponencial na forma de fazer segurança, do aumento do número de empresas de segurança privada e do aumento nos contingentes das polícias militares, a segurança pública no Brasil é um desastre e a cada dia crescem os roubos, crimes e o narcotráfico. Rio de Janeiro, nossa ex-capital, é hoje uma cidade sitiada pelo crime, sofrendo intervenção militar que, pelo andar da carruagem, não tem resolvido: o assassinato de Marielle Franco, já acontecido há mais de três meses, ainda não tem solução. Cidadãos de bem não têm segurança para ir e vir dentro do país.

GRANDE NEGÓCIO: seja pelo aumento da criminalidade ou pela ineficiência do serviço público, a segurança privada transformou-se num grande negócio, existindo até mesmo empresas encarregadas da formação de agentes de segurança. Houve o aumento de funções, além da vigilância patrimonial e do transporte de valores, existem escoltas armadas, segurança em grandes eventos, segurança pessoal, etc. Até mesmo o Estado tem contratado empresas de segurança privadas para muitas de suas áreas. A complicação é tão grande que, às vezes, surgem perguntas, como por exemplo: "como se vigiam os vigilantes". É que, infelizmente, num país contaminado pela corrupção, ela também chegou às forças públicas e aos departamentos estaduais de policiamento, tanto quanto aos guardas particulares. Não é regra, mas isso realmente existe e, de vez em quando, surgem denúncias na imprensa a respeito.

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