terça-feira, 9 de abril de 2019

Trabalhadores calculam aposentadoria após 'reforma' e se assustam: 'Injusta'

Centrais fazem ato no centro de São Paulo, lançam abaixo-assinado e, com o "Aposentômetro", mostram à população diferença entre os tempos de contribuição e os valores de aposentadorias

As novas regras da reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro deram um susto nos trabalhadores que passavam pela Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo, nesta quinta-feira (4). Utilizando a plataforma "Aposentômetro", calculadora elaborada pelo Dieese, muitas pessoas viram seu tempo de contribuição aumentar bastante para alcançar a aposentadoria.

Ao saber do que ainda terá de fazer para chegar à aposentadoria, caso a proposta do governo seja aprovada, o aeroportuário Benedito, de 64 anos, sentiu indignação. "Eu já tenho 30 anos de contribuição e, com a nova regra, vou me aposentar só daqui cinco anos e só com 80% do meu piso. Isso não é interessante pra mim. Para me aposentar integralmente, seriam mais 9 anos. A reforma é injusta", afirmou.

A ação foi feita durante o lançamento do abaixo-assinado em defesa da Previdência e das aposentadorias, ameaçadas pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, feita pelas centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e a Povo Sem Medo.

O servidor público Henrique, de 34 anos, também não ficou satisfeito com a proposta de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Eu teria de trabalhar mais quatro anos para receber o que eu receberia com as atuais regras. Essas mudanças são negativas. Essa reforma é uma maneira de trazer dinheiro ao sistema financeiro", criticou.

Michelle Dias, do Dieese e responsável pelo atendimento do Aposentômetro, afirmou que a diferença do tempo de contribuição imposto para os trabalhadores, na comparação entre as regras atuais e as propostas por Bolsonaro, mostra a importância das mobilizações em defesa de uma reforma previdenciária que não tenha como objetivo retirar direitos da população . "As pessoas estão decepcionadas com o resultado da calculadora de aposentadoria. Elas ficam chocadas."

Clarice, que é professora da rede pública, também parou na tenda para calcular seu futuro. Para ela, a reforma da Previdência não é boa e prejudica ainda mais a população mais pobre. "(Com a nova regra) São cinco anos a mais de contribuição e diminui em 40% meu piso. Ou seja, não é integral, só piora."

Abaixo-assinado
Em poucas horas de coleta, centenas de trabalhadores e trabalhadoras pararam para assinar o abaixo-assinado e aproveitar a presença de sindicalistas e de técnicos para esclarecer suas dúvidas sobre a proposta de "reforma".

O texto enumera as principais críticas dos trabalhadores à "reforma". "Esta Proposta de Emenda à Constituição dificulta o acesso à aposentadoria, aumenta o tempo de contribuição e de trabalho, diminui o valor dos benefícios e ameaça a existência da seguridade social (aposentadoria, benefícios da assistência social como o BPC e as políticas de saúde). Mas não combate a sonegação das empresas devedoras da previdência, mantém privilégios e incentiva a previdência privada (os planos de capitalização)."

O coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, conta que o objetivo é coletar milhões de assinaturas para enviar o texto ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "É preciso que os movimentos sociais e sindicais façam essa campanha de esclarecimento, pois agora começa a cair a ficha do tamanho dos danos dessa reforma para os trabalhadores. É fundamental que a gente divulgue que a reforma é de grande prejuízo", afirmou Silvestre.

Em audiência realizada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, ontem (3), o ministro Paulo Guedes foi convidado para falar sobre a reforma da Previdência. O presidente da CTB, Adilson Araújo, criticou a participação do economista.

"Ele não falou nada relevante porque não tinha o que falar. O Guedes é um agente do mercado financeiro, da especulação e do rentismo. Ele pretende acabar com a Previdência, privatizar e entregar aos bancos", avaliou.
Fonte: Rede Brasil Atual

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