quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Com suspensão do Renda Brasil, Bolsonaro contraria Guedes e barra desindexação

 A equipe econômica defendia o congelamento de salários e aposentadorias para sustentar o programa


O anúncio do “cartão vermelho” para o Renda Brasil feito pelo presidente Jair Bolsonaro trouxe também um outro ponto que contraria a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes. O ex-capitão sinalizou que vai vetar a desindexação de salários, aposentadoria e benefícios, tema defendido pela equipe econômica e bastante criticado por especialistas.


Segundo informações de Julio Wiziack, Fábio Pupo e Julia Chaib, da Folha de S. Paulo, a desindexação era um dos pilares do Pacto Federativo construído por Guedes com os estados e foi exposta pelo secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, quando falou em congelar temporariamente aposentadorias e pensões por dois anos.


“Congelar aposentadorias, cortar auxílio para idosos e pobres com deficiência, [é] um devaneio de alguém que está desconectado com a realidade. Como já disse, jamais tiraria dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos”, disse Bolsonaro no mesmo discurso que falou do Renda Brasil.


A desindexação era defendida pela equipe de Guedes como forma de conseguir lançar o Renda Brasil, mas recebia críticas de economistas especialista em desigualdade social.”Quem me acompanha sabe que sou grande defensora da expansão da proteção social via um programa de renda básica ou mínima. No entanto, jamais verão esse perfil defendendo financiamento via desindexação do salário mínimo à inflação, ainda que sejam apenas as aposentadorias”, escreveu Débora Freire. prof. Faculdade de Ciências Econômicas – UFMG, em seu Twitter.


“É vergonhoso que a gente não discuta financiamento via tributação de rendas no topo q hoje são subtributadas porque não se quer rediscutir uma regra falida. É vergonhoso que só discutemos transferência entre pobres e extremamente pobres. É vergonhoso e triste para nós como sociedade”, disse ainda a economista.


O “veto” de Bolsonaro também vai de encontro ao chamado “Plano 3D” de Guedes, defendido no ano passado e que retornou em agosto: desvinculação, desindexação e descentralização. O economista Leonardo Ribeiro comentou, no Twitter, sobre mais um fracasso do ministro. “Era uma vez três Ds. O da descentralização morreu na reforma tributária. O da desindexação caiu no combate (medida ruim, diga-se). E o D da desvinculação, que não gera espaço fiscal?”, tuitou.

Fonte: RevistaForum

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