sexta-feira, 10 de abril de 2015

UGTpress: GUERRA DE IDÉIAS

GUERRA DE IDEIAS: UGTpress já defendeu que o aparecimento do Estado Islâmico foi conseqüência mais dos erros do Ocidente. É preciso registrar também que existem outros fatores importantes, a começar pela tradição de autoritarismo na região, ausência de democracia, corrupção, exclusão e desrespeito aos direitos humanos. Estranho é o presidente dos Estados Unidos vir a público e falar abertamente sobre esta série de deficiências naquela parte do mundo. Barack Obama falou exatamente isso em 19 de fevereiro, em Washington, numa cúpula de 70 países convocada pelos próprios Estados Unidos. A cúpula destinou-se a discutir estratégias globais de combate às ideologias extremistas propagadas por grupos radicais, a exemplo do Estado Islâmico. Obama defendeu que a “guerra de idéias” é importante no combate terrorismo.
NÃO AO CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES: O mesmo Obama defendeu que a frente de lutas contra o Estado Islâmico pertence principalmente aos próprios islâmicos: “Comunidades muçulmanas, incluindo intelectuais e clérigos, têm a responsabilidade de refutar não apenas interpretações deturpadas do Islã, mas também a mentira de que estamos engajados em um choque de civilizações, de que América e Ocidente estão em guerra com o Islã ou buscam reprimir os muçulmanos, ou de que somos a razão de todas as mazelas do Oriente Médio” (Estadão, 20/02). Havia uma platéia de árabes presentes, inclusive representantes da Arábia Saudita.
AÇÕES: segundo o professor Ian Bremmer, presidente do Eurásia Group, “até o momento, a estratégia do Estado Islâmico tem sido mais eficiente” (Estadão, 1/3). Os Estados Unidos se esforçam para criar uma coalizão permanente com o objetivo de acabar com o Estado Islâmico, contudo ele próprio está quase que proibido de mandar novos soldados para a região, em virtude da crescente rejeição interna das famílias americanas. Segundo o professor Bremmer, “há razões para isso e uma delas é a impopularidade da política externa sob a liderança do presidente Barack Obama” (Estadão, idem). Enquanto Obama vai bem internamente (a economia melhorou e o programa de saúde começa a dar resultados), nos temas externos não há percepção favorável. O ponto mais crítico dessa situação foi a presença, no início de março, de Binyamin Netanyahu no Congresso dos Estados Unidos falando basicamente para os Republicanos.
AMEDRONTAMENTO: enquanto o Ocidente discute e planeja, o Estado Islâmico vem expandindo a sua influência no Oriente Médio e amedrontando os aliados americanos. Anunciou recentemente que irá promover um atentado semelhante ao das Torres Gêmeas, do emblemático Onze de Setembro. Há certa lentidão nas ações do Ocidente e, parece, pouca eficácia. Apesar de a imprensa Ocidental ter feito um estardalhaço no caso do atentado em Paris contra o Charlie Hebdo, isso já pertence à memória do terrorismo e são atos cuja repetição em outros locais se deu sem o mesmo alarde e sem a mesma repercussão. Portanto, sim, é possível sua repetição e isso assusta.

ENFRAQUECIMENTO: sob outra ótica, a leitura que se faz no Oriente Médio é de um crescente enfraquecimento dos Estados Unidos e das potências aliadas. Ao lado disso, o problema russo, líbio e sírio, sem citar outros temas menores na periferia, tem desafiado a capacidade da Secretaria de Estado. Sua ex-chefe, Hilary Clinton tem também criticado a postura externa de Obama. Tudo isso concorre para um ocaso opaco do mandato presidencial de Obama, embora, em alguns momentos, como o exemplo da Cúpula de 19 de fevereiro, ele tenha se postado como um estadista moderno. Contudo, são momentos raros. 

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