quinta-feira, 5 de junho de 2014

UGTpress: ANIVERSÁRIO DO PLANO REAL

PLANO REAL: criado no governo de Itamar Franco, lançado em fevereiro e colocado em marcha em julho de 1994, o Plano Real foi a melhor e a mais abrangente medida econômica posta em prática no Brasil. O objetivo declarado era controlar a hiperinflação que aniquilava o Brasil. No mês de junho, a inflação registrada foi de 46,58%. Joelmir Betting, à época um popular jornalista especializado em economia, escreveu: "Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos em três décadas" (Wikipédia). Assustador, caso único no mundo, só comparável à hiperinflação alemã de 1920, posterior ao fim da Primeira Grande Guerra Mundial. Até então, o país havia passado por vários planos, cortado inúmeros zeros, modificado diversas vezes o nome da moeda e estabelecido muitas fórmulas de indexação da economia. Acumulava desastre sobre desastre e, por isso, muitos não acreditaram, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT).

OS HOMENS DE ITAMAR: Nesse processo, Itamar Franco talvez tenha sido o maior injustiçado porque os louros do sucesso recaíram sobre o seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. FHC foi nomeado ministro em maio de 1993 (antes, tinha sido ministro do Exterior). Ele também promoveu a sétima mudança da moeda, de Cruzeiro para Cruzeiro Real, alegando ter que fazer ajustes de valores. Enquanto isso, com o apoio do presidente Itamar Franco, reuniu uma grande equipe ao seu redor. Contou com nomes como Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Barcha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. Duas providências foram consideradas essenciais: criação da URV (Unidade Real de Valor) e FSE (Fundo Social de Emergência). O Real (R$) foi lançado em 1º de julho de 1994.

PRIMEIRO GOVERNO FHC: historicamente, o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso tem sido considerado como essencial para o sucesso do Plano Real. Nesse período, houve uma sequência de reformas destinadas a modernizar a gestão pública, dar sustentabilidade e produzir estabilidade econômica. Estavam entre essas medidas, a desindexação da economia, privatização de estatais, equilíbrio fiscal, abertura econômica e políticas monetárias restritivas. Algumas consequências imediatas do Plano Real foram o controle da inflação, a própria eleição de FHC como presidente e o inegável aumento do poder aquisitivo da população brasileira. Dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostram que, entre 1993 e 1995, houve uma redução de 18,47% da população miserável, algo que se consolidou nos governos seguintes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

CRISES ECONÔMICAS: no primeiro período de FHC o Brasil não esteve imune às crises internacionais. Passou pelas crises do México (1995), Asiática (1997/1998) e Rússia (1998). Em todas elas o Brasil foi afetado. Nesse período, fruto de déficit nas contas internas e externas, aprofundou-se a dívida brasileira. Os recursos eram atraídos com enormes taxas de juros, que chegaram a 45% ao ano em 1999. Depois disso, o Brasil ainda passaria pela crise da Argentina (2001), a Crise de 11 de Setembro (2001) e a Crise do Apagão (2001). É interessante notar que o governo FHC debitou a Crise do Apagão diretamente ao Plano Real, dizendo que ele tinha aumentado o poder de compra da sociedade, o que gerou maior consumo de energia. Não pegou e FHC não fez o sucessor. Lula ganhou as eleições de 2002.

FUTURO DO PLANO REAL: durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva as bases do Plano Real foram preservadas. Embora com dificuldades em seu primeiro período, sob Lula, a média de crescimento do país foi muito expressiva. Tanto que ele foi capaz de eleger o sucessor, a presidente Dilma Rousseff. Há críticas pontuais ao andamento da política econômica no atual governo, que mantém o mesmo ministro da Fazenda (Guido Mantega). Afonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, criticando o atual governo, disse: "O regime de política econômica fundamentado nas metas de inflação e de superávit primário, ao lado da flutuação cambial, vem sendo gradativamente desmontado, e isso tem consequências muito negativas. A comemoração do vigésimo aniversário do Plano Real é uma boa ocasião para relembrarmos que o sucesso no controle da inflação e no estabelecimento de regras que proporcionam previsibilidade nas decisões de investir, levando ao crescimento do País, vem apenas da aplicação de princípios sólidos da teoria econômica, e não do voluntarismo e do experimentalismo, que tem sido a característica do atual governo." (Estadão, 16-03).

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