segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Retomada do mercado de trabalho poderá levar um ano após o fim da pandemia, dizem analistas

 De acordo com dados do Caged, as demissões registradas junto ao mercado formal ao longo da pandemia superaram as contratações em 1,6 milhão. Economistas avaliam que o desemprego deverá continuar elevado em 2021


A crise decorrente da pandemia do novo coronavírus resultou na eliminação de 165 mil postos de trabalho do comércio varejista entre março e julho deste ano, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e o saldo de 18,5 mil vagas criadas desde julho está distante de cobrir o déficit do setor. A situação se estende a outros setores da economia e a recuperação deverá ser difícil.


Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o setor de bares e restaurantes registrou a criação de apenas 900 vagas de garçons desde julho, embora tenha perdido 46 mil trabalhadores desde o início da pandemia. No setor de engenharia foram fechadas 3,3 mil vagas, o triplo das 900 que foram criadas ao longo do terceiro trimestre.


Até na engenharia —carreira associada à escassez de talentos no país— tem faltado demanda. As 3.300 vagas de engenheiros e arquitetos eliminadas no auge da crise ainda são mais do que o triplo das 900 criadas no terceiro trimestre.


Ainda conforme os dados do Caged, as demissões registradas junto ao mercado formal superaram as contratações em 1,6 milhão. O número de postos de trabalho encerrados é mais que o dobro dos 697 mil criados entre julho e setembro deste ano.


Para Cosmo Donato, economista da LCA, a situação deverá se agravar com o fim da estabilidade de emprego dos funcionários de empresas que aderiram aos programas de redução salarial ou de suspensão de contrato de trabalho. “O viés para 2021 é de baixa. O risco de terminarmos o ano que vem com saldo na geração de empregos que não supere o patamar pré-crise é concreto”, avaliou.


Sem uma retomada econômica forte, é difícil imaginar que as empresas conseguirão evitar as demissões quando seu compromisso de manter a estabilidade dos funcionários acabar”, disse o economista Bruno Ottoni, da consultoria iDados, ouvido pela reportagem.

Fonte: Brasil247

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