terça-feira, 22 de setembro de 2015

UGTpress: EM HOMENAGEM A AYLAN KURD

IMIGRACAO: somos repetitivos. A imigração é característica da humanidade, desde os primórdios que acreditavam que o homem surgiu nas savanas africanas. Tivemos muitas ondas migratórias, motivadas por guerras, fome, mudanças climáticas radicais e desemprego (crises econômicas). O homem sempre se deslocou horizontalmente para sobreviver ou buscar ascensão social. Ninguém gosta de deixar seu rincão primário, seu espaço cultural original ou seus amigos e parentes. Só o faz por necessidade. A grande quantidade de brasileiros vivendo no exterior foi expulsa pelas crises econômicas do século passado. Curiosamente, o Brasil é tanto exportador como importador de mão de obra. País solidário, sempre demonstrou boa vontade com os imigrantes.
FENÔMENO DRAMÁTICO: o que está ocorrendo agora desafia todos os manuais de boa conduta civilizatória. Reportagens dramáticas como a do jornal "O Estado de São Paulo" (07-09-15), abordando o drama de refugiados sírios ou a foto do corpinho inerte do menino Aylan Kurdi na praia turca, fazem surgir lágrimas nos olhos de pessoas sensíveis. Mas, uma coisa é sentir emoção e outra é ajudar as pessoas em dificuldade. O que estamos vivenciando no Oriente Médio e África é a repetição do que vimos em plena Segunda Grande Guerra mundial, quando as pessoas fugiam em busca de lugares mais seguros e melhores para viver. Os refugiados, agora em maior quantidade porque é verão (no inverno as águas são geladas e as áreas montanhosas dos Balcãs estão nevadas), procuram sair de suas regiões em barcos precários, explorados por transportadores sem alma, que cobram taxas que ultrapassam o valor das passagens aéreas para os países onde pretendem se fixar. Em geral, esses refugiados estão indo para a Alemanha e Suécia. Saem da Síria, Iraque, Afeganistão, Nigéria, Sudão e Senegal. A maioria desses imigrantes (imigrantes aqui é um eufemismo, tratam-se de perseguidos e fugitivos) tenta atravessar o mediterrâneo em direção à Grécia ou à Itália. A partir desses países, aventuram-se pela rota terrestre dos Balcãs, caminho que força a travessia de inúmeras fronteiras (Macedônia, Sérvia, Hungria, Áustria e outros).
HIPOCRISIA ESTATAL: os países da Europa Ocidental já se esqueceram dos anos dramáticos da Guerra Civil Espanhola, da Segunda Grande Guerra, dos expurgos de Stalin, dos períodos de fome e frio, quando, em massa, mandaram grandes quantidades de pessoas para as Américas, Austrália, Nova Zelândia e outras regiões do globo. Hoje, rica e desenvolvida, hipocritamente, se recusa a receber os refugiados. Há casos incompreensíveis, como o da fotógrafa húngara que agrediu pai e filho migrantes. Os governos húngaro, polonês e eslovaco têm "orientado" os órgãos de comunicação "a não mostrar imagens de crianças refugiadas ou contar histórias pessoais das famílias". Claro, foto como a de Aylan Kurdi ou histórias dramáticas de famílias inteiras retidas em fronteiras comovem as populações. Uma coisa é o governo e outra coisa é o povo: esta diferença é cada vez mais perceptível em todas as latitudes. É pura xenofobia europeia, deem a desculpa que quiserem dar.
PAÌSES SOLIDÀRIOS: o Brasil, já há alguns anos, tem recebido haitianos, nigerianos e sírios. Hà propensão do governo brasileiro em aumentar a vinda dos sírios, especialmente porque aqui há colônia numerosa e isso facilita a inserção e integração social. Também há no Líbano mais de um milhão de sírios e igual número na Turquia, o que é inviável economicamente para esses países. Situação transitória. A Alemanha sugere a absorção dos refugiados proporcionalmente entre os países da União Europeia (evidente que isso interessa à Alemanha, país preferido pelos refugiados).Na América Latina, a maioria dos países se dispõe a receber refugiados. Todavia, estamos falando da transferência de milhões de pessoas. Não é simples e demanda grande esforço das organizações multilaterais.
DIVERSIDADE: há diferenças em termos de status: enquanto os refugiados desfrutam de direitos básicos e outras proteções legais, o migrante não tem esses direitos e pode, nos termos das diferentes legislações nacionais, ser rejeitado. Os governos europeus tendem a tratar os refugiados como migrantes e assim eximirem-se de maiores responsabilidades. As leis internacionais contemplam o asilo, mas as leis nacionais o tratam diferentemente. Mesmo na União Europeia não há uniformidade, cada país aborda a seu modo ou interesse. Há arbitrariedades e estas colocam os refugiados e migrantes em risco.

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